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| Foto: Pixabay

Três fatores podem ajudar a dar um empurrão nas vendas de final de ano: os juros em baixa, a inflação controlada e o aumento nas concessões de crédito. O otimismo está voltando ao varejo e as expectativas para os próximos meses são favoráveis. “Estamos saindo de um cenário de recessão”, diz o analista Rafael Panonko, da Toro Investimentos.

Nesta terça e quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir a nova taxa básica de juro, que atualmente é de 6% ao ano. As apostas de mercado indicam que ela irá, até o final do ano para 5%. Mas já há instituições financeiras, como o Bradesco, projetando a Selic a 4,75% ao ano. A tendência é de que o movimento seja replicado pelos bancos e pelo comércio.

A inflação controlada também deve favorecer a decisão dos consumidores irem às compras, aponta Panonko. O Relatório Focus, um levantamento feito pelo Banco Central junto às instituições financeiras, sinaliza para uma alta de preços de 4% ao ano entre 2019 e 2022.

“Neste cenário, o desemprego vai continuar caindo. Com isto, o consumidor fica mais confiante e tende ir mais às compras”, afirma ela. O medo do desemprego é menor do que no ano passado, aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI). E a confiança do consumidor é maior, apesar da queda registrada neste ano.

Outro fator que está impulsionando o comércio é o aumento no crédito, aponta o IBGE. A concessão de crédito para pessoas físicas aumentou 14,3% no ano, comparativamente a 2018, segundo o Banco Central (BC). Ao todo, foram liberados R$ 1,3 trilhão no período.

Empurrão para o comércio

“O varejo vai ser beneficiado com o melhor ambiente econômico”, afirma Mariana Vergueiro, analista de varejo da XP Investimentos. Tanto é que a Confederação Nacional do Comércio (Confederação Nacional do Comércio) melhorou as expectativas para o crescimento das vendas em 2019 de 4,2% para 4,6%.

Segundo Fabio Bentes, economista da entidade empresarial, a tendência é de que as vendas ganhem fôlego a partir de ações promocionais, como a Black Friday, em novembro. “Some-se à esse cenário a perspectiva de quedas na taxa básica de juro, lastreada pela inflação baixa, além do impacto positivo das vendas esperado com base na liberação de recursos das contas do PIS/Pasep e do FGTS.”

Quem também vai contribuir para o crescimento das vendas é a sazonalidade. Três importantes datas para o comércio estão no quarto trimestre: Dia das Crianças, Black Friday e Natal.

Quase todo mundo ganha

A grande maioria dos segmentos que compõem o comércio deve ser beneficiado com o cenário favorável. Um dos destaques deve ser o comércio eletrônico, que vive dias de agitação depois de a Amazon entrar com a estratégia de não cobrar pelo frete para os clientes Prime. “Mas é cedo para uma concorrência acirrada por causa disto”, diz Mariana Vergueiro, da XP.

Uma das empresas que deve se beneficiar neste cenário, segundo Panonko, da Toro, é o Magazine Luiza, que está bem posicionada, por causa dos fortes investimentos que faz no segmento. E quem corre por fora é a Via Varejo, que está dando prioridade ao e-commerce.

Uma exceção a essa tendência mais otimista é o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria. Segundo o IBGE, o volume de vendas caiu 25,2% no comparativo dos 12 meses encerrados em julho com o período anterior.

A última vez que o segmento registrou crescimento nesse comparativo foi em fevereiro de 2014. As vendas estão em metade dos níveis registrados nesse ano. “É uma situação que se repete em todo o mundo, impactada pela tecnologia”, diz a economista.

Primeiros sinais no comércio

Os sinais de que o varejo está mudando de rumo, segundo economistas e analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, foram dados no início do mês, com a divulgação dos dados do PIB, que mostraram um crescimento de 1,3% no comparativo entre os primeiros semestres de 2018 e 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O sentimento foi reforçado na semana passada com o anúncio do desempenho do comércio. Nos 12 meses encerrados em julho, as vendas cresceram 1,6% em comparação ao período anterior. O resultado anualizado  é o melhor desde fevereiro.

Segundo Patrícia Krause, economista da Coface para a América Latina, os dados vieram bem melhores que os da indústria, divulgados na semana retrasada. “Eles mostram um crescimento mais consistente e sinalizam uma tendência positiva.”

Renda ainda precisa melhorar

Mas, na avaliação de Cláudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos & Mercado (Ibevar), ainda persiste um fator que inibe uma expansão mais acelerada do comércio: é a falta de avanço na renda real. Segundo o IBGE, no trimestre compreendido entre maio e julho, ela foi de R$ 2.286, quatro reais a menos do que no mesmo período do de 2018.

“Isto faz com que o comércio tenha de ser mais criativo para atrair o cliente, aumentando a competitividade. Com isso as margens vão ficar mais apertadas”, sintetiza.

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