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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciaram nesta quinta-feira (26), após reunião no Palácio do Alvorada, em Brasília, a proposta de criação de um fundo de, no mínimo, US$ 100 bilhões para financiar o comércio internacional. Os dois devem levar essa proposta para discussão na cúpula do G20, em Londres, no próximo dia 2.

"Centenas de empresas estão impedidas de fazer comércio por falta de crédito. A comunidade internacional não pode permitir isso. Por isso, estamos propondo a criação de um fundo de pelo menos U$ 100 bilhões para ajudar o mundo nesse campo do comércio internacional. Isso é absolutamente necessário para passarmos pela crise. US$ 100 bilhões é o mínimo", detalhou Brown em sua exposição inicial após encontro com Lula.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que essa proposta já vem sendo debatida pelos países que se reunirão em Londres para a Cúpula do G20, mas que essa era a primeira vez que os detalhes da proposta vieram à tona. "O Brasil vai contribuir da forma que for possível. O ministro Mantega [Fazenda] está estudando uma forma de contribuir sem que isso afete nossas finanças e nossas reservas", disse rapidamente o ministro.

Durante a entrevista coletiva os dois se mostraram bastante alinhados nas propostas que apresentaram em Londres e concordaram sobre a necessidade urgente de uma nova arquitetura global para o sistema financeiro.

Lula voltou a dizer que a crise foi criada pelos mercados dos países ricos e que ela não podia penalizar os mais pobres. "Não podemos permitir que os pobres paguem por uma crise feita por ricos, sobretudo porque ela não foi gerada por nenhum negro, índio ou pobre. Essa crise foi feita por gente branca, de olhos azuis que antes da crise sabiam tudo e, agora, não sabem de nada", salientou Lula.

O primeiro-ministro britânico foi enfático ao exigir uma nova regulamentação dos bancos, do sistema financeiro e das organizações multilaterais de financiamento.

"O antigo consenso de Washington morreu e não podemos voltar ao modelo de sistemas bancários do passado. Temos que mudar nossa lógica financeira para que as pessoas e as empresas se sintam seguras a usar os bancos. O novo consenso que estamos construindo tem que garantir isso. Esse consenso deve incluir apoio ao comércio", argumentou.

Lula comparou o sistema financeiro às câmeras de vigilância em shoppings e praças. Ele disse que é inaceitável que todas as pessoas sejam monitoradas quando "vão fazer um passeio" e o mercado financeiro faz "de tudo sem regulamentação e fiscalização".

Os dois líderes também falaram duramente contra os paraísos fiscais e as medidas protecionistas adotadas por alguns países. "Nós concordamos que a Organização Mundial do Comércio [OMC] deve dar nomes aos bois e dizer quem está praticando protecionismo", disse o primeiro-ministro.

"Eu sei que teremos um duro enfrentamento no G20 [contra os paraísos fiscais]. Se fosse só as Ilhas Cayman não teria problema, mas tem países importantes como a Suíça que nunca foi chamada de paraíso fiscal, mas tem muita semelhança", argumentou Lula.

O presidente voltou a dizer que a reunião de Londres será histórica e é hora dos políticos e os líderes mundiais agirem para salvar o mundo da crise e criar novas bases para o desenvolvimento. Lula disse que espera que haja debate entre os governantes e que o encontro "não sirva apenas para que se marque uma nova reunião".

"Eu espero que a reunião do G20 tenha um pouco de debate. Sempre somos gentis uns com os outros, nos tratamos bem, mas nessa reunião tem que ter um pouco mais de calor, temos que discutir", disse.

Futebol

Brown e Lula também acertaram que as áreas de esporte dos dois países trocaram informações mais constantes para tomar decisões que ajudem na realização de grandes eventos esportivos como as Olimpíadas de Londres, em 2012, e a Copa do Mundo no Brasil, em 2014.

O primeiro-ministro revelou que a Associação de Futebol Inglesa e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também manterão diálogo para troca de experiências sobre o esporte e devem criar uma escola de árbitros no Brasil.

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