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Lula
Presidente diz que Campos Neto fica “incomodado” com o aumento salarial das pessoas mais humildes.| Foto: reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, no final da manhã desta segunda (22), que o governo fará bloqueios no orçamento sempre que precisar, como os R$ 15 bilhões anunciados na semana passada e que serão detalhados à tarde.

Ainda não há confirmação de quais ministérios devem ter recursos congelados, mas Lula se disse contra qualquer corte que afete os programas sociais do governo.

“Sempre que precisar bloquear nós vamos bloquear. [...] O mesmo dinheiro que você precisa cortar agora, você pode não precisar cortar daqui a dois meses, depende da arrecadação”, disse o presidente em entrevistas a agências internacionais de notícias no Palácio da Alvorada.

Na mesma entrevista ele comentou sobre as declarações de Nicolas Maduro sobre as eleições na Venezuela – se disse “assustado” após o líder venezuelano falar em “banho de sangue” se perder a eleição – e a desistência de Joe Biden em concorrer à reeleição nos Estados Unidos.

Lula voltou a citar que tem responsabilidade fiscal mesmo em meio à desconfiança do mercado após ele colocar em dúvida a necessidade de se cortar custos do governo – traz “nas entranhas”, disse – e retomou os ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Como pode um rapaz que se diz autônomo, presidente do Banco Central, estar incomodado com o fato do povo mais humilde estar ganhando aumento de salário”, questionou lembrando – mais uma vez – que o ex-presidente da autarquia, Henrique Meirelles, tinha mais autonomia mesmo sem constar em lei.

Os ataques a Campos Neto foram reforçados após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir por unanimidade – incluindo os quatro diretores indicados por ele – manter a taxa básica de juros em 10,5%, no mês passado.

Para o presidente, Campos Neto é o responsável pela decisão e estaria agindo politicamente por ter sido indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Portanto, da oposição a ele.

Campos Neto encerrará o mandato à frente do Banco Central no final deste ano, e Lula poderá indicar o próximo presidente. Ele, no entanto, tem evitado comentar o provável substituto – a expectativa é de que indique o economista Gabriel Galípolo, que foi o braço-direito de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda até ser indicado para a diretoria de Política Monetária da autarquia.

“Eu espero que a gente encontre uma pessoa que seja, do ponto de vista técnico, muito competente. Seja, do ponto de vista político, muito honesto e muito sério, e que seja uma pessoa que efetivamente ganhe autonomia pela sua respeitabilidade, pelo seu comportamento”, completou.

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