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Por que, às vezes, o tipo errado de colega é justamente o promovido nas empresas? Klaus J. Templer, professor de psicologia organizacional na Universidade de Singapura de Ciências Sociais, foi atrás dessa resposta. Ele publicou, em abril, um artigo científico no periódico Personality and Individual Differences ,da editora Elsevier, sobre a pesquisa.

Basicamente, Templer entrevistou 110 funcionários de diversas indústrias de Singapura e os organizou com base no Fator H, um índice que tem a ver com os traços de honestidade e humildade na personalidade humana. Quanto maior o Fator H, mais honesta e humilde é a pessoa. Quanto menor o índice, menos essas qualidades aparecem e mais próximo o ser humano está do que Templer chama de “tríade do mal”: pessoas manipuladoras, narcisistas e que agem por impulso e sem culpa – também identificadas pelo pesquisador como “pessoas tóxicas”. Ele também entrevistou os chefes desses funcionários.

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O que ele percebeu é que funcionários tóxicos com habilidades políticas, ou seja, que mostram-se competentes na construção de relacionamentos interpessoais e na influência de outros, demonstrando inteligência e sinceridade, são, efetivamente, vistos como bons funcionários.

“Percebi que funcionários tóxicos cujas habilidades políticas eram altamente valorizadas por seus supervisores eram mais propensos a ter uma avaliação de alto desempenho. Em outras palavras, embora nem todas as pessoas tóxicas possuam habilidades políticas, aquelas que usam essas de forma efetiva aos olhos de seus chefes são vistas como tendo melhor desempenho. E, como todos sabemos, aqueles que são vistos como tendo melhor desempenho são mais propensos a serem promovidos”, explicou Templer , à revista Harvard Business Review (HBR) nesta semana.

O pesquisador explica que a tal habilidade política é justamente o que impede que a toxidade do funcionário seja identificada pelo departamento de recursos humanos antes que seja tarde demais. Do ponto de vista do chefe, porém, é possível, sim, treinar melhor o olhar e adotar medidas para prevenir esse tipo de promoção.

Templer sugere, por exemplo, que antes de uma promoção, o gestor converse com algumas pessoas subordinadas ao funcionário e mesmo colegas de outros setores para se assegurar de que a visão que tem sobre funcionário é a mesma de outras pessoas na empresa. Isso é importante porque, como lembra o pesquisador, pessoas tóxicas tendem a interagir com colegas e subordinados de forma bem diferente do que fazem com o chefe.

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Empresas precisam do lobo mau e também da chapeuzinho vermelho

Por outro lado, alerta o pesquisador, a organização muitas vezes precisa de uma certa dose de pessoas tóxicas para colocar algum plano em ação ou atingir determinada meta. Uma grande demissão, por exemplo, tende a ser um processo bem mais fácil e menos traumático para uma pessoa assim. Igualmente, uma empresa também precisa de pessoas com Fator H alto para projetos e metas mais coletivas e que exijam mais engajamento. Na verdade, pontua o pesquisador, bons gestores precisam saber identificar e usar ambos os perfis para o sucesso da empresa.

A boa notícia da pesquisa de Templer, portanto, é que uma vez que a tal habilidade política esteja desenvolvida, tanto faz , tanto faz ser o lobo ou a chapeuzinho vermelho na organização.

“Se você é uma dessas pessoas honestas e humildes que se sentem excluídas, esta pesquisa sugere que você pode concorrer à mesma promoção adquirindo habilidade política. Construa sua rede com diversos grupos de pessoas-chave dentro e fora da organização. Mostre interesse genuíno em outras pessoas (de uma forma que seja evidente para elas; não adianta se outras pessoas não perceberem). Ouça ativamente os outros e pergunte sobre seus interesses profissionais e pessoais. Se você conseguir estabelecer um bom relacionamento com os outros, eles também ouvirão mais suas sugestões”, recomendou Templer em entrevista à HBR.

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