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Diferente do que muitos pensam, a Serasa Experian não é um órgão governamental. A Serasa, que se tornou Serasa Experian em 2007 após ser comprada por uma multinacional irlandesa, é uma empresa de capital privado que se mantém por meio dos convênios que realiza com empresas brasileiras. Ela é de interesse público, por isso a confusão.

A Serasa é uma empresa de proteção ao crédito que funciona como ponto central para apoiar decisões de negócios. Para isso, mantém um banco de dados com informações dos consumidores que estão negativados, ou seja, que estão devendo na praça. Comerciantes e empresas que tenham risco de sofrer inadimplência podem consultar o banco de dados da Serasa para saber se o consumidor está inadimplente. (Recentemente, o serviço foi aberto para pessoas físicas também.) E é justamente a partir dessas consultas que a Serasa se mantém.

Todo dia, mais de seis milhões de consultas são efetuadas no banco de dados da Serasa por 500 mil empresas brasileiras conveniadas. E essas consultas são pagas. Por mês, são mais de 180 milhões de vezes que as empresas consultam e pagam a Serasa para saber os dados de determinado consumidor.

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No site da Serasa Experian, as empresas podem comprar pacotes de créditos para consultas às informações dos consumidores. São cinco pacotes que vão de R$ 45 a R$ 500. O plano inicial dá direito a seis consultas ao relatório simples que inclui informações como pendências e cheques sem fundos de pessoas físicas ou jurídicas. A Serasa vende outros serviços a empresas e pessoas físicas, como certificados digitais, cursos online e consultorias, mas seu carro-chefe são as consultas aos bancos de dados.

Para o vice-presidente da Serasa Experian, Vander Nagata, o país sem uma empresa de proteção ao crédito seria num verdadeiro caos. Segundo ele, haveria muita insegurança na concessão do crédito e a economia não se desenvolveria de forma robusta. Por outro lado, quando se tem uma administração central da informação, as empresas conseguem reaver as suas dívidas e não repassam o prejuízo para novos consumidores. Dessa forma, Nagata defende que a Serasa tem um papel fundamental no equilíbrio da economia.

O vice-presidente explica que as empresas negativam os consumidores com objetivo de reaver a dívida. “No entanto, isso nunca é uma coisa desejável para quem está vendendo, porque a empresa quer que o cliente volte e compre outras coisas”, ressalta.

A negativação ocorre por critério das próprias empresas, que também decidem vender ou não para um cliente com dívidas no mercado. “A decisão final da venda é da empresa. Inclusive, muitos varejistas vendem para pessoas que estão negativadas. Cada empresa tem a sua estratégia e isso é um segredo empresarial”, pontua Nagata. Assim, a negativação dificulta a compra no crédito, mas não a impede. Um consumidor negativado tem seu nome no banco de dados da Serasa por até cinco anos. Caso pague sua dívida, sai imediatamente da lista de devedores.

Um país endividado

Em novembro do ano passado, mais de 60 milhões de pessoas estavam com dívidas atrasadas no Brasil, um recorde histórico. Segundo o Indicador de Educação Financeira (INDEF) da Serasa Experian, 62% das pessoas sentiram que suas despesas eram maiores que seus rendimentos ao menos uma vez nos últimos doze meses. Isso representa um crescimento de 11 pontos percentuais em relação a 2015.

Para Nagata, o alto número de devedores no Brasil ocorre, entre outros fatores, pela imaturidade em se lidar com o crédito no país. “O cartão de crédito só começou a crescer no Brasil nos anos 2000. O país ainda está engatinhando nisso, o que leva muitas pessoas ao descontrole”, justifica.

Somado a isso, Nagata lembra das crises financeiras que o país enfrentou, o que agrava o desemprego e a perda de renda do consumidor. Assim, o vice-presidente aponta como uma das saídas para este quadro o incentivo à educação financeira para um consumo consciente no Brasil.

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