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O ex-presidente do Bamerindus, em foto de arquivo, tirada em 2005 | Agência Brasil/Wilson Dias/Arquivo
O ex-presidente do Bamerindus, em foto de arquivo, tirada em 2005| Foto: Agência Brasil/Wilson Dias/Arquivo

Vice-governadora lamenta a morte de Vieira; Câmara divulga nota

A vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (Pros), lamentou, em sua página pessoal no Facebook, a morte de José Eduardo Vieira

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O empresário José Eduardo de Andrade Vieira, que presidiu o banco Bamerindus e era proprietário do Grupo Folha de Comunicação (donos do Jornal Folha de Londrina e o portal O Bonde), morreu no começo da manhã deste domingo. Ele tinha 76 anos e deixa sete filhos. O empresário, que teve fez carreira política, estava internado desde 12 de janeiro, quando deu entrada em um hospital na cidade paranaense de Joaquim Távora para tratar uma pneumonia, sendo em seguida transferido para o Hospital Evangélico de Londrina.

Segundo informações do Portal Bonde, da Folha de Londrina, o corpo de Vieira está sendo velado no Crematorium Londrina e o velório deve permanecer aberto até as 21 horas deste domingo, reabrindo na segunda-feira (2) às 9 horas. A cerimônia de cremação está prevista para as 11h30.

José Eduardo de Andrade Vieira, nascido em Tomazina, no Norte Pioneiro, foi senador pelo Paraná e ministro nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. No primeiro governo, comandou o ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo (1992-1993) e, posteriormente, assumiu a Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária (1993). Durante o período FHC, voltar a chefiar a Agricultura (1995-1996).

Entre 1981 e 1997, presidiu Bamerindus, banco fundado por sua família e que foi vendido ao HSBC. Em 1992, ele se tornou sócio da Folha de Londrina e assumiu a superintendência do jornal em 1999.

Empresário foi senador e ministro

O nome de José Eduardo Andrade Vieira ficou ligado a quatro áreas de atuação. Na economia, foi o herdeiro e gestor de um dos maiores bancos privados do Brasil, o Bamerindus. Na política, se elegeu senador e chegou a ministro por duas vezes. Na imprensa, comprou um dos mais tradicionais jornais do Paraná, a Folha de Londrina. E na agricultura tocou suas fazendas até o fim da vida.

A ida para o banco foi, segundo o próprio Andrade Vieira, um "acidente de percurso". Nascido em Tomazina, no interior do Paraná, José Eduardo era integrante de uma família numerosa. Em 1981, aos 43 anos, um avião que levava boa parte da família caiu, matando dois dos irmãos. Um outro irmão havia morrido seis meses antes. Restaram José Eduardo e quatro irmãs (entre elas a empresária Maria Christina Andrade Vieira, falecida em 2011), e ele acabou assumindo o banco.

O período de maior destaque e a queda financeira vieram em seguida, e o próprio Andrade Vieira não conseguia deixar de suspeitar que as coisas estivessem ligadas. Em 1992, quando estava no segundo ano do mandato de senador obtido em 1990, numa disputa contra Tony Garcia, foi chamado por Itamar Franco para o ministério.

Durante alguns meses, chegou a acumular duas pastas: a da Indústria e Comércio com a da Agricultura. Em 1995, já com Fernando Henrique na presidência, voltou a ser ministro da Agricultura.

A queda viria dois anos depois, com a intervenção federal no banco da família. Fundado pelo pai de José Eduardo, o empresário Avelino Vieira, o banco tinha se firmado entre os maiores do país. "Em câmbio, chegou a ser maior que o Banco do Brasil", orgulhava-se o banqueiro. No entanto, a empresa passava por dificuldades financeiras e, em 1997, o mesmo governo Fernando Henrique que tinha colocado o paranaense no primeiro escalão, determinou sua derrocada.

A intervenção foi seguida da venda do banco e dos ativos para o britânico HSBC. José Eduardo nunca perdoou o que considerou uma traição do então presidente. Primeiro porque ele achava que o banco tinha condições de se recuperar. Segundo, porque, segundo o ex-proprietário, os ativos foram vendidos "a preço de banana". E terceiro porque José Eduardo nunca tirou da cabeça que Fernando Henrique tinha lhe tirado o banco porque ele estava ficando forte demais.

"Até para presidente da República eu cheguei a ser cogitado. Por isso que o Fernando Henrique fez a intervenção. Por medo de eu concorrer com ele. Com a intervenção no banco, obviamente afetou minha credibilidade e eu fiquei sem recursos para qualquer coisa", desabafaria quinze anos mais tarde ao jornal O Estado de S. Paulo.

Politicamente, a venda do Bamerindus significou o fim de José Eduardo. Terminado o mandato de senador, ele nunca mais se candidatou a nada. Continuou nos negócios com a Folha de Londrina, mas nunca voltou também à área econômica. No dia a dia, pouco ia à sede do jornal, em Londrina, e preferia passar os dias na Fazenda da Capela, em Joaquim Távora, onde cuidava do gado.

Há vários anos enfrentava problemas de saúde. Tinha, segundo ele próprio, "um pouco de diabetes". Em 2011, passou a ter problemas de fala que, segundo seu médico, poderiam ser consequência de um acidente vascular cerebral. "Não senti nada", disse em entrevista ao jornal Valor Econômico.

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