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Gisele Mirabai, autora de “Machamba”: publicação virtual deu a chance para que o livro se tornasse físico. | Divulgação
Gisele Mirabai, autora de “Machamba”: publicação virtual deu a chance para que o livro se tornasse físico.| Foto: Divulgação

Gisele Mirabai conseguiu o que muitos aspirantes a escritor sonham: ganhou uma concorrida bolsa Funarte de Criação Literária para escrever um romance e assim dedicou-se integralmente durante seis meses à obra “Machamba”.

Por dois anos trabalhou na edição para melhorá-la, usando conhecimentos como os adquiridos em uma oficina do autor Marcelino Freire. Ao ver o resultado, ele próprio indicou um contato em uma grande editora para publicação do livro. Mesmo assim, Gisele ouviu um não, e depois outro.

Foi só com o Kindle Direct Publishing (KDP), ferramenta de autopublicação da Amazon, que ela conseguiu lançar o livro. Primeiro em versão digital e depois — ironia — na versão impressa em uma grande editora.

A autopublicação digital abriu as portas para Gisele e centenas de autores, que em poucos cliques conseguem o que antes poderia levar até anos para se concretizar. O escritor e roteirista Dagomir Marquezi, também de São Paulo, é um deles. Ele publicou alguns livros na década de 80, mas depois se afastou do mercado livreiro.

Tentou voltar ao circuito das editoras de papel em 2013. “Comecei a receber respostas como: ‘Olá, seu original entrou na nossa linha de seleção e deverá ser avaliado nos próximos 12 meses. Caso seja aprovado, existe uma janela de publicação para daqui três anos e meio. Mas não podemos garantir nada’”, relata. Foi então que descobriu a ferramenta da Amazon. 

O KDP chegou ao Brasil em dezembro de 2012, caindo no gosto de muitos autores, mas foi em 2016, com o 1º Prêmio Kindle de Literatura, que a ferramenta começou a se destacar no meio literário. Em parceria com a editora Nova Fronteira, a Amazon dá uma premiação de R$ 30 mil e a publicação da versão impressa – Gisele foi a vencedora no ano passado. No momento, estão abertas as inscrições para a segunda edição do prêmio – o prazo vence em 31 de outubro. No momento, há 780 obras participantes, já disponíveis para aquisição. 

A premiação atraiu escritores de ficção para a plataforma. Gisele conta que anos atrás se decepcionava ao ver o site da Amazon, pois não via livros de literatura em destaque.

“Tinha muita coisa de autoajuda, leitura de fácil assimilação. Quando vi a parceria com a Nova Fronteira, então pensei, quem sabe a Amazon está buscando trazer esse tipo de livro para seu catálogo”, diz. Quando entrou na plataforma, a escritora conta que achou colegas com a mesma proposta. “E encontrei leitores que buscavam livros mais elaborados”. 

As vantagens da ferramenta da Amazon

Há outras ferramentas de autopublicação no mercado, como o Clube dos Autores, ou Publique-se, da Saraiva. Mas a gigante Amazon consegue oferecer vantagens cruciais, como a comercialização no mesmo site, com o alcance comercial que só ela tem. No geral, os autores conseguem lançar as obras sem dificuldades. Gisele conta que, em um dia, conseguiu “subir” o “Machamba”.

Como capa, ela usou uma foto de sua autoria. Ficou muito feliz quando a Nova Fronteira decidiu replicá-la na versão impressa. “A autopublicação é um mundo de possibilidades. É fundamental hoje, até porque as editoras não conseguem absorver tudo o que há de bom sendo publicado”, observa.

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Marquezi conta que precisou aprender alguns princípios básicos de edição para o Kindle, mas que não teve dificuldade. Ele é um entusiasmado da ferramenta. “Peço a capa para amigos designers, mas se eles não puderem me ajudar, eu mesmo improviso uma. Ou seja: nada nem ninguém me separa do meu leitor. Eu escrevo, ele lê. Não somos separados por editores, distribuidores, livreiros, transportadores”, conta.

A possibilidade de editar a obra a qualquer momento também o agrada. O roteirista tem seis livros na Amazon, está para lançar mais um por esses dias e já planeja outro para os próximos meses. “Não vou parar mais”. Ele tem obras em inglês, que vende em outros países pela Amazon.

Além da facilidade em lançar o livro, os autores se mostram muito satisfeitos com o retorno financeiro obtido. O próprio autor, ao subir a obra, define quanto ela vai custar, e terá direito a receber 70% do preço da capa na Amazon. “Enquanto editoras de papel oferecem ao autor relatórios anuais de venda, eu sei que um livro digital meu vendeu no momento em que isso acontece, em qualquer parte do mundo. Recebo meus pagamentos ao fim de cada mês, direto na minha conta bancária. Mais simples e honesto que isso, impossível”, afirma Marquezi.

Capas das obras digitais vendidas pela Amazon: chance para o autor encontrar público.

A gerente de autopublicação da Amazon, Talita Taliberti, elenca ainda outras vantagens da plataforma, como a realização de promoções. No II Encontro de Escrita Criativa, realizado em São Paulo em 14 de outubro, ela disse que ao cadastrar a obra no KDP Select, que exige exclusividade para venda no formato digital — sem impedimentos para a venda da obra física —, o autor pode realizar promoções e até vender de graça por um período determinado.

“Não vai haver royalties dessa venda, mas a chave do sucesso é que o livro tem mais chances de ser baixado, e isso vai fazer com que ele vá para a prateleira de destaque da Amazon, aumentando as chances de ser comprado”, explica. Além disso, o autor pode receber uma comissão sobre outros produtos adquiridos na mesma compra de um livro seu. 

O jornalista e escritor curitibano Luiz Claudio Oliveira, por sua vez, é um novato no KDP. Ele também não teve dificuldades em publicar o livro, mas lamentou não ter dinheiro para contratar um designer profissional.

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“Fiz muitas tentativas com ilustrações e desenhos próprios, boas ideias que na prática se mostravam desastrosas. Aí desisti e adotei uma capa padrão sugerida pela própria ferramenta”, conta. Ele também não achou amigável a diagramação disponível para publicação de poemas. “Como não existe páginas fixas e o próprio usuário pode escolher o tipo é tamanho da fonte, a diagramação praticamente não existe e os poemas são divididos, escapando de uma página para outra sem que autor tenha qualquer controle sobre isso”.

Para a escritora Thays Pretti, de Maringá, a autopublicação digital é uma ótima ferramenta para quem é novato no mercado. Ela pondera que, ao mesmo tempo em que democratiza a publicação de livros, dá espaço para obras que não passaram pelo rigor de uma revisão. “Como sugestão, acho que seria legal se a Amazon tivesse alguma maneira de colocar um algoritmo que incentiva a revisão. Não precisa bloquear ninguém ou dificultar a publicação, mas criar alguma maneira de dar mais destaque para os livros bem revisados”, observa. 

No evento em São Paulo, a gerente de autopublicação da Amazon foi questionada a respeito da qualidade literária das obras publicadas pelo KDP. “Quem julga se uma obra tem qualidades são seus leitores. Um livro só terá boas vendas se tiver um bom público”, observou Talita.

Ela ressaltou que erros podem ser corrigidos imediatamente, que a própria Amazon dá um feedback aos autores caso receba muitas notificações sobre problemas encontrados nas obras. Por fim, lembrou que a série Cinquenta Tons de Cinza foi inicialmente vendida como e-book, e só depois do sucesso inicial foi adquirida pela gigante Random House. 

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Publicado por Vida Financeira e Emprego em Quarta-feira, 1 de novembro de 2017
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