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Desesperada para reduzir sua dívida de 1,9 trilhão de euros (R$ 4,5 trilhões), a Itália declarou guerra aos sonegadores e às famílias que "aliviam" suas declarações de renda. As medidas incluem desde um pente-fino nas finanças de até 5 milhões de famílias à proibição (já em vigor, mas difícil de fiscalizar) de limitar pagamentos em dinheiro de mais de 1 mil euros (R$ 2,4 mil).

O comércio italiano está entre os mais pulverizados na zona do euro, e a alta concentração de negócios familiares facilita a sonegação. Além disso, aluguéis e a compra de bens de valor médio são geralmente pagos em dinheiro, o que dificulta o controle das autoridades. Em média, os italianos que têm cartões de crédito fazem só 26 transações por ano, cinco vezes menos que os consumidores no Reino Unido, segundo o BC da Itália.

Na crise de endividamento europeia, esse hábito converteu-se em virtude. Segundo o Eurostat, os italianos são os consumidores menos endividados na zona do euro. Fabrizio, por exemplo, administra com a irmã um restaurante perto da Piazza di Spagna, em Roma (ele pede para omitir o nome do lugar e o seu sobrenome). A opção é clara: para pagamento em dinheiro, desconto de 15% na conta, com indicação do caixa eletrônico mais próximo logo na entrada do restaurante. O empresário diz preferir fazer a maior parte de seus gastos do dia a dia em dinheiro – da compra de mercadorias ao pagamento de taxas.

Nas últimas semanas, o BC da Itália e o Fisco cruzaram várias informações. O resultado levou o ministro das Finanças, Giulio Tremonti, a declarar que são "falsas" as declarações de rendimento de 15 milhões de italianos e de quase 5 milhões de famílias que declaram não ter movimentado um único euro no último ano em suas contas bancárias – algo suspeito quando 90% delas têm ao menos uma conta bancária.

Algumas projeções elevam a cerca de 100 bilhões de euros o volume de impostos que a Itália deixa de recolher por causa da sonegação, presente em todos os níveis da sociedade. Italianos mais abastados teriam até 150 bilhões de euros depositados em bancos na vizinha Suíça, onde proliferam escritórios especializados em atender "investidores" que preferem dinheiro vivo.

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