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Gabriela encontrou na facilitação gráfica uma forma de unir a pedagogia e o design.  | Divulgação/Peppe Design
Gabriela encontrou na facilitação gráfica uma forma de unir a pedagogia e o design. | Foto: Divulgação/Peppe Design

Todo mundo já passou por uma situação parecida: em um restaurante, alguém tenta contar uma história e, diante das caras de interrogação de todos ao redor, recorre a um guardanapo para tentar desenhar algo que dê mais sentido à explicação. Isso porque recursos visuais são mais facilmente assimilados pelo cérebro, auxiliando o processo de compreensão mesmo de informações muito complexas. 

Foi baseada nesse princípio que surgiu a profissão do facilitador gráfico, que usa o desenho para resumir e organizar conceitos, palestras, reuniões e toda uma infinidade de ideias que precisem ser transmitidas a um público externo. O serviço ainda não é tão conhecido no Brasil e mesmo quem trabalha com isso provavelmente acabou descobrindo por acaso, como Gabriela Emmerich.

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Fundadora da Peppe Design, ela esbarrou em um anúncio que pedia um trabalho de facilitação gráfica e, intrigada, foi descobrir do que se tratava. Como sua primeira formação é pedagogia e só depois de sete anos de atuação na área partiu para o design, a empresária encontrou na técnica um modo de unir as duas frentes de conhecimento. Seu cotidiano na nova profissão gira em torno de diversos eventos e da necessidade que as pessoas têm de se fazer entender.

Representação visual da facilitação gráfica.  Divulgação/Peppe Design

“Durante uma apresentação, por exemplo, vou desenhando em tempo real o que o apresentador está falando e traduzindo em metáforas visuais. É como se fosse um resumo visual do que foi trabalhado”, explica.

O método é dinâmico e permite mais flexibilidade do que um simples acompanhamento com slides, especialmente porque o painel final pode incluir as considerações levantadas pela plateia. “As pessoas se interessam muito ao ver que aquilo está sendo construído na sua frente”. No final, é possível disponibilizar essa grande síntese gráfica aos participantes. 

Todo mundo falando a mesma língua

Um facilitador gráfico bem sucedido precisa ser ótimo em desempenhar várias tarefas simultaneamente e improvisar. Ele irá ouvir, interpretar, resumir e desenhar as informações que estão sendo transmitidas, às vezes por mais de uma pessoa, como no caso de reuniões ou workshops. 

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A responsabilidade é a de transmitir o conteúdo correta e concisamente. Portanto a prática constante é fundamental para aperfeiçoar o método e a precisão é essencial para garantir que o cliente - que está provendo a informação - e os participantes - que a estão recebendo - saiam satisfeitos. 

“O que aparece é o resultado visual, mas tem um parte que vem antes, que é a escuta”, afirma Amanda Gambale, que atua como facilitadora gráfica na Design de Conversas desde 2011.

Esse processo introdutório alinha as expectativas e contribui para qualidade final do trabalho. “Temos que entregar algo que tenha a ver com o que os clientes querem. Algo que ajude, contribua e aumente o conhecimento das pessoas em relação aquele conteúdo”.

Victor e Amanda, da 
Design de Conversas
, em ação colocando conceitos no papel. 
Divulgação/Design de Conversas

Os desenhos funcionam como um atrativo, mas também são uma linguagem muito mais universal do que qualquer língua falada. Por isso, possibilitam uma comunicação mais clara, direta e inclusiva. “O desenho independe de escolaridade, ele chega em todos os públicos. A gente já fez até trabalhos com indígenas que não falavam português”, conta.

“É importante tomar sempre o cuidado com o repertório visual de cada comunidade. E não só de países diferentes, mas até de culturas diferentes dentro de organizações”, ressalta o sócio de Amanda na empresa, Victor Farat. 

Mais engajamento e compreensão

Para Lucas Alves, diretor da agência Ideia Clara, a facilitação gráfica faz com que as pessoas criem conexões cognitivas que não conseguiriam apenas lendo ou ouvindo. “As ilustrações facilitam o entendimento porque a gente usa metáforas, símbolos que complementam o verbal”, aponta. Ele acredita que o público se torna mais engajado ao sair da posição de ouvinte e passar a integrar o conhecimento que está sendo construído. “As pessoas veem que são ouvidas e por isso conseguem se conectar mais e se reconhecer nesse conteúdo”. 

“Nós somos muito visuais e consumimos muita imagem. Então, a gente acaba desenvolvendo essa habilidade da percepção visual muito mais rápido”, diz Gabriela. “O desenho é bem mais interessante, atrativo, fácil de compreender e palpável”. 

Sempre que uma ideia precisa sair da cabeça de alguém e passar a fazer parte do mundo externo, a ferramenta pode ajudar. Por isso, as aplicações no mundo corporativo são múltiplas, desde sessões de coaching, passando por formações, reuniões e definição de estratégias e chegando até a mudanças e alinhamento de cultura empresarial. Por resumirem conceitos, ideias e processos, as peças gráficas elaboradas pelos profissionais - painéis de papel, digitais ou mesmo vídeos - acabam se tornando, por si só, um novo tipo de conhecimento. 

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Publicado por Vida Financeira e Emprego em Terça-feira, 12 de setembro de 2017
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