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Os mercados globais vieram abaixo nesta terça-feira, por temores com um possível desaquecimento econômico na China e nos Estados Unidos. O resultado no dólar foi a maior alta diária em nove meses.

A divisa norte-americana terminou a sessão a 2,120 reais, com valorização de 1,73 por cento, o maior ganho desde 24 de maio do ano passado, quando a moeda subiu 4,76 por cento. O volume de negócios ficou em 3,43 bilhões de dólares.

O leilão de compra de dólares feito pelo Banco Central à tarde ajudou a acentuar o avanço da moeda norte-americana.

O ponto inicial para o nervosismo no mercado foi o declínio de 9 por cento da bolsa de Xangai, por medo de que o governo chinês poderá adotar medidas duras para conter especulações e esfriar a economia.

Além disso, dados piores que o esperado dos EUA, após o ex-chairman do Federal Reserve Alan Greenspan ter dito na véspera que a maior economia mundial pode entrar em recessão no fim do ano, ampliaram mais ainda a aversão a risco dos investidores.

``O (comentário do Greenspan) pesa, mas é mais influência de alguma mudança pesada com relação à China. Isso que realmente desencadeou, nos mercados todo mundo começou a realizar e cair, o risco subiu bastante'', disse Paulo Fujisaki, analista de mercado da corretora Socopa.

Em situações assim, acontece no câmbio o chamado ``stop loss'': a cotação atinge patamar que provoca ordens automáticas de mudança de posição, levando à compra generalizada da moeda norte-americana antes que o preço chegue a níveis muito elevados.

Realização

Vale lembrar também que os investidores já estariam predispostos a ajustar suas posições e realizar lucros depois de recordes recentes, e aproveitaram o gatilho chinês.

``A bolsa estava esticada e o dólar muito baixo também... Ambos estavam numa trajetória que se permite ter esse tipo de ajuste, mesmo que seja brutal'', avaliou Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper.

Ele ponderou que, no caso do dólar, soma-se ainda a questão da proximidade do vencimento de contratos de dólar futuro no fim do mês, quando ocorre a disputa para formação da Ptax (taxa média do dólar).

``São dias que o exportador está um pouco mais tímido por já ter feito a quota de venda do mês, tudo isso junto fez com que o mercado fosse mais comprador'', explicou o gerente.

``E tem ainda os EUA sobre forte dúvida com relação se a economia vai ou não ser estabilizada de forma correta. Enquanto não ficar claro que vai aterrissar em 'soft landing'... tende a ter esse tipo de movimento de correção.''

BC compra

A tensão na sessão desta terça-feira não afastou o Banco Central da compra de dólares. No leilão, o BC definiu taxa de corte em 2,113 reais e operadores relataram cerca de 10 propostas aceitas.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, reafirmou nesta terça-feira a jornalistas que a autoridade monetária tem o compromisso de não adicionar volatilidade aos mercados e não interferir nas cotações, ao ser questionado sobre se o BC faria um leilão em um dia de nervosismo.

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