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Gabriel Braga e André Penha, da Quinto Andar | Divulgação
Gabriel Braga e André Penha, da Quinto Andar| Foto: Divulgação

Para conseguir um apartamento no Rio de Janeiro, Vicente Velazquez pagou oito meses de aluguel de uma tacada só. Foi o único jeito que encontrou para fechar o contrato, já que ele não conhecia ninguém na cidade disposto a colocar seu próprio imóvel como fiança.

Histórias como essa motivaram Andre Penha e Gabriel Braga, formados num MBA em Stanford, a criar a empresa de tecnologia Quinto Andar, que está inovando no mercado imobiliário voltado para locações. 

A startup encontra os locatários, age como uma garantidora (para quem comprovar um histórico de crédito confiável) e elimina intermediários, mais especificamente, as imobiliárias. Faz também algumas funções do proprietário, como consertar uma pia quebrada, o que faz com que os donos dos imóveis gastem menos tempo e dinheiro durante todo o processo.

"A Quinto Andar vai ser [para o mercado imobiliário] a mesma coisa que o Uber foi para os táxis", diz Velazquez, 31 anos, um cientista que pretende utilizar o serviço da próxima vez que for alugar um apartamento. "Eu me nego a voltar para um corretor". 

Não quer a Quinto Andar não tenha também corretores. Está, inclusive, contratando profissionais da área em São Paulo, deixando claro que, sem ter que se preocupar com toda a parte burocrática da locação, eles poderão concentrar  “seus talentos em proporcionar uma excelente experiência aos clientes durante a visita ao imóvel, deixando-os confortáveis para tomarem uma decisão importante.”

"É uma verdadeira dor de cabeça para as pessoas, e um mercado de R$ 200 bilhões", conta Braga, de 36 anos, em uma entrevista na sede da Quinto Andar, em São Paulo. "Se nós conseguirmos resolver este problema, as consequências serão gigantescas". 

Crescimento da Quinto Andar assusta mercado tradicional

Os corretores tradicionais se preocupam com o crescimento rápido da Quinto Andar, e já se organizam para modernizar alguns dos seus processos arcaicos. 

"Eles pegaram uma fatia grande do mercado em São Paulo; nossos colegas de lá tem sofrido com isso", disse Debora Mendonça, presidente de uma associação que representa cerca de 200 corretores do Rio, e que responde por 80% do mercado. "Nós estamos definitivamente preocupados". 

Mendonça, que tem mais de três décadas de experiência no mercado imobiliário, acredita que a estrutura enxuta da Quinto Andar põe o crescimento sustentável da startup em xeque, mas isso não é visto como um problema pelos fundadores da empresa.

A Quinto Andar começou com uma operação pequena em Campinas, em 2012. Eles acabam de chegar ao Rio de Janeiro, e pretendem chegar a outras grandes cidades brasileiras até o fim do ano. O número de funcionários deve dobrar e chegar a 500. O volume de transações cresceu seis vezes no último ano, conta Braga. 

Foi difícil no começo — alguns colegas de Stanford emprestaram dinheiro dos pais para investir. Mas a Quinto Andar acaba de receber um aporte de R$ 70 milhões da Kaszek Ventures, que ajudou o Mercado Livre a se tornar um dos maiores e-commerces da América Latina. 

A empresa deu um salto quando assinou com a seguradora BNP Paribas Cardif, em 2015. A Quinto Andar paga o seguro dos apartamentos pela tabela de atacado, o que garante um negócio mais vantajoso do que se fizesse contratos individuais. 

Isso faz uma diferença gigantesca no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde o valor dos seguros-fiança quase dobrou, de 2008 para cá. Para garantir a fiança, os candidatos a inquilinos precisam ter uma residência própria na cidade, pagar um valor mensal de seguro ou, como fez Velazquez, depositar uma quantia enorme de dinheiro.

Embora outras empresas já estejam ajudando a modificar esse cenário acima — caso da CredPago, plataforma parceira de diversas imobiliárias e que elimina a fiança por meio da análise do cartão de crédito —, a Quinto Andar está apostando mais alto e eliminando intermediários.

A Quinto Andar "vai ser líder [de mercado] e uma das empresas de tecnologia mais importantes do Brasil", declarou o cofundador Nicolas Szekasy, numa entrevista na sede da Kaszek (o fundo tem representantes no conselho da empresa). "É um negócio muito disruptivo". 

Tradução: Naiady Piva

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