• Carregando...

Mercado financeiro O que é o boletim Focus

O boletim Focus nada mais é que uma pesquisa semanal feita pelo Banco Central. Toda sexta-feira, o BC recebe de 100 instituições financeiras de todo o país, como bancos e corretoras de valores, previsões sobre diversos índices da economia. Desta forma, o mercado financeiro informa o BC sobre suas expectativas para os níveis de inflação, a taxa de juros e o câmbio. Nas segundas-feiras, o Banco Central divulga, tanto a média obtida pelas 100 instituições como as projeções do grupo chamado Top 5 – as cinco instituições com maior nível de acerto em suas previsões. O boletim pode ser acessado na página do BC (www.bc.gov.br).

Os analistas do mercado financeiro reduziram mais uma vez a expectativa de inflação para este ano. O IPCA, índice utilizado pelo governo no sistema de metas de inflação, deve ficar em 3,91%, de acordo com o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central. O porcentual é levemente menor do que o divulgado na semana anterior (3,94%) e fica dentro da meta de inflação estipulada pelo governo federal para o ano, de 4,5% – a margem de tolerância é de dois pontos para cima ou para baixo.

Apesar de prever inflação menor, os analistas estimam que, na próxima semana, o Copom vá reduzir a taxa de juros em apenas 0,25 ponto porcentual. Com isso, a taxa Selic chegará a 12,75% ao ano. Até dezembro, segundo o boletim Focus, os juros básicos da economia brasileira devem chegar a 11,5%.

Para o coordenador do curso de Economia da UniFae, Gilmar Lourenço, a redução na expectativa da inflação já era esperada e confirma que o índice não deve passar de 4%. "Não existe nenhum grande componente de pressão sobre os preços para 2007. No mercado mundial, o preço do petróleo vem caindo e o das commodities está estável", afirma. O cenário interno também favorece a inflação baixa, segundo Lourenço. "As negociações do salário mínimo indicam para uma variação real bem menor do que no ano passado e há um esgotamento da capacidade de endividamento da população brasileira, o que demonstra que não deve ocorrer pressão sobre o crédito", acrescenta.

A expectativa de inflação em patamares bem menores do que a meta estipulada sinaliza ao Banco Central que seria possível cortar os juros de forma mais incisiva, avalia Lourenço. "Pena que o BC não perceba esse sinal. Poderíamos trabalhar com taxas de juros bem menores, e isso quem sinaliza são os próprios bancos, que participam da pesquisa do boletim Focus", diz. Para ele, a manutenção da presidência do Banco Central nas mãos de Henrique Meirelles mostra que os juros vão mesmo continuar caindo de forma "homeopática".

O diretor de fundos do Paraná Banco, André Paes, também afirma que há espaço para um corte de juros maior. "Não há nenhum fator de pressão no horizonte. A renda da população vem caindo e a capacidade de instalação da indústria está no mesmo nível há quatro anos, entre outras coisas", declara.

Já o economista Sérgio Martenetz pondera que a queda na expectativa de inflação mostra que a política do Banco Central está correta. "Antes o Banco Central promoveu cortes de 0,5 ponto porcentual, mas houve um pequeno recrudescimento da inflação. Ao reduzir o corte para 0,25 ponto porcentual, teve resultado favorável de inflação baixa, e por isso essa política deve se manter", avalia.

Câmbio

O boletim Focus estima que o dólar vá chegar a R$ 2,10 no fim do mês, e a R$ 2,15 até o final do ano. "Isso leva a crer que o câmbio vai continuar favorecendo o combate à inflação no Brasil, o que é outro fator que aponta para a possibilidade de corte de juros acima do que o BC vêm praticando", afirma Lourenço, da UniFae.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]