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A Escola Revolution, de Curitiba, adotou Freela. O animal deixou os funcionários mais motivados e produtivos. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
A Escola Revolution, de Curitiba, adotou Freela. O animal deixou os funcionários mais motivados e produtivos.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O vira-lata Freela seria temporário na Escola Revolution de Artes Digitais, em Curitiba. Mas o peludinho cumpriu tão bem o papel de transformar a energia do lugar que foi efetivado. Tudo começou há dois meses, quando ele quase sofreu um atropelamento. Depois de receber atenção de uma das funcionárias da empresa, Freela a seguiu na rua até o trabalho, deitou no portão e não saiu mais.

A cena comoveu a equipe toda, que se apaixonou pelo cãozinho e o adotou. O mascote deu um novo ritmo à escola, mostrando, na prática, o que muitos psicólogos já estudam há um bom tempo: os benefícios que a presença de um pet pode trazer a um ambiente de trabalho. “Nosso cachorro deixa a gente muito mais feliz e, consequentemente, com muito mais motivação”, conta Thais Peixe, uma das fundadoras da Revolution.

Na escola, todo mundo agora espera o intervalo de lanche para brincar com o Freela, que chegou para ficar. Além disso, uma vez por dia, um funcionário fica responsável por passear com o cachorrinho no fim da tarde.

Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Abrir as portas da empresa para os animais tem sido uma iniciativa cada vez mais comum no mundo. Tanto que, além de adotar bichinhos, muitas organizações se propõem a realizar o chamado pet day: um dia especial para que funcionários possam levar seus animais de estimação ao local onde trabalham.

Para a ciência, estas organizações seguem no caminho certo. Um estudo recente da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, mostrou que levar seus próprios pets para a empresa pode ajudar a reduzir os níveis de estresse no meio corporativo. De acordo com a pesquisa, que comparou lugares que aceitam os bichinhos com locais que não aceitam, o problema era muito menor onde os pets eram bem-vindos.

O pet day pelo mundo

Oficialmente, o primeiro pet day aconteceu nos Estados Unidos, em 1999, encabeçado pela companhia de suplementos veterinários Pets.com, da Califórnia. A ideia se espalhou pelo país e passou a ser praticada em outras organizações, mesmo após a falência da empresa que a idealizou. Quase duas décadas depois, a proposta ganha ampla adesão no mundo inteiro, sobretudo, com a expansão destas iniciativas por meio das mídias sociais.

Com foco no bem-estar de seu pessoal, a Nestlé, em 2016, inseriu uma espécie de pet day na programação de sua Semana da Qualidade de Vida, na sede em São Paulo, que contou com a participação de aproximadamente 2,5 mil funcionários.

Outra a aderir à iniciativa foi a WK Sistemas, de Blumenau. Em eventos realizados uma vez por ano, os profissionais podem levar seus amigões para conhecer o escritório dos donos. Nestes dias, também há orientações sobre alimentação e cuidado com os bichos, além de arrecadação de ração. (Confira o vídeo do pet day da WK Sistemas).

Memória ancestral

Mas que fatores justificam tantos benefícios dos animais de estimação nas empresas? Para o professor de Psicologia da Uninter Ivo Carraro, isso tem a ver com o que ele chama de memória ancestral. O especialista explica que os humanos têm uma necessidade de interação com os animais que vem de tempos bem remotos e exemplifica isso com a relação que a humanidade começou a construir com os cães selvagens no tempo em que era nômade.

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“Quando caçava, o homem deixava cair carne pelo caminho e era seguido pelos cães, que ganhavam sua porção de comida. À noite, os cachorros iam para as cavernas com seus ‘donos’ e os protegiam de outros predadores. Fazendo isso, garantiam sua alimentação do dia seguinte”, explica o psicólogo. A relação de sobrevivência se tornou uma relação de cumplicidade que atravessou os tempos.

É por laços assim que, segundo Ivo, medidas que aproximem pessoas e animais no ambiente de trabalho tendem a dar muito certo. “É um motivo a mais para que o funcionário dê o melhor de si e o lugar fique mais alegre”.

Animal não é brinquedo

Apesar de valorizar iniciativas de empresas que abrem as portas para os animais, o psicólogo alerta que, em todos os casos, deve haver um cronograma bem definido, com regras exatas para que a medida não tire a concentração dos profissionais.

A médica veterinária Adriana Galeb reafirma a necessidade de cuidados especiais nestes casos. De acordo com a especialista, a companhia que quer manter mascotes precisa conhecer as necessidades do bichinho, no que tange a aspectos como espécie, raça e tamanho.

Quando se trata de um animal grande, por exemplo, é bom saber que ele não pode ser mantido em um local pequeno. Também é preciso criar um ambiente propício ao pet, ter gente que possa cuidar dele mesmo fora do expediente e investir na conscientização da equipe quanto à novidade.

A quem quer realizar um pet day, Adriana orienta que os animais recebidos sejam vacinados, vermifugados, dóceis, socializados e estejam sempre acompanhados de seu tutor. A organização também precisa oferecer um espaço adequado para que cada funcionário acomode seu animal. Por fim, é bom sempre lembrar que nem todo mundo se sente à vontade com bichinhos e muita gente é alérgica. “A estas pessoas, deve ser assegurado um local reservado e tranquilo”, destaca.

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