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Eduardo Peixoto, executivo-chefe do Cesar: objetivo da Tocaê é ter” 4,2 milhões de usuários, número equivalente a 2% do total de usuários de telefone celular no país | Divulgação
Eduardo Peixoto, executivo-chefe do Cesar: objetivo da Tocaê é ter” 4,2 milhões de usuários, número equivalente a 2% do total de usuários de telefone celular no país| Foto: Divulgação

Desviando do caminho das grandes gravadoras e das operadoras de celular, um canal paralelo de distribuição de músicas, chamado Tocaê, está formando um novo público consumidor. A nova rede nasceu como um meio para artistas independentes comercializarem suas composições em formato digital, num sistema de cartões pré-pagos bem parecido com o que muitos usuários de celular já estão acostumados. O produto quer "contaminar" as classes C, D e E, cuja maioria dos integrantes tem nas mãos um aparelho celular que não serve apenas para receber ligações, mas também para entretenimento – fotografia, jogos e música.

O projeto foi desenvolvido no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), onde estão operando inicialmente quatro pontos de venda do catálogo de mais de 300 músicas em formato digital. Cada uma delas custa R$ 0,50, mas os cartões são vendidos por R$ 2. Segundo projeções do executivo-chefe de negócios do Cesar, Eduardo Peixoto, se a nova moda "contaminar" 4,2 milhões de pessoas – que, na prática, representam cerca de 2% do total de usuários de celular no país –, o Tocaê será um negócio com receita de R$ 50 milhões ao ano.

Para efeito de comparação, o mercado brasileiro de música digital "oficial" em 2009 faturou R$ 42,7 milhões, receita dividida entre os canais de internet e de redes de telefonia celular. Esses canais representaram 13,5% da receita de R$ 315,6 milhões do mercado físico de CDs e DVDs musicais no ano passado, segundo os dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). Apesar de o mercado digital nacional ter sofrido sua primeira queda de arrecadação no ano passado (-1,7%), no mercado mundial o segmento continua crescendo: faturou 12% a mais em 2009, alcançando os US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 7,6 bilhões).

A queda detectada na arrecadação do mercado digital brasileiro, segundo Peixoto, tem um motivo claro: a música digital no Brasil, ainda que tenha ficado mais barata, continua muito cara. "A maioria dos telefones celulares comercializados hoje têm acesso à rede de dados das operadoras. O problema é que ninguém quer pagar tão caro por isso", diz. No universo de planos pré-pagos, que são 82,5% do total de usuários, uma música oficial custa cerca de R$ 2, mas o consumidor precisa ainda pagar pelo uso da rede, que levanta essa conta para até R$ 15. "Com esse valor dá pra comprar um CD inteiro na loja, e não apenas uma faixa", lembra Peixoto.

O projeto, portanto, se propõe a juntar as pontas entre o consumidor de música digital e o artista. Enquanto de um lado há um grupo crescente de usuários de celular, do outro estão os artistas, cujo faturamento cada vez menos depende da venda física de CDs. Além disso, o formato digital está entre as principais formas de promoção do trabalho artístico.

Dentro do plano de negócio, a divisão do faturamento do cartão fica em 50% para a rede, 20% para o revendedor e 30% para o artista. Apesar da participação, Peixoto diz que o ganho do artista não é necessariamente financeiro, mas de divulgação do seu trabalho e os dados agregados do download das suas músicas. Por exemplo, a rede Bluwhee é "geocalizada", portanto permite informar ao artista onde ele está sendo mais baixado pelo programa. "Se uma música entra na moda e começa a ser baixada em grande quantidade, o artista vai poder saber em quais cidades ele teve mais sucesso e agendar shows naquelas localidades, por exemplo." Estima-se que cerca de 70% do faturamento das bandas hoje provém de shows.

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