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WhatsApp é usado por 1,2 bilhão de pessoas |
WhatsApp é usado por 1,2 bilhão de pessoas| Foto:

O Brasil adora o WhatsApp. Em diversas pesquisas, o app, propriedade do Facebook, aparece como o mais usado e o mais querido pelos brasileiros. Em uma palestra na Universidade de Stanford, Jan Koum, cofundador do WhatsApp, nos deixou em dívida com a Argentina. Não fosse uma passagem do desenvolvedor pelo país vizinho, meses antes do WhatsApp ser criado, e a complexidade da telefonia de lá, ele talvez jamais tivesse existido.

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Koum, atualmente CEO do WhatsApp e membro do conselho do Facebook, foi a Stanford contar a história do seu produto. Em 2014, o Facebook comprou o WhatsApp por cerca de US$ 19 bilhões. Falando a um grupo de estudantes, ele enfatizou que o sucesso do app é quase acidental, fruto de uma convergência de fatores, de estar no lugar e na hora certa. Em especial, os altos custos para trocar mensagens SMS na época, a falta de interoperabilidade entre os celulares disponíveis então e a explosão da economia de aplicativos promovida pelo iPhone no final dos anos 2000.

Koum e Brian Acton, o outro fundador do WhatsApp, trabalhavam no Yahoo por volta de 2007. Lá, disse, a dupla aprendeu bastante sobre a infraestrutura de serviços na Internet, especialmente como crescer sem elevar os custos ou a complexidade dos servidores.

Argentina e iPhone

Quando foram demitidos, em 2008, Koum tirou um ano sabático para viajar. Foi à Rússia, Hungria, Israel, Ucrânia (onde nasceu) e à Argentina. Em cada um desses lugares, ele disse ter sentido dificuldade em se comunicar com os amigos de San Francisco. “Especialmente na Argentina”, fez questão de destacar. Os códigos para ligações internacionais do país eram, segundo Koum, muito complicados.

No começo de 2009, meses antes do seu aniversário, Koum se deu um iPhone de presente antecipado. O produto havia sido lançado dois anos antes e a capacidade de rodar apps tinha chegado meses antes, no final de 2008. O desenvolvedor se interessou pela possibilidade de criar apps para a então nova plataforma. “Era um minicomputador que conseguia se comunicar com servidores na Internet”, relembrou.

A primeira coisa que Koum e Acton fizeram foi o WhatsApp. Porém, a versão 1.0 era bem diferente – não dava para sequer trocar mensagens. O WhatsApp seguia a lógica de que toda primeira mensagem em apps de bate-papo da época, como o MSN Messenger, era uma pergunta do tipo “você está aí?” O WhatsApp 1.0 resolvia esse problema: ele servia apenas para definir um status de modo que seus contatos pudessem saber se você estava disponível ou não antes de fazerem uma ligação.

A chegada das mensagens

Jan Koum, cofundador e CEO do WhatsApp
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O problema é que esse “problema” não era tão grave na vida das pessoas. Nas palavras do próprio Koum, a primeira versão do WhatsApp foi “um fracasso horrível, um desastre”. Mesmo assim, as pessoas baixaram o WhatsApp porque não havia muitos apps disponíveis. Na época, entre mil e dois mil – hoje, a App Store tem mais de 2,2 milhões.

A virada começou em meados de 2009, quando a Apple introduziu notificações push no iPhone. O recurso já era comum em outros sistemas como o Symbian, da Nokia, e o BlackBerry OS. A chegada do recurso ao iOS, sistema do iPhone, foi um momento “aleluia” para o programador porque liberava os apps de terem que ser abertos para interagirem com os usuários. 

Em paralelo, Koum e Acton já tinha notado que os usuários estavam usando o WhatsApp para fins diversos do pensado originalmente. Ele tinha virado como uma ferramenta de comunicação em massa. Os usuários alteravam o status para algo como “estou indo ao bar” para avisar a todos de suas agendas. Uma mensagem, pois.

De repente, tudo se encaixou. Havia uma oportunidade, especialmente porque, fora do iPhone, que tinha o iMessage e antecipou muitas convenções dos apps de mensagens vigentes até hoje, o SMS era bastante rudimentar. As mensagens sequer ficavam atreladas a cada usuário, como uma conversa contínua, e falhavam com frequência.

Foi a deixa para incluir o recurso de mensagens no WhatsApp. Ele chegou em setembro de 2009. E, nesse início, eram apenas mensagens mesmo, e somente de uma pessoa para outra. Koum contou que, além da precariedade do SMS, o recurso também era caro, especialmente para envios internacionais. As soluções na Internet eram inadequadas para o uso móvel, caso do Skype. “Não havia uma boa forma das pessoas se comunicarem em tempo real”, disse.

A base já estava pronta: o WhatsApp sabia quem tinha o app instalado a partir da agenda de contatos, os protocolos já funcionavam e toda a infraestrutura rodava sem problemas, de forma confiável. Acrescentar a troca de mensagens e, depois, toda a sorte de funções, como grupos, envio de fotos e ligações, foi consequência.

Sem publicidade e autopromoção

WhatsApp em meados de 2009

Koum explicou por que não costuma aparecer em conferências e conceder entrevistas: sorte em ter um produto de que as pessoas precisavam: “Não havia a necessidade de nos promovermos porque tínhamos pessoas que precisavam do nosso produto e milhões de outras aguardando lançarmos o app em um novo sistema ou novos recursos. Era só uma questão de focar e escrever o programa.”

Esse foco na necessidade dos usuários direcionou decisões que, para a maioria das outras empresas, seriam estranhas. O WhatsApp surgiu no iPhone, mas logo ganhou versões para celulares Nokia, BlackBerry e Android, porque eram as plataformas mais usadas fora dos Estados Unidos. As contratações, de amigos ex-funcionários do Yahoo, visavam suprir essas necessidades. Quando foi comprado pelo Facebook, o WhatsApp tinha apenas 55 funcionários.

“Se você pensar em smartphones, mensagens são uma aplicação primordial para eles. Nós basicamente trombamos num app matador. Não há nada que você faça mais no celular do que se comunicar. Na maior parte do tempo você está falando com amigos, familiares, entes queridos, no iMessage, WhatsApp ou Skype”, completou.

Atualmente o WhatsApp tem 1,2 bilhão de usuários, sendo 10% deles, ou 120 milhões, apenas no Brasil.

Clique aqui para assistir à palestra de Koum em Stanford (em inglês, sem legendas).

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