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Centro de Processamento da Loggi em Cajamar, São Paulo
Centro de Processamento da Loggi em Cajamar, São Paulo| Foto: Divulgação

Tão logo se tornou unicórnio (como são chamadas as startups com valor de mercado de US$ 1 bilhão ou mais) ao receber US$ 150 milhões em uma rodada de investimentos liderada pelo SoftBank e pela Microsoft, a plataforma de logística expressa Loggi estabeleceu metas audaciosas para se consolidar como gigante do setor. Os objetivos: triplicar a abrangência para ser capaz de atender 100% dos quase 210 milhões de brasileiros até o ano que vem e fazer 5 milhões de entregas por dia até 2025 - contra as 100 mil atuais. Nada mal para uma empresa que estreou no mercado com serviços de motoboy para coleta e entrega de documentos, em 2013.

De acordo com o Arthur Debert, fundador e Chief Product Officer (CPO) da Loggi, alcançar essa meta de expansão passará por colocar um primeiro pé no velho mundo. "Nessa última rodada a gente está fazendo um investimento grande para expandir, montar um time de tecnologia maior e isso inclui escritórios fora de São Paulo. O primeiro é Portugal pela experiência de estar em outro continente, ter acesso a outros recursos e talentos, que é super rica para a empresa", destacou em entrevista à Gazeta do Povo durante o Sebrae Summit, em Curitiba.

 Arthur Debert, fundador e CPO da Loggi (Foto: Inove Foto)
Arthur Debert, fundador e CPO da Loggi (Foto: Inove Foto)| LUIS MK

Já como parte desse movimento, a companhia anunciou, em setembro, a contratação de mil engenheiros no Brasil e na "terrinha", e o escritório português deve ser aberto "nas próximas semanas", despistou o CPO, sem cravar a data de início das atividades.

A Loggi desembarcará por lá ainda em 2019, mas o time chega desacompanhado das operações, ao menos por enquanto. Debert pontua que "a demanda por entregas super rápidas é universal, então, em tese, a gente deve conseguir fazer isso funcionar em qualquer lugar com um pouquinho (ou bastante) esforço". Segundo o CPO, não há clareza sobre essa internacionalização, mas "com o tempo a gente acha que, sim, vai fazer sentido investigar como a Loggi funcionaria na Europa, por exemplo".

"Entregar tudo para todo mundo em qualquer lugar"

Hoje, a Loggi faz 100 mil entregas expressas ao dia, a metade delas classificadas pela companhia como "imediatas", com tempo de entrega que varia entre 15 minutos e 3 horas. A demanda mantém o perfil de origem da companhia (serviços de motoboy), mas que agora abrange inúmeras opções, inclusive o já supercomum delivery de refeições e de compras de supermercado e farmácia.

Outro braço em crescimento, segundo o CPO da Loggi, é o serviço prestado para e-commerce, que no Brasil se beneficia de uma peculiaridade: "muitos grandes varejistas tem lojas físicas e a gente tem já trabalhado nesse segmento. O usuário faz uma compra no site e a gente sabe que tem uma loja daquele varejista muito perto da pessoa. Então, a Loggi pega a camiseta e leva até o comprador. Aí você consegue fazer uma entrega de comércio eletrônico em 15 minutos, em 20 minutos".

Para reproduzir a experiência, os comércios eletrônicos que estão exclusivamente online tendem a criar centros de distribuição muito perto dos clientes para possibilitar a entrega de mesmo dia, afirma Debert, e a movimentação do lado do vendedor encontra eco na entrega. Para agilizar e ampliar a quantidade de deliveries expressos, a Loggi tem parceria com diversos prestadores (como caminhoneiros, motofretistas, empresas aéreas, motoristas de vans e pequenos comércios locais) e pretende chegar a todos os municípios para atender ao que acredita ser uma demanda em franca expansão.

"A gente entende que essa entrega é importantíssima para o país e tem uma carência de serviço de boa qualidade. O país tem essa oportunidade e é óbvio que a Loggi está surfando essa oportunidade. A gente está investindo para conseguir fazer o serviço certo", defende o responsável por produto da empresa.

A aposta está alinhada à recuperação do e-commerce no país. Pesquisa divulgada em agosto pelo Ebit/Nielsen mostra que o comércio eletrônico teve crescimento estável de 12% nas vendas do primeiro semestre de 2019, o que representa faturamento de R$ 26,4 bilhões. O volume de pedidos, por sua vez, teve incremento de 20% entre janeiro e junho, alta de 8% na comparação com o mesmo período de 2018 e que representa R$ 65,2 milhões em compras.

Ambição X mercado

Ainda que a meta de atingir 5 milhões de entregas por dia em seis anos possa parecer excessivamente ambiciosa (uma vez que significa multiplicar o número atual por 50), o CPO banca a marca fazendo uma comparação com o mercado chinês que hoje realiza 50 vezes mais entregas por habitante do que o Brasil. "Tem muito espaço para crescer quando a gente olha os números", avalia, "e o mercado inteiro vai ter que desenvolver. A gente gosta da ideia de crescer na média 2, 3 vezes por ano – acho que é um ritmo saudável", completa.

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