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| Foto: CARL DE SOUZA/AFP

Apesar de o Ibovespa ter fechado, nesta quarta, em baixa de 0,99% a 96.693 pontos e o dólar ter fechado o dia com uma leve alta de 0,33% a R$ 3,728, o mercado reagiu bem à proposta de reforma previdenciária apresentada nesta quarta pela equipe econômica. 

“A proposta veio bem robusta”, diz Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos. Mas a grande pergunta que o mercado financeiro se faz é quanto da reforma, que prevê uma economia de R$ 1,16 trilhão em dez anos, se tornará realidade. 

 É essa tramitação que terá uma influência decisiva no desempenho da Bolsa e do dólar nos próximos meses. Por se tratar de uma proposta de emenda constitucional, o rito é mais demorado: há a necessidade de aprovação em dois turnos na Câmara e no Senado por, pelo menos, três quintos dos parlamentares. 

 A consultoria política Eurasia Group projeta a aprovação na Câmara no primeiro semestre e no Senado, no segundo. Ela projeta que há 60% de possibilidade de que os deputados aprovem uma reforma mais moderada, que assegure uma economia de R$ 400 a 600 milhões. 

 O que é certo, segundo o especialista em investimentos Felipe Tadewald, da Suno Research, que há espaço para a Bolsa crescer. “Em termos ajustados pela inflação, ela ainda está subvalorizada”. 

 Mas o ritmo da expansão vai depender da evolução da tramitação e de quanto a reforma previdenciária vai ser ‘desidratada’ durante as negociações. “A proposta ainda necessita ser votada e o resultado final precisa agradar aos investidores”, diz Álvaro Frasson, da Necton Investimentos. Se tudo correr bem, ele avalia que o Ibovespa pode fechar o ano em 114,8 mil pontos. 

Daniel Xavier, economista-chefe do DMI Group, é um pouco mais otimista. Ele acredita que o índice pode ir até 120 mil pontos se a reforma não for muito diluída. “Tudo vai depender do andar das discussões”, destaca ele. Sem a aprovação, avalia que o Ibovespa pode retornar ao nível de 90 mil pontos. 

Tramitação será decisiva 

 Lucas Carvalho, da Toro Investimentos, ressalta que a proposta veio com “gordura suficiente” para as negociações.

Agora que o jogo começa, o mercado vai ficar bem atento ao processo de tramitação, que não pode ser muito alongado.

 É quando ocorrerá o teste de fogo da reforma previdenciária. Segundo Xavier, apesar de a proposta de economizar R$ 1,16 trilhão ser positiva e ajudar na estabilidade das contas públicas e na relação entre o endividamento e o PIB é certo que virão fortes resistências. E elas devem ser lideradas por grupos diversos como o funcionalismo público e sindicalistas. 

Philippe Aguiar, da Ativa Investimentos, não acredita que a proposta seja aprovada com uma economia superior a R$ 1 trilhão. “O governo jogou valores elevados para a proposta para conseguir um meio termo.” 

 Segundo Carvalho, uma economia próxima aos R$ 700 bilhões já é bem interessante. E, segundo ele, a aprovação em um bom nível é condição fundamental para atrair o investidor estrangeiro. Mas os reflexos positivos não parariam por aí. Ele lembra que a reforma da Previdência é vital para a economia como um todo. 

Sem reforma, o governo teria de adotar uma política mais contracionista, com impacto no crescimento econômico.

 A aprovação poderá contribuir para uma maior expansão da economia. Salomão, da Rico, sinaliza para a possibilidade da reversão da trajetória crescente do déficit fiscal. “Dá mais previsibilidade, facilita os investimentos e estimula o crescimento sem inflação.” 

 Frasson, da Necton, aponta que um dos principais cuidados que o governo precisa ter neste momento, de acordo com ele, é o de se focar na tramitação e aprovação. “É preciso que o governo pare de se atrapalhar, isso consome energia e capital político”, referindo-se ao caso Queiroz e ao episódio que resultou na queda de Gustavo Bebianno, ex-secretário-geral da Presidência. Mas uma coisa é certa: haverá maior volatilidade na Bolsa por causa do trâmite das negociações. 

Benefícios 

 Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo apontam que não há papéis específicos a serem beneficiados pela eventual aprovação da reforma previdenciária. “Os ganhos virão em bloco”, avalia Aguiar, da Ativa Investimentos. Ele compartilha do otimismo de Xavier e acredita que a Bolsa pode chegar a 120 mil pontos. 

 Grupos específicos de empresas também podem ter uma maior valorização na Bolsa, destaca Salomão, da Rico Investimentos. Entre eles estão as estatais, as ligadas ao setor de infraestrutura e ao imobiliário. “As estatais podem melhorar na eficiência; a infraestrutura ganha com a desburocratização e o imobiliário com a queda nos juros.”

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