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O dólar recua ante o real nesta sexta-feira (16), com o mercado recebendo bem a indicação de Roberto Campos Neto para o comando do Banco Central no lugar de Ilan Goldfajn. Às 13h39 (horário de Brasília), o dólar comercial recuava 1,1%, cotado a R$ 3,746. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa, avançava 1,68%, a 87.419 pontos.

Segundo analistas, investidores já precificavam nos últimos dias que Ilan não ficaria no cargo, o que, para o mercado, seria o melhor cenário. Assim, considerou Campos Neto um bom nome técnico, com reputação e história. 

"Ele [Roberto Campos Neto] é tido como um economista na linha do avô, extremamente liberal, identificado com as tesourarias do mercado financeiro e certamente é um nome que dará sequência a toda a política do BC implementada pelo Ilan, até então preferido pelo mercado", disse o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva. 

O anúncio de que Mansueto Almeida permanecerá no cargo de Secretário do Tesouro Nacional também ajuda o mercado, numa sessão encavalada entre o feriado e o fim de semana. 

Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, diz em comunicado que esses nomes, junto com o de Joaquim Levy no BNDES, dão suporte para a credibilidade da política monetária junto ao mercado. 

"Esses nomes sinalizam que o novo governo já começa com gente que está familiarizada com os detalhes importantes para o funcionamento da economia e dos principais processos que são necessários para ajustar o déficit público e manter a política monetária em estado de eficiência", escreveu. 

Reação 

A indicação do economista Roberto Campos Neto para a presidência do Banco Central (BC) pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), é uma boa escolha, pois tudo indica que ele é um excelente profissional, avaliou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. "Parece um bom nome, embora não sabemos qual sua avaliação a respeito de temas como regime de metas de inflação", disse. 

O economista observa que o futuro governo já sinalizou ser favorável à independência do BC. Neste sentido, acredita que a proposta deverá ser aprovada. Além disso, Rostagno acha pouco provável que a nova gestão interfira na condução do Banco Central. "O risco de isso acontecer é mínimo", concluiu. 

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, elogiou a indicação de Campos Neto. "Temos muito boas informações dele. É um profissional extremamente competente que trabalhou na tesouraria do Santander. A expectativa é muito boa e grande", afirmou o executivo. 

Para Lazari, o principal desafio da nova cúpula do BC em 2019 será o controle da inflação com a administração da política monetária. Questionado sobre se a Selic deveria cair no próximo ano, ele respondeu: "Tomara, se a gente tiver um quadro de inflação controlada que não possa correr qualquer perigo, por que não ter uma taxa de juros de 6,25%, 6,0% ou abaixo de 6,0%, de acordo com as condições da economia?", disse. "Para nós, isso vai acontecer agora, ou pouco mais para a frente, pois vamos entrar no seleto grupo de países que têm taxa de juros bastante baixa." 

José Júlio Senna, ex-diretor do BC e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), também elogiou a indicação. "Ele tem longa experiência de mercado financeiro, onde desfruta de uma imagem muito boa", disse. 

"Assim como o próprio Ilan e também Henrique Meirelles, Campos Neto veio do mercado financeiro, com o qual deverá ter boa interlocução. É um nome muito conceituado e trabalha em tesouraria, que é uma área importantíssima", disse o estrategista de renda fixa da GS Research, Renan Sujii. 

Para a economista-chefe da gestora ARX Investimentos, Solange Srour, Campos Neto é "respeitado" pelos agentes do mercado financeiro porque tem perfil liberal, está alinhado com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, e construiu sua carreira no mercado financeiro. 

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) elogiou, em nota distribuída nesta quinta-feira, 15, as "qualificações e experiência" de Campos Neto. 

A indicação de Campos Neto não foi exatamente uma surpresa - seu nome já circulava há dias no mercado como um dos potenciais indicados. Segundo Solange, da ARX, a credibilidade inicial do futuro presidente do BC dependerá dos próximos sinais para os rumos da política monetária, como a composição da diretoria do órgão e seus primeiros discursos. 

Por outro lado, a Continuum Economics, consultoria do economista Nouriel Roubini, em relatório, levantou dúvidas sobre o grau de liberdade de atuação de Campos Neto. "Nossa avaliação inicial é de que Campos seguirá a linha de Paulo Guedes no BC, o que não é a melhor perspectiva para um Banco Central que se espera independente. Vamos aguardar pelas indicações dos demais diretores para uma avaliação final", afirma o texto. 

Para Solange, o mercado "não gostou muito" quando, logo depois da eleição de Bolsonaro, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, falou sobre vender "US$ 100 bilhões" de reservas internacionais quando o dólar chegasse a "R$ 5,00", lembrou a economista. As informações são do jornal 

Atividade econômica e exterior 

O mercado estava de olho também no indicador de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br, divulgado nesta sexta. A ligeira queda de 0,09% em setembro, na comparação com o mês anterior, veio acima das expectativas dos analistas. No terceiro trimestre deste ano, a economia brasileira teve uma expansão de 1,74%, após quedas de 0,15% no primeiro trimestre e de 0,79% no segundo. 

Lá fora, predominava a cautela em relação ao "brexit", depois que a premiê britânica, Theresa May, anunciou que se mantém firme à retirada do Reino Unido da União Europeia em março, mesmo após renúncia de importantes ministros. 

Os principais mercados da Europa operam no vermelho. A Bolsa de Londres recua 0,64%. 

Das 31 principais divisas do mundo, 12 se desvalorizavam em relação ao dólar.

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