À medida que novas tecnologias são introduzidas pelas empresas, tarefas que antes exigiam grande esforço são simplificadas, facilitando o dia a dia das organizações e de seus funcionários, mas também substituindo a mão de obra humana. Em entrevista ao InfoMoney, José Pastore, sociólogo que estuda há mais de 50 anos as relações de trabalho e foi voz ativa em prol da reforma trabalhista aprovada no ano passado no Brasil, falou sobre as funções mais sujeitas a desaparecer e aquelas que devem durar mesmo com o avanço tecnológico previsto para os próximos anos. Ele também falou sobre quais habilidades — algumas bem diferentes do que normalmente se imagina — são fundamentais para a mão de obra do presente e do futuro.
Segundo Pastore, as primeiras profissões que serão substituídas pela inteligência artificial, pela robótica ou pela impressão 3D são aquelas constituídas de operações rotineiras, manuais, como aquelas próprias de linhas de montagem.
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“O empregado que antes parafusava e pintava o automóvel hoje já perdeu lugar para o robô. Daqui a pouco robôs vão dirigir caminhões, ônibus etc, e aí a profissão de motorista também vai deixar de existir”, diz. O sociólogo também cita como exemplo o funcionário que antes carregava mala em hotéis, o qual está “desaparecendo”, aos poucos, com a popularização das malas de rodinha.
Por outro lado, Pastore explica que a modernização também implica no surgimento de uma série de novas profissões na área da saúde e do direito, por exemplo. Profissionais que cuidam de sistemas operacionais, informática, administração e logística também vêm se beneficiando com as novas descobertas, avalia ele.
O professor destaca, porém, que o cenário não é marcado somente pela destruição ou criação de determinadas profissões, mas principalmente pela transformação: são carreiras que continuam com o mesmo nome, mas que tiveram suas habilidades transformadas.
“O cirurgião hoje faz coisas que ele não fazia uns anos atrás: além da cirurgia, realiza o amparo físico, biológico e conta com uma equipe interdisciplinar que faz toda a cirurgia, acompanha e oferece outros suportes”, afirma.
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Ao mesmo tempo, há determinadas profissões e atividades que dificilmente serão atingidas pelas novas tecnologias, afirma Pastore. “Todas as atividades que dependem de carinho, afeto, criatividade, empatia, coragem e emoções não serão afetadas — pelo menos não no curto prazo”, diz.]Ele explica que por mais que engenheiros se esforcem para criar máquinas que sintam e façam tudo, algumas coisas “mais simples” ainda são difíceis de mecanizar. “Colocar cordões em um sapato, por exemplo, é algo que ainda não é totalmente mecanizado. Por mais que todo o resto seja mecanizado, são tantos movimentos para colocar o cadarço que até agora são humanos que fazem”, observa.
Ainda segundo ele, mesmo que haja um apoio das tecnologias (um cabeleireiro que utiliza um secador mais potente, por exemplo), a parte “artística” não será afetada.
As habilidades necessárias no mercado de trabalho do futuro
Com as mudanças do mercado de trabalho, Pastore afirma que é fundamental ter a capacidade de acompanhar as inovações, mas que isso depende de determinadas habilidades. “Hoje em dia é muito importante que a pessoa tenha uma formação básica boa, com conhecimentos diversos como línguas, matemática e lógica para acompanhar as inovações”, diz. Outras habilidades segundo o professor são raciocínio indutivo e capacidade verbal.
“Não existe mais carreira linear: da pessoa terminar a escola, fazer faculdade e depois ficar no mesmo emprego pelo resto da vida. Hoje o profissional precisa aprender e se inovar a todo momento”, diz. E completa: “O que existe são carreiras múltiplas. O emprego pode estar ameaçado, mas o trabalho continua. O que existe hoje são novas formas de trabalhar e contratar”.
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