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Cliente passa diante da gôndola das batatas em supermercado de Curitiba: tubérculo liderou as altas entre os principais alimentos no mês passado. Os alimentos e bebidas  “puxaram” a alta do IPCA | Arquivo/ Gazeta do Povo
Cliente passa diante da gôndola das batatas em supermercado de Curitiba: tubérculo liderou as altas entre os principais alimentos no mês passado. Os alimentos e bebidas “puxaram” a alta do IPCA| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

Cesta básica cai após cinco meses de alta

Antonio Senkovski

O preço da cesta básica em Curitiba diminuiu 0,05% em setembro, comparado com o mês de agosto, interrompendo uma sequência de cinco meses seguidos de alta. A capital paranaense é uma das oito cidades do País que tiveram diminuição no preço dos alimentos, conforme dados divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese).

Com o resultado, o valor necessário para suprir as necessidades básicas com alimentação em um mês permaneceu na faixa de R$ 280, assim como no mês passado. Isso significa que o trabalhador, com renda de um salário mínimo mensal, gasta 49% da remuneração com a cesta básica.

O tomate foi o único produto que apresentou queda no preço, com diminuição de 11,64%. O produto baixou a média da inflação e possibilitou que o índice caísse. O café (0,25%), o leite (0,53%) e a carne (0,68%) tiveram os menores aumentos de preço. Entre os 13 alimentos pesquisados pelo Dieese, a batata liderou a alta, ficando 29,37% mais cara. O arroz também teve elevação acentuada, com acréscimo de 9,73%. A farinha ficou 2,28% mais cara.

Oficial

O IPCA é considerado o índice "oficial" de inflação no Brasil porque serve como referência para o sistema de metas.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Curitiba teve, em setembro, a menor alta entre as on­ze regiões pesquisadas pe­lo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao contrário do índice nacional, que teve o segundo maior aumento no ano e a maior taxa para o mês de setembro desde 2003. A nível local, o que influenciou a desaceleração da inflação foi o item transportes. Em todo o país, a alimentação puxou o índice para cima, reflexo de preços das commodities e da quebra de safra americana.

O IPCA de Curitiba foi de 0,29% em abril, contra 0,58% em agosto. Os itens que seguraram a alta em setembro são os relacionados aos transportes. O preço do carro novo caiu 1,18% em setembro e a gasolina teve uma queda de 0,67% – o item habitação teve, na capital paranaense, a menor variação do país.

A inflação oficial brasileira foi influenciada pelo grupo "alimentação e bebidas", que registrou uma alta de 1,26% em setembro, com um impacto de 0,30 ponto porcentual na taxa de 0,57% do IPCA do mês, o equivalente a mais da metade (53%) da inflação de setembro, segundo o IBGE. O aumento foi ainda maior do que o registrado em agosto, quando a variação foi de 0,88%.

Como resultado, no acumulado de 12 meses, houve aceleração na taxa na passagem de agosto para setembro, de 5,24% para 5,28%, afastando-se ainda mais do centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5% no ano. A inflação de 5,28% em 12 meses é a maior desde fevereiro, quando tinha registrado variação de 5,85%. Em Curitiba, por outro lado, o acumulado em 12 meses é de 4,62% – o segundo menor entre as onze regiões – e de 3,31% no ano.

A maior alta para o mês de setembro nos últimos nove anos não surpreendeu os pesquisadores do IBGE, que já esperavam um impacto alto da alimentação sobre o IPCA. "Já esperávamos o aumento, devido à seca nos Estados Unidos e em algumas regiões do país. Itens como arroz e carne subiram muito no mês", ressalta a pesquisadora do IBGE Irene Machado.

Apesar da disparada nos preços dos alimentos, o IPCA na região de Curitiba não foi tão alto porque, segundo o eco­nomista e conselheiro do Corecon-PR Carlos Magno Bit­tencourt, os produtores da região conseguem atender bem à capital. "Alimentação é um item muito sazonal, mas como Curitiba teve um setembro equilibrado, não houve tanta variação. Esse índice regional surpreende, porque, em geral, Curitiba está na ponta das mais altas inflações", pontua.

Enquanto os alimentos puxaram para cima a inflação de Curitiba, os transportes ajudaram a conter o índice. Para o diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi o responsável pela queda do carro novo. "Além disso, o setor de habitação subiu menos que em outras regiões, reflexo do excesso de oferta de imóveis. Os aluguéis estão se adequando ao nível de demanda", salienta Lourenço.

Longe do teto, mas não perto do centro

A meta do governo federal é segurar a inflação oficial em 4,5%, mas em 2011 o objetivo não foi alcançado e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 6,5%, estipulado como teto pelo governo. Para Gilmar Mendes Lourenço, diretor-presidente do Ipardes, a tendência é que o IPCA se mantenha no atual patamar. "A inflação vai ficar longe dos 6,5% e ficar entre 5% e 5,2% no final do ano. A fase mais aguda dos preços internacionais dos alimentos já passou e a economia já incorporou as perdas de safra dos Estados Unidos, bem como a baixa demanda europeia, por causa da crise no continente", analisa.

Para o economista e con­_selheiro do Corecon-PR Car_los Magno Bittencourt, a alta de 0,57% na inflação no mês de setembro acende uma luz amarela para a política monetária. "A taxa básica de juros estava caindo e estimulando o consumo. Com esses dados, o Banco Central não deve fazer mais cortes", avalia Bittencourt.

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