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A indústria automotiva do país sinalizou nesta sexta-feira com alta de preços após registrar em junho e julho os dois melhores meses de vendas da história do setor e depois de vender mais carros em agosto do que no mesmo mês de 2008.

As justificativas apontadas pelo setor para possíveis reajustes: redução no desconto de tributo federal a partir de outubro e aumento de custos com aço neste mês. O setor vem sendo beneficiado com desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) desde dezembro passado.

Mas o corte começa a ser revertido no próximo mês e não poderá ser totalmente absorvido pelas montadoras, afirmou nesta sexta-feira o presidente da Anfavea, associação que representa o setor, Jackson Schneider

"O aumento da carga pode implicar em mudança de preços. A lógica comercial é ter um potencial repasse de preço", disse.

Apesar de o governo ter prorrogado por duas vezes o prazo para o fim do desconto no IPI, Schneider disse que a indústria "não tem expectativa de que (o desconto) seja novamente renovado" e que "não há nenhum tipo de negociação sobre isso".

O presidente da Anfavea comentou também que o aumento dos preços do aço representa "outra pressão" sobre montadoras que, apesar de estarem vendendo mais no país, estão com margens pressionadas.

"Essa recuperação do mercado tem sido feita sobre margens mais estreitas... A indústria tem feito promoções intensas."

Após serem forçadas a conceder descontos nos seis primeiros meses do ano para desovar estoques de aço encalhados pela crise internacional, as siderúrgicas do país começaram este mês a rever preços com o início de retorno da demanda.

A Usiminas, por exemplo, informou no fim de agosto que iria reduzir descontos em cerca de 10 por cento a partir de setembro.

Segundo a Anfavea, o aço representa, em média, 20 por cento dos custos de um carro.

Procurado, o Instituto Aço Brasil (IBAr) não tinha representantes imediatamente disponíveis para comentar as declarações do presidente da Anfavea.

Preparação para setembro

As montadoras produziram em agosto 294,4 mil veículos, 4,4 por cento mais que em julho, apesar de uma queda de 9,6 por cento nas vendas na mesma comparação. O aumento no volume fabricado elevou estoques em preparação para um mês de setembro que deve ter vendas maiores que o mês anterior, disse Schneider.

Essa esperada antecipação de compras dos consumidores interessados em aproveitar preços menores antes da retomada gradual do IPI ocorreu também em junho e março, motivadas por indefinição do governo sobre renovação do desconto até o último momento.

Com a produção maior, os estoques de veículos novos no Brasil cresceram de 22 dias em julho para 26 dias de vendas em agosto, a 223.836 unidades.

O setor segue com as mesmas estimativas para desempenho no ano, de alta de 6,4 por cento nas vendas no mercado interno, para 3 milhões de unidades, mas produção em queda de 5,2 por cento, a 3,05 milhões de veículos.

Sobre as exportações, apesar de manter a previsão oficial da entidade em queda de 40 por cento em volume, para 440 mil unidades, Schneider afirmou que "pode ser que a gente não alcance os 440 mil no fim do ano".

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