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Rio de Janeiro – A mudança de contabilidade das contas do governo será um dos principais fatores a gerar dificuldade na projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do país após a mudança de metodologia do IBGE, segundo avaliam economistas. O consumo do governo, que responde por cerca de 15% do PIB, hoje é calculado na maior parte de acordo com a projeção de crescimento populacional e, a partir da mudança, espelhará os gastos efetivos do governo.

Os novos dados do PIB serão divulgados pelo IBGE a partir do dia 28 de março, quando será apresentado o PIB de 2006 de acordo com a nova metodologia. O PIB do ano passado que será divulgado na próxima quarta-feira só valerá por um mês.

Bráulio Borges, da LCA Consultores, explica que a base de ponderação das contas nacionais para o PIB era o Censo de 1985, e agora é o de 2000. A nova base também será atualizada anualmente, de acordo com as pesquisas estruturais do IBGE. Desse modo, haverá uma forte mudança em dados importantes como as contas do governo.

Borges disse acreditar que a participação do consumo do governo no PIB decrescerá, já que na metodologia atual o cálculo desse indicador é feito de acordo com projeção populacional e, com a nova metodologia, levará em conta, efetivamente, os gastos públicos. "É razoável imaginar (a queda de participação) porque como o PIB brasileiro tem um crescimento fraco na média nos últimos dez anos, o consumo efetivo do governo deve ser pior do que o crescimento populacional", explica Borges.

Apesar de benéfica, a transformação trará muita dor de cabeça para os analistas, segundo avalia Borges. Ele disse que, inicialmente, as projeções para os resultados do PIB serão mais difíceis, mas depois todos se adaptarão às novas regras.

Por outro lado, ele sublinha que a análise econômica será imediatamente enriquecida com os novos dados. Borges lembra que a recomendação das Nações Unidas para o cálculo do PIB é que a base de cálculo mude, no máximo, a cada cinco anos. A nova metodologia utilizará pesquisas do IBGE como a Pesquisa Anual de Serviços, Pesquisa Industrial Anual, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e Pesquisa de Orçamento Familiar (POF).

Estevão Kopschitz, analista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também considera o consumo do governo uma das variáveis que dificultarão as projeções para o PIB, mas concorda que a mudança de metodologia é positiva. "O PIB reflete todas as rendas geradas na economia e quanto mais o medidor se aproximar do que ele quer medir, melhor", avalia.

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