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Migrant Vai1 , drone com uma câmera de 360º, exibido no Singapore Airshow. | SeongJoon Cho/Bloomberg
Migrant Vai1 , drone com uma câmera de 360º, exibido no Singapore Airshow.| Foto: SeongJoon Cho/Bloomberg

Atrás das ruidosas demonstrações de voo acrobático e das fileiras de visitantes ansiosos pelos aviões de combate e mísseis na pista, o futuro da aviação é exibido em um salão cavernoso no maior show aéreo da Ásia. Esse futuro é repleto de drones.

Em meio a uma multidão de executivos de marketing, militares e jornalistas no Singapore Airshow, há sempre um drone, ou veículo aéreo não tripulado (UAV, na sigla em inglês) em quase todos os cantos. Do enorme avião espião da Northrop Grumman, o Global Hawk, que veio da base da Força Aérea dos EUA em Guam, até um pequeno quadricóptero a bateria da empresa local AeroLion Technologies, capaz de voar através de túneis subterrâneos sem GPS, há um drone para tudo.

Bem, quase tudo. Os executivos das grandes fabricantes de aviões ainda são cautelosos quando se trata de aviões de passageiros sem piloto. As viagens autônomas têm um longo caminho a percorrer antes que o grosso do público não se importe em entrar em um avião com ninguém à frente.

“Há muitos passos a serem tomados antes que a Boeing possa lançar um avião autônomo, mas estamos dando os primeiros”, disse Charles Toups, vice-presidente e gerente geral de pesquisa e tecnologia da Boeing, que, no mês passado, revelou um enorme avião de reabastecimento no ar não tripulado feito para a Marinha dos EUA.

Mas, desde que não haja muitos passageiros na cabine, está claro que todos no negócio da aviação já sabem que os UAVs estão próximos. Há estandes oferecendo drones para entregar pacotes, para fazer filmagens panorâmicas em altíssima definição (4K), pulverizar lavouras, transportar pessoas para o trabalho, espiar o seu vizinho, bombardear terroristas, combater incêndios e dezenas de outras tarefas. A Airbus exibe o octocóptero Skyways, dizendo que começará a testar um sistema automatizado de entrega de pacotes em Cingapura no primeiro semestre deste ano.

“A automação remodelará completamente a economia mundial”, disse Guillaume Thibault, sócio da consultoria em gestão Oliver Wyman, em uma sala de conferências no evento intitulada “A Revolução Autônoma — A Corrida Começou”.

O show aéreo acontece até este domingo (11).

Desafios para o futuro

Com todas essas aeronaves sem piloto no ar, muito se discute sobre como gerenciar esse futuro, particularmente nas proximidades de aeroportos. Thibault ressaltou que em 2015 havia cerca de 320 mil aviões em uso ativo em todo o mundo, enquanto os consumidores compraram 4,5 milhões de drones. Os anúncios que saem na imprensa todos os dias são, ele disse, “apenas a ponta do iceberg”.

Uma frase de efeito comum e um pouco descontraída entre os participantes militares e civis é “enxames de drones” — divertido se você estiver colorindo o céu noturno em um festival de rock, menos divertido se eles estiverem carregando bombas.

A empresa britânica Aveillant, comprada pela Thales no ano passado, oferece o seu “radar holográfico” Gamekeeper para aqueles preocupados com os exércitos de robôs aéreos. Ao contrário do radar de rotação habitual, o sistema da Aveillant usa uma matriz de varredura sempre ligada que a empresa diz ser capaz de detectar um dispositivo do tamanho de um cubo de açúcar a cinco quilômetros de distância.

Para aqueles mais preocupados com privacidade ou que oferecem segurança portátil, a empresa local de Singapura TRD Consultancy chama a atenção para o seu pequeno suporte com um dispositivo em formato de rifle que pode bloquear eletronicamente um drone indesejável. Seu sistema Orion pode desativar um UAV e derrubá-lo ou enviá-lo de volta para o local de origem, de acordo com o diretor de desenvolvimento de negócios, Ben Heng. O dispositivo custa cerca de US$ 20 mil, mas à medida que mais empresas entram no mercado, espera-se que os repelentes de drones passem a figurar nas listas de compras de Natal nos próximos anos.

Além dos drones

Tanto para aeronaves pilotadas quanto autônomas, o show dedica bastante espaço para como alimentá-las. Tal qual a indústria automotiva, a aeroespacial está tentando se afastar do uso de petróleo e mais de uma empresa promove aeronaves elétricas ou híbridas, geralmente com decolagem vertical, capazes de serem usadas como táxi aéreo ou avião corporativo.

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Para a maioria dessas empresas, tais planos ainda estão na prancheta de design ou em protótipos em escala menor. A Samad Aerospace, no setor “O que vem a seguir?” do evento, apresentou um protótipo em escala 1/10 do Starling, seu avião de descolagem vertical, cuja versão completa transportará 10 passageiros até 1.600 km.

Seyed Mosheni, CEO da Samad Aerospace, diz que os potenciais clientes são “pessoas com alto poder aquisitivo, políticos, grandes empresa — quem possui jatos comerciais e helicópteros”. Sua empresa, sediada no Reino Unido, está desenvolvendo três modelos, que vão do jato híbrido turbofan elétrico a um UAV movido a bateria com capacidade de carga de 10 kg.

Em um pequeno canto do corredor, no espaço dedicado às startups, Jogjaman Jap, de 31 anos, tem uma solução alternativa. Sua empresa, a Spectronik, oferece uma célula de combustível de hidrogênio que confere autonomia dez vezes maior a um drone do que uma bateria de lítio convencional e que pode ser reabastecida em apenas alguns minutos. “Estamos aumentando a escala para a indústria automotiva”, diz.

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