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Prata Fina começou como uma lojinha de rua e hoje tem 65 unidades em 4 estados | Albari Rosa
Gazeta do Povo
Prata Fina começou como uma lojinha de rua e hoje tem 65 unidades em 4 estados| Foto: Albari Rosa Gazeta do Povo

João Mattos passou a vida querendo sair do banco. Abrir uma pousada na praia, quem sabe. Um dia o banco saiu com ele, que se viu na rua antes da hora planejada. Tinha 51 anos e algumas economias no bolso. Resolveu abrir uma lojinha. Numa salinha de 13 metros quadrados, no Centro de Curitiba, ele abriu a Prata Fina. 

A primeira loja foi na Travessa Jesuína Marcondes, uma dessas ruas outrora glamourosas das regiões centrais, que hoje se apinham de comércios populares. A travessia deste empreendimento familiar, coordenado por João e a esposa Lilian, para uma rede com 65 lojas em toda a região Sul e no interior de São Paulo, tem um tanto de inovador, uma pitada de sorte, e muito aprendizado com as coisas que deram errado. 

A começar pela inovação: a prata. Até então, ninguém vendia os artefatos feitos do material como joias. Eles se perdiam no mundo das bijuterias, ou eram ofuscados pelo ouro. 

Vender joias de prata era uma conceito novo. E democrático, já que é um metal nobre, mas muito mais barato do que o ouro. A Prata Fina foi conquistando adeptos. 

Com um ano de loja, em 1999, veio a grande virada. Por 80 mil dólares, o empresário arrematou um ponto na Rua XV de Novembro, a mais tradicional das vias comerciais, em Curitiba. "Foi um divisor de águas. se para o seu negócio mostrar que é viável, tem que ir para a 15", conta o empresário. Era a sorte entrando no jogo. 

Tentaram convencer sócios a embarcar na ideia, mas ninguém quis. Era um negócio muito arriscado. "Como assim, loja de prata". "Em dezembro eu olhava para a loja e só mudava a cara das pessoas, a fila não diminuía", lembra João, que por três anos trabalhou como caixa na loja (Lilian ficava no balcão).

A sorte voltou a pintar quando a marca lançou sua primeira campanha publicitária, “namoro é compromisso”. A aliança de compromisso (nem de casamento, nem de noivado) foi um sucesso, e virou uma espécie de tradição curitibana. Até hoje, o volume de vendas da loja cresce 50% em junho, segundo dados de 2011.

Aprender com os erros 

Dia desses, João Mattos contava essas histórias todas a um grupo de universitários, no núcleo de Empreendedorismo da Uninter, em Curitiba. Em meio a várias ideias, um rapaz dos seus 20 e poucos anos contou seu projeto e perguntou como o empresário faria para tocá-lo em frente. "Eu não faria isso nunca", respondeu, com sinceridade. 

Mas o balde de água fria, garante, foi um incentivo. Nesses 20 anos, o empresário aprendeu a equilibrar a coragem de seguir em frente com o sangue frio de abandonar uma ideia, quando é necessário. 

Um exemplo é a própria loja da Jesuíno Marcondes, a primeira, que enfrentava problemas de segurança e de falta de espaço. Foi fechada, sem preciosismos. 

Outro caso aconteceu no início das vendas na XV de Novembro, quando a Prata Fina resolveu vender relógios, seguindo a sugestão dos consumidores. 

"Começamos a comprar e até tava vendendo bem. Mas não é igual brinco. O cliente passava e dizia 'só tem este modelo?'. A gente comprava mais e mais... e daqui a pouco metade da loja era relógio!". A ideia de abrir o leque de produtos foi testada e descartada. "Nosso foco é em joias de prata". 

Expansão pelo brasil 

Há três anos, a Prata Fina entrou no segmento de franquias. Entre lojas próprias e franqueadas, já são 65 unidades da rede, espalhadas pelos três estados do Sul e pelo interior de São Paulo. Operação que passa pela venda de 1,2 milhão de peças anuais. 

O desafio, agora, é crescer para o resto do país. Entre São Paulo capital, Rio de Janeiro e Nordeste, a empresa estima que tem mercado para chegar a 200 lojas.

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