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Segundo dados da Companhia de Estágios, consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee, somente no primeiro semestre de 2017 mais de 97 mil jovens participaram de processos seletivos, 9% a mais que no mesmo período de 2016. E, de acordo com a recrutadora, dentre os diversos meios que os jovens usam para chegar até o sonhado estágio, o “Q.I.” tem um peso cada vez mais relevante: num levantamento exclusivo que ouviu 2.193 estudantes de todo o país, um quarto dos estagiários em atividade conseguiu a vaga por meio de indicação.

De acordo com Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, esse fenômeno não indica que alguns jovens são previamente favorecidos por suas relações pessoais, mas sim que os recrutadores estão observando outros detalhes na hora de escolher um candidato.

O critério é tão expressivo que o “Q.I.” só perde para “Plataformas de divulgação de vagas” (28%) – método que pode incluir mailing, hotsites e/ou aplicativos específicos pelos quais as recrutadoras divulgam oportunidades. No entanto, a influência de terceiros se mostrou mais eficaz na conquista do estágio do que os sites de consultoria (16,4%), as redes sociais (5,5%) e, até mesmo, a pró-atividade, ou seja, quando o jovem procura vagas nos sites das próprias empresas (9%), diretamente na faculdade (5,8%) ou entrega currículos (1,7%).

“É natural que algumas empresas divulguem, num primeiro momento, as vagas internamente. Esse hábito faz com que os próprios funcionários repassem a oportunidade para pessoas do seu convívio social, familiares ou amigos em que confiam. O jovem que ficou sabendo dessa vaga e se candidatou certamente passará pelo processo seletivo convencional, mas caso ele vá adiante, o fato de conhecer alguém dentro da empresa pode lhe render pontos. Isso porque alguns processos seletivos envolvem mais de uma etapa e, a cada fase, é preciso ‘afunilar’ os critérios de avaliação dos candidatos. É nesse momento que a indicação pode ser determinante, pois, após serem avaliadas as qualificações e habilidades interpessoais do candidato, é verificado seu networking, referências e eventuais recomendações”, explica Mavichian.

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Indicação nem sempre é privilégio. Pode ser networking

As ferramentas digitais, como os perfis nas redes sociais, estão colaborando para dar mais dinamismo e isonomia para a questão da indicação. “Se antes boa parte dos trabalhadores questionava a parcialidade do ato, hoje a dinâmica é diferente: muitas vezes o candidato e seus concorrentes sequer ficam sabendo que o networking está sendo avaliado e que o recrutador checou, por exemplo, o perfil dos entrevistados nas redes sociais. Essa análise pode, inclusive, ser isenta de qualquer influência externa, pois os responsáveis pelo processo estão avaliando, na realidade, a postura e interação desse candidato com outros profissionais”, diz Rafael Pinheiro, gerente de recursos humanos da Companhia de Estágios. 

Além disso, com processos seletivos cada vez mais complexos, com fases que testam os candidatos além do tradicional, com etapas que exigem desafios como vídeos de apresentação e a superação de problemas por meio do trabalho em equipe (os famosos hackatons), o “QI” é mesmo apenas mais um elemento para ajudar na avaliação.

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O que é preciso além do “QI” na hora de conseguir a vaga?

Segundo a pesquisa da Companhia de Estágios, dentre os estagiários que conseguiram a vaga por meio de indicação, 61% investiu em qualificação no último ano, seja por meio de cursos de idiomas, de informática ou especializações na sua respectiva área de estudo. Outros 13,5% realizaram atividades voluntárias ou um projeto profissional (como abrir o próprio negócio) nos últimos doze meses. 

De acordo com Mavichian, isso indica que os recrutadores certamente levaram esses pontos em consideração na hora de selecionar tais candidatos “Esse comportamento evidencia que a indicação não anula as etapas essenciais de um processo seletivo, como a análise das competências do candidato. Isso sinaliza, inclusive, que o jovem deve, sim, construir um bom networking, mas, antes de tudo, investir na qualificação e no fortalecimento do currículo. Afinal, suas habilidades sempre falarão mais alto do que qualquer indicação”. 

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