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Jogadores profissionais de videogame seguem rotina pesada de treino para competir em alto nível. | Divulgação/Riot Games
Jogadores profissionais de videogame seguem rotina pesada de treino para competir em alto nível.| Foto: Divulgação/Riot Games

Quando Leonardo Camícia desistiu de entrar em uma faculdade para se dedicar aos videogames, sua mãe não gostou nada daquilo. Para ela, a ideia de transformar uma “brincadeira de criança” em profissão era loucura. Porém, o filho logo mostrou que jogar pode ser um tipo de trabalho — e bastante lucrativo.

Ele faz parte de uma nova geração de jogadores que profissionalizou o que antes era apenas um hobby. Os chamados pro-players ganham a vida jogando, participam de competições, arrastam uma legião de fãs onde quer que estejam e movimentam milhões de reais em patrocínio, premiações e produtos licenciados. São como atletas comuns, mas focados no e-sport, o esporte digital.

Não por acaso, essa é uma carreira cobiçada por muita gente e que, segundo o próprio Camícia, vale bastante a pena. “Para uma pessoa de 20 anos que nunca trabalhou, o salário é muito, muito bom”, conta o membro do clube Big Gods, especializado em League of Legends. E muita gente ainda tem dificuldade de entender como isso tudo funciona.

A vida de um pro-player é bem parecida com a de qualquer outro atleta, explica Lucas Simões, vice-presidente da equipe INTZ. Segundo ele, as semelhanças com o futebol são enormes, seja na rotina, na capacidade de criar seus astros e até mesmo no modo como tudo é financiado. Os jogadores são contratados por um time, que possui seus patrocinadores e, a partir disso, paga seus salários e faz os demais investimentos no grupo.

Os rendimentos mensais podem variar entre R$ 3 mil e R$ 20 mil, dependendo do tipo de contrato, do desempenho do time e do próprio marketing pessoal. “Como acontece com qualquer atleta, ele pode aproveitar a exposição de sua imagem para vender produtos, monetizar seus vídeos no YouTube e até atrair um patrocinador próprio”, explica Simões.

Para começar

Gostar de um jogo é apenas o primeiro passo para se profissionalizar. “Quem quiser se tornar um pro-player precisa se dedicar e treinar muito. Assim como qualquer esporte, virar um jogador profissional não é algo fácil”, aponta Fabio Massuda, gerente sênior de e-sports da Riot Games, responsável por League of Legends, o carro-chefe desses games competitivos no Brasil.

E isso pode não ser o suficiente. Mesmo que o jogador esteja entre os primeiros no ranking nacional, ele ainda precisa entrar em uma equipe para transformar isso em profissão. Como relembra Simões, a quantidade de times brasileiros ainda é pequena e com vagas bem reduzidas. “São poucos os que conseguem, então é preciso se destacar dentro do jogo e criar uma maneira de ser visto pelos clubes”.

Carreira curta

A carreira de um pro-player costuma terminar cedo. “Um jogador fica no auge até os 25 ou 26 anos, quando começa a perder reflexo e também a cansar do game. Por isso, é importante economizar o que você ganha para pensar no que fazer em seguida”, explica Leonardo Camícia, que diz já estar poupando para essa “aposentadoria”. Ainda assim, ele não desanima quem sonha em viver de videogame. “É preciso fazer aquilo quer você gosta de verdade”, conclui.

Atrair patrocinadores ainda é o grande desafio do e-sport

Assim como no futebol, parte do salário de um pro-player vem de seus patrocínios e atrair novas parcerias ainda é um dos grandes desafios das equipes. Para Lucas Simões, vice-presidente da equipe INTZ, falta fazer com que as empresas conheçam o e-sport e o seu potencial para começarem a investir mais em coisas assim. Segundo ele, todas as marcas que se arriscaram nesse meio viram os resultados chegarem em pouco tempo.

“Vale a pena apoiar equipes de e-sport por conta da visibilidade obtida entre os fãs”, conta Paulo Vizaco, diretor executivo daHyperX no Brasil, patrocinadora dos times CNB e Kabum. Segundo ele, esse retorno fez com que o investimento no e-sport aumentasse ano a ano.

Parte disso está na eficiência na hora de chegar ao consumidor. “O fã de e-sport é o que chamamos de ‘público AdBlock’. Ele está acostumado a bloquear propagandas e não vê qualquer tipo de publicidade”, explica Simões. “Assim, patrocinar um time ou um jogador é levar a marca àquilo que a pessoa consome. Ele vai ficar horas vendo um streaming ou acompanhando uma partida com a logo da empresa. É muito mais eficiente.”

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