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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda-feira, que se encontrará com o presidente da Bolívia, Evo Morales, no próximo dia 12 de dezembro, para tratar da questão do gás. Lula afirmou ainda que o país não corre risco de apagão de energia e que a população não será prejudicada com a crise no abastecimento de gás. Na noite de segunda-feira, o governo concluiu em uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, que não há risco de desabastecimento de gás no país. Para o governo, os problemas verificados na semana passada no Rio de Janeiro e em São Paulo foram localizados e estão superados.

Já o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, viajou nessa segunda-feira para a Bolívia, com o objetivo de começar a tratar do assunto. Nesta terça-feira, ele deve encontrar-se com o presidente Evo Morales.

Na tarde desta segunda-feira, Lula tomou a iniciativa e telefonou para o presidente da Bolívia. O telefonema durou cerca de 15 minutos, e os dois presidentes concordaram em conversar no fim da semana, durante a Cúpula Ibero-Americana, em Santiago do Chile . Lula e Evo conversaram por telefone antes de o presidente brasileiro participar da cerimônia de entrega do 1º Prêmio Internacional - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

- Eu marquei com Evo Morales uma viagem no dia 12 de dezembro. Eu penso que vai acontecer o que queremos que aconteça, ou seja, o Brasil viva tranqüilo com sua relação com a Bolívia, e a Bolívia com o Brasil. Todos nós sabemos que a Petrobras tem de fazer um investimento para que a gente possa ter mais garantia que a Bolívia vai ter mais gás para exportar não apenas para o Brasil, mas para a Argentina. Estamos discutindo o projeto do gasoduto com a Venezuela. Nós estamos fazendo o que precisa ser feito para garantir que o Brasil tenha tranqüilidade energética no futuro bastante longo - disse Lula.

Lula disse ainda que a população não será prejudicada pela crise no fornecimento da Petrobras, mas que é preciso definir prioridades. Ele reforçou a idéia de que a utilização do produto nos veículos será desestimulada - defendida há poucos dias por membros graduados do governo, como o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli - mas garantiu que os consumidores que já têm esse sistema continuarão sendo atendidos:

- Na medida em que o Brasil não tem, dentro de seu território, o gás do qual necessitamos e precisamos importar, obviamente que o Brasil vai ter de priorizar, vai ter de primeiro garantir o funcionamento das termelétricas, que é para produzir energia para a sociedade brasileira, depois você tem as indústrias e depois tem os carros. Ninguém colocou um tamborzinho de gás no seu carro porque quis. Houve incentivo para que ele fizesse aquilo. Portanto, as pessoas que já têm vamos ter de fornecer e garantir a tranqüilidade das pessoas. Nosso problema agora é que vamos ter de trabalhar para importar mais gás. Para tentar trazer gás gaseificado (liquefeito), é preciso encontrar navios, que têm poucos no mundo, e a Petrobras está investindo muito para que a gente possa ter auto-suficiência em gás. Por isso, estamos trabalhando com muito afinco para a construção de todos gasodutos, ligando o Brasil de Norte a Sul.

Terminais de gás GNL

No Rio, o governador Sérgio Cabral disse, segundo o jornal O Globo, que determinou a aceleração das análises ambientais para o licenciamento de terminais de gás GNL nos portos do Rio de Janeiro. Os terminais serviriam para receber navios-tanque para suprir a demanda por gás no Brasil. De acordo com o governador, o secretário do Ambiente, Carlos Minc montou uma força-tarefa para fazer a análise o mais rapidamente possível. Cabral afirmou que o governo não aceita qualquer redução nas quantidades de gás que eram entregues pela Petrobras à CEG até o mês passado:

- Já avisei à Petrobras que não aceito redução. Aceitamos pactuar para frente. Mas o Rio não pode parar por conta de falta de infra-estrutura. O Rio é auto-suficiente em gás. Mas é evidente que temos que ter uma visão nacional e o excedente vai para o Brasil.

Bolívia nacionalizou setor em maio de 2006

As relações entre Brasil e Bolívia começaram a azedar, quando em 1º de maio de 2006, meses após assumir a presidência, Evo Morales assinou um decreto para reestatizar todo o setor de petróleo e gás no país. Na ocasião, as Forças Armadas da Bolívia chegaram a ocupar militarmente as unidades da estatal brasileira no país em um ato simbólico de tomada da estrutura.

Desde então, as relações ficaram tensas - com diversas denúncias e demissões de ministros bolivianos. A Petrobras, então, suspendeu os investimentos adicionais no país, mantendo apenas os recursos necessários às suas atividades.

Em junho deste ano, a Bolívia assumiu definitivamente as duas refinarias recompradas da Petrobras por US$ 112 milhões.

No início deste ano, em uma nova ameaça ao fornecimento do gás exportado ao Brasil, manifestantes regionais de Gran Chaco, que disputavam o campo de Margarita com a província vizinha de O'Connor, ocuparam as instalações e ameaçaram fechar a válvula que permite o escoamento de gás para o Brasil. Na ocasião, as tropas bolivianas voltaram a ocupar as instalações e o governo de Morales garantiu o abastecimento ao Brasil.

Segundo a assessoria de comunicação da Petrobras, Gabrielli embarca para a Bolívia acompanhado dos diretores da companhia, Maria das Graças Foster, da área de gás, e Nestor Cerveró, da área internacional. Eles deverão se reunir nesta terça-feira com o ministro boliviano de Hidrocarbonetos (petróleo e gás) e de Energia, Carlos Villegas.

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