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A reunião de cúpula do Mercosul no Rio terminou com o presidente da Bolívia, Evo Morales, fazendo pesadas críticas ao preço do gás pago pelo Brasil ao seu país, e o seu colega venezuelano, Hugo Chávez, propondo aos presidentes que participaram da reunião a maior participação do Estado nas suas respectivas economias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, voltou a afirmar que a integração regional está além de questões ideológicas.

Chávez - que foi um dos chefes de Estado que mais se divertiu na noite anterior em apresentação da Portela no Palácio do Itamaraty (clique e veja fotos) - admitiu que está propondo o socialismo aos países da América do Sul.

- Não quero contaminar o Mercosul, mas o mercado não é rei e senhor. Deixamos a época do neoliberalismo, como deixamos a época da ditadura - afirmou.

Lula conversa com Chávez em evento no Rio

Chávez lembrou que, das 300 principais empresas que fazem comércio no Mercosul, 40% são transnacionais e outras 35% são empresas que dependem de transnacionais. São firmas, segundo ele, que não têm qualquer interesse na integração. Ao contrário, disse o presidente venezuelano, querem a "desintegração" do bloco.Morales cobrou de Lula o aumento do preço do gás vendido pelos bolivianos aos brasileiros

- Digo para que o companheiro Lula me escute, por exemplo, que não é possível que Bolívia siga subvencionando gás ao Brasil. Há países que nos compram um milhão de BTUs (medida da quantidade de gás) por US$ 5 e para Cuiabá vendemos a US$ 1. Jamais vamos acabar com as assimetrias entre os países, mas só queremos um preço justo. Quando o nosso companheiro Lula fala de solidariedade e de generosidade, é importante que pensemos em US$ 5 por milhão de BTUs. Estamos aqui pensando em como vamos resolver os nossos problemas sociais - afirmou Morales.

Lula deu as boas-vindas aos "irmãos bolivianos (a Bolívia solicitou o ingresso no Mercosul) e disse que o bloco está aberto a quem mais quiser participar, mas a entrada oficial do país não foi confirmada nesta reunião. Em meio a muitas divergências que estão travando o avanço do bloco, Lula tentou demonstrar otimismo:

- Nunca existiu um clima político tão favorável à nossa integração - afirmou o presidente.

O presidente brasileiro destacou medidas aprovadas durante a cúpula no Rio, como o projeto do fundo de convergência, que financiará iniciativas dos sócios menores do bloco. Por enquanto, são cinco empreendimentos para o Paraguai e três, para o Uruguai.

Segundo o presidente, os valores compartilhados pelos sócios do Mercosul incluem o respeito à democracia e ao estado de direito. Lula lembrou ainda que, em 1990, às vesperas da criação do Mercosul, o volume de comércio entre os atuais países membros era de US$ 4 bilhões. Em 2006, esse montante chegou a US$ 30 bilhões.

Sentado entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o governador, Sérgio Cabral, Lula terminou seu discurso pedindo para que seus colegas presidentes se limitassem a falar por 13 minutos, o tempo de seu discurso. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, falou depois, por 35 minutos.

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