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Hilab, equipamento da Hi Technologies. | Eduardo Antônio von Linsingen/Divulgação
Hilab, equipamento da Hi Technologies.| Foto: Eduardo Antônio von Linsingen/Divulgação

A rede de farmácias Nissei começou a oferecer exames laboratoriais feitos com apenas algumas gotas de sangue em que o resultado sai, em média, entre 5 a 10 minutos. A tecnologia utilizada foi desenvolvida pela empresa curitibana Hi Technologies, que lançou no ano passado um aparelho chamado Hilab que associa internet das coisas e inteligência artificial para acelerar o laudo de exames feitos a partir da coleta de sangue. O aparelho já é utilizado em clínicas populares, farmácias independentes e consultórios médicos de 16 estados e agora passa a ser usado em uma rede de farmácias de grande porte.

A Nissei está oferecendo o serviço nas suas lojas 24 horas dos bairros Seminário, Cabral e Santa Felicidade, em Curitiba. Inicialmente, é possível fazer os exames de gravidez (Beta HCG) e o de perfil lipídico (colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol e triglicerídeos). Não é necessário estar em jejum, nem apresentar uma guia ou recomendação médica. Também não há restrição de idade ou outro fator. O custo é de R$ 40 por exame e o resultado sai em até 10 minutos. O laudo é enviado em formato pdf para o e-mail do paciente, que também pode acessar o resultado através do site do Hilab.

A iniciativa de trazer o Hilab para a Nisssei faz parte do programa desenvolvido pela rede para oferecer serviços de prevenção e acompanhamento de doenças aos clientes, além da tradicional venda de medicamentos. Carolina Escobar, coordenadora de serviços farmacêuticos da Nissei, afirma que a principal vantagem do Hilab é oferecer laudos laboratoriais em um curto espaço de tempo e a um preço acessível. Ela afirma que a intenção da empresa é aumentar o leque de exames com o tempo. O Hilab faz exames como HIV, vírus Zika, Chikunguya, dengue, hepatite, teste de gravidez, colesterol total, HDL, hemoglobina glicada, vitamina D, glicemia, etc.

A ampliação do serviço na Nissei, porém, será feita conforme a demanda. “Nosso público curitibano é ressabiado com novas tecnologias. Lançamos oficialmente na semana passada e estamos tendo uma procura moderada, mas esperamos gradativamente ampliar o número de testes e farmácias”, diz Carolina. A Nissei começou a testar o Hilab e a treinar os funcionários no fim do ano passado e, na semana passada, adotou a tecnologia em três unidades.

Como funciona

O Hilab, como é chamado o aparelho desenvolvido pela empresa Hi Technologies (parte do Grupo Positivo), é um dispositivo portátil, de 12 centímetros cúbicos, que cabe na palma da mão. O funcionamento é simples: o sangue é coletado da ponta do dedo do paciente através de uma seringa e colocado dentro de uma cápsula. Depois, essa cápsula é colocada dentro do aparelho, onde o sangue entra em contato com os reagentes bioquímicos. A amostra é, então, digitalizada pelo próprio aparelho e transmitida digitalmente (via internet) para o laboratório da Hi Technologies.

No laboratório, a equipe de biomédicos atua em conjunto com robôs (programas capazes de ler exames, utilizando técnicas de inteligência artificial e parâmetros pré-estabelecidos pela equipe da empresa) para dar o resultado. O resultado sai, em média, dentro de 5 a 10 minutos. Para exames mais complexos, como o do vírus Zika, o prazo chega a até 20 minutos. Os laudos obedecem os padrões da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e o dispositivo é autorizado pela Anvisa.

O modelo de negócio do Hilab

O produto foi desenvolvido pela Hi Technologies utilizando tecnologias da Microsoft e da Intel. O objetivo, conta Marcus Figueredo, CEO da empresa curitibana, era criar um jeito muito simples de fazer exame de sangue, com um preço acessível. “Queremos levar tecnologia para quem não tem acesso ao laboratório”, conta o CEO. A empresa nasceu como uma startup em 2004 e já tinha experiência no desenvolvimento de tecnologias na área médica, mas identificou no setor de exames laboratoriais uma oportunidade de mercado.

A proposta do Hilab é oferecer aos pacientes a possibilidade de fazer um único exame por vez. Nos laboratórios tradicionais, por exemplo, é comum a coleta de alguns tubos de sangue para que essa amostra possa ser fracionada e levada para diversos equipamentos para a realização de múltiplos exames. E, como os laboratórios tradicionais trabalham somente com grandes quantidades de amostras, precisam esperar a coleta de diversas unidades para fazer a análise. “Às vezes, eles levam cinco dias para ter amostras em quantidade suficiente para valer a pena economicamente”, diz Figueredo.

A Hi Technologies inverteu essa lógica. Ela foca em fazer um único exame de um único paciente por vez. “O exame da tireoide é um dos mais pedidos nos laboratórios. Mas, normalmente, o médico pede para fazer o TSH, T3 e T4 de uma só vez, até por uma questão logística. Mas se o TSH não está alterado, os T3 e T4 não precisam ser feitos”, explica Figueredo .

Além de fazer somente os exames necessários, o Hilab usa a tecnologia para baratear os custos e agilizar o resultado. O aparelho é conectado à internet e digitaliza a amostra e envia à nuvem as informações para o laboratório da empresa. Assim, elimina o custo logístico. Além disso, no laboratório, a tecnologia entra de novo em cena ao auxiliar os biomédicos a dar o resultado dos exames.

A empresa conta com uma equipe de cerca de 80 pessoas, sendo que 20 atuam no laboratório. Os demais se dividem na área de atendimento ao cliente (tirar dúvidas, etc.), tecnologia (programação, etc.) e rotinas administrativas. A sede fica em Curitiba.O produto já está sendo utilizado por farmácias, clinicas populares e médicos de 16 estados e, em breve, deve chegar a mais uma grande rede de farmácias.

A Hi Technologies disponibiliza gratuitamente o dispositivo e as cápsulas e cobra somente pelo resultado do exame. Esse modelo, explica Figueredo, foi escolhido para facilitar a adoção da tecnologia, já que, se os parceiros precisassem comprar o produto, o equipamento provavelmente teria uma adoção mais restrita. A ferramenta, porém, é vendida somente para profissionais e empresas ligadas à área da saúde, que cobram pela aplicação nos pacientes e ganham em cima disso.

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