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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha para indicar o ex-ministro Guido Mantega ao conselho de administração da Vale, uma manobra estratégica às vésperas da decisão sobre a sucessão na empresa, de acordo com uma apuração de bastidores publicada nesta terça (16) pelo Estadão.
O atual presidente da antiga estatal, Eduardo Bartolomeo, busca uma recondução no cargo, e o governo propõe mantê-lo até 2025. Mantega seria acomodado no conselho através da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil que faz parte do quadro de acionistas.
A Vale disse à Gazeta do Povo que não vai se pronunciar, e a Presidência da República não respondeu ao questionamento da reportagem.
Mantega chegou a ser indicado por Lula no ano passado para presidir a Vale, mas enfrentou obstáculos e levou o governo a buscar outro caminho para incluí-lo na empresa, visando a um acordo que atenda aos interesses dos sócios da companhia. Apesar de não ser a preferência da Previ, o governo tenta negociar um consenso em torno de Bartolomeo.
A relação de Lula com Mantega remonta à campanha de 2022, onde o ex-ministro atuou informalmente e integrou por uma semana a equipe de transição. Mesmo com a inabilitação anterior pelo TCU devido às “pedaladas” fiscais, essa decisão foi suspensa em 2023 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), abrindo caminho para a nova investida.
A possível inclusão de Mantega no conselho da Vale prevê uma remuneração mensal de aproximadamente R$ 100 mil, com reunião ordinária mensal e participação em dois comitês internos. Auxiliares de Lula veem na Vale uma oportunidade para investimentos em um momento de restrição de caixa da União, além de apoio a iniciativas ecológicas lideradas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Entretanto, as negociações dependem do aval dos demais acionistas, pois a Vale não mantém mais a influência governamental do passado. Como “corporation” desde 2020, a empresa tem seu capital diluído no mercado, sem acionista individual com mais de 10%.
A Previ, Mitsui, Blackrock e Cosan são os principais acionistas, refletindo um cenário distinto dos primeiros mandatos de Lula, quando o governo tinha mais controle sobre a Vale.
A privatização da Vale – anteriormente chamada de Companhia Vale do Rio Doce – completou 26 anos em 2023 após ser vendida por R$ 3,3 bilhões e um ágio de 20%. A venda foi marcada por uma dura batalha judicial que chegou a ter o leilão contestado.
No entanto, no final das contas, a privatização se manteve e, em menos de dez anos, o lucro cresceu 46% e hoje posiciona a empresa entre as maiores do continente.