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O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, declarou hoje ter se surpreendido com as notícias de que o preço do pãozinho aumentaria no Brasil em razão da inclusão do trigo na lista de produtos dos Estados Unidos que podem sofrer retaliações do Brasil. "Isso é pura e exclusivamente especulação em torno de uma medida que será inócua em relação aos preços", afirmou, lembrando que os EUA são apenas um pequeno e esporádico fornecedor de trigo ao Brasil.

Miguel Jorge afirmou também ter ouvido queixas do setor têxtil por conta da inclusão do algodão na mesma lista. Ele lembrou que além dos EUA, há outros fornecedores de algodão para o Brasil, como o Egito e a Índia. O ministro ainda acentuou que estabeleceu dois conceitos básicos para formulação dessa lista por um grupo técnico da Camex. O primeiro era não provocar prejuízos no mercado interno, em termos de abastecimento, e o segundo, que a imposição da retaliação não gerasse aumento de preços. "Senão seria um tiro no pé", disse.

Encontro

Miguel Jorge afirmou que nenhum dos representantes do governo norte-americano com os quais se reuniu hoje apresentou proposta para a negociação de uma alternativa para as retaliações comerciais do Brasil aos Estados Unidos. Ele explicou que não tinha tal expectativa, visto que recebeu o secretário de Comércio, Gary Locke, e não um representante do USTR, órgão da Casa Branca responsável por negociações comerciais.

Miguel Jorge e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, terminaram no início da tarde um almoço com Locke, outras duas autoridades americanas e os presidentes do Fórum CEO. Nesse encontro, tampouco foi tocado no tema das retaliações. Segundo Miguel Jorge, as conversas giraram em torno dos acordos para eliminar a bitributação, na área de energia e de cooperação para o desenvolvimento e a inovação na geração de energia limpa de segunda e terceira gerações.

Questionado sobre o andamento das possíveis negociações entre Brasil e EUA para evitar as retaliações, Miguel Jorge declarou que não há nada ainda marcado, mas que haverá um encontro entre autoridades brasileiras e o representante de comércio dos Estados Unidos, Ron Kirk, no início de abril.

O ministro insistiu, mais de uma vez, que não há nenhuma chance de o Brasil recuar em relação às retaliações, caso não haja o cumprimento das determinações da Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos Estados Unidos. Ele acrescentou que tampouco os Estados Unidos pediram algo parecido com isso. "Os Estados Unidos nunca fariam um pedido como este", disse.

Miguel Jorge também mostrou-se pessimista com relação à possibilidade de contrarretaliações dos Estados Unidos ao Brasil. "Os EUA já se valeram de retaliações, são criadores da OMC e fazem parte dela", disse.

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