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Ministério de Minas e Energia
Bento Albuquerque foi exonerado do comando do Ministério de Minas e Energia após críticas do presidente Bolsonaro contra a Petrobras| Foto: José Cruz/Agência Brasil

A troca no comando do Ministério de Minas e Energia (MME), anunciada nesta quarta-feira (11), tem caráter mais simbólico do que prático e não deve gerar grandes mudanças na condução da pasta, segundo analistas que acompanham o setor.

A exoneração de Bento Albuquerque e sua substituição por Adolfo Sachsida foram oficializadas em decretos publicados no Diário Oficial da União um dia depois de a Petrobras anunciar um aumento de quase 9% no preço do diesel em suas refinarias.

Dias antes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) havia feito um apelo para que a companhia não reajustasse o valor do combustível, citando diretamente Albuquerque e o recém-empossado presidente da estatal, José Mauro Coelho.

Para Ilan Arbetman, analista de óleo e gás da Ativa Investimentos, a exoneração do ministro é mais uma forma de Bolsonaro sinalizar sua insatisfação em relação à forma como a política de preços da Petrobras vem sendo tocada.

“Na impossibilidade de se contestar o CEO, que foi indicado há pouco tempo, o Executivo acreditou ser prudente afastar seu interlocutor como forma de demonstrar sua insatisfação com o aumento do diesel promovido esta semana”, diz.

Mauro Coelho assumiu o comando da Petrobras após a saída do general Joaquim Silva e Luna, também afastado por Bolsonaro após um reajuste nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha promovido em março.

Silva e Luna, por sua vez, havia sido indicado a comandar a estatal no ano passado em substituição ao economista Roberto Castello Branco, demitido igualmente por insatisfação de Bolsonaro com a política de preços da Petrobras. No cargo, o general manteve os reajustes, embora mais espaçados, baseados na cotação do petróleo no mercado internacional. Mauro Coelho também diz que manterá a metodologia.

A política do preço de paridade de importação (PPI) foi adotada pela Petrobras em 2016, no governo de Michel Temer (MDB), após anos de prejuízo da companhia motivados pelo represamento de reajustes nos combustíveis durante o governo Dilma Rousseff (PT).

“Independentemente do descontentamento da União, a Petrobras desenvolveu ao longo dos últimos anos aspectos positivos em sua governança, que, de certa maneira, a blindam de interesses que possam pesar contra sua situação financeira”, explica Arbetman.

“À União, é facultada a indicação de seu novo comandante, mas a troca da política de paridade aos preços médios de importação dos últimos 12 meses, fundamental para a manutenção da saúde financeira da companhia, não pode ser alterada com tamanha celeridade”, afirma o economista.

Ações da Petrobras sobem apesar de mudança no ministério

As ações da Petrobras não foram afetadas pela troca no comando. Os papéis ordinários da companhia (PETR3) encerraram o dia com alta de 5,04%, depois de terem atingido 5,22% às 13h25, principalmente em razão da alta no preço do petróleo. O índice Ibovespa também fechou em alta de 1,25%. “Essa mudança de ministro soa meio que neutra para o mercado”, avalia Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos e especialista em renda variável.

Boragini ressalta que o novo ministro é defensor da paridade internacional, além de ser um nome bem quisto pelo mercado. “Sachsida faz parte da equipe que define o controle do teto de gastos e é um defensor assíduo, ferrenho, da política que leva em conta o valor internacional dos combustíveis”, diz.

Além da questão dos combustíveis, Sachsida lidará também com a privatização da Eletrobras, uma das prioridades do MME. No momento, o processo, já aprovado pelo Congresso, está sob análise do Tribunal de Contas da União (TCU) e, se exitoso, poderá ser concluído até o início de agosto a depender de condições de mercado. “Mesmo sendo um importante interlocutor, não vemos a saída de Albuquerque como um retrocesso ao estágio do processo”, diz Arbetman.

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