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Moeda virtual Bitcoin pode ser o novo ouro. No mercado americano, ela já vale mais que o metal precioso. Leia na Gazeta do Povo. | Pixabay
Moeda virtual Bitcoin pode ser o novo ouro. No mercado americano, ela já vale mais que o metal precioso. Leia na Gazeta do Povo.| Foto: Pixabay

À primeira vista, o Bitcoin e o ouro são como água e vinho. O ouro é um metal precioso considerado uma das reservas de valor mais antigas da humanidade. Sua compra e venda é regulamentada pelo Banco Central e sua cotação no país é calculada com base na variação do dólar. Já o Bitcoin é uma moeda virtual que não existe fisicamente. Ele surgiu há menos de dez anos e não possui regulamentação no Brasil. Seu valor é determinado por softwares, com base na lei da oferta e demanda.

Mas, ao mesmo tempo em que são tão diferentes, as duas reservas de valor têm várias semelhanças. O ouro e o Bitcoin existem em uma quantidade limitada. Garimpar novas unidades é quase impossível. E, devido a essa raridade, ambos atingiram valores de mercado elevados. As duas moedas também têm trânsito global e estão ou estiveram sujeitas a oscilações constantes e períodos de bolha e superinvestimento.

Conheça as semelhanças e diferenças entre o Bitcoin e o ouro

Entenda como funciona o Bitcoin

Moeda virtual é suscetível a oscilações e crimes

Com tantas comparações inevitáveis, o Bitcoin passou a ser chamado de novo ouro. Ou, melhor, o ouro da internet. A moeda virtual foi lançada em 2009 e nos seus pouco mais de sete anos de existência atingiu valor de mercado de US$ 20,4 bilhões. São 16,2 milhões de Bitcoins em circulação na internet, com previsão de chegar ao limite máximo de 21 milhões de unidades até 2033. A moeda já é usada para investimento, poupança, doação e compra e venda de produtos e serviços.

O seu crescimento fez com que sua cotação superasse, inclusive, o preço de venda da sua co-irmã. No início deste mês, pela primeira vez na história, um Bitcoin passou a valer mais do que uma onça de ouro (medida padrão para a negociação do metal no mercado norte-americano). A moeda virtual estava sendo cotada a US$ 1.265, enquanto o metal precioso era vendido a US$ 1.233.

Isso quer dizer que o Bitcoin seria mesmo o novo ouro? Ainda é cedo para dizer. Mas especialistas em moedas criptografadas garantem que a sua concepção veio para ficar e, com o tempo, a comercialização e procura ficará cada vez mais constante. Até mesmo novas moedas virtuais, concorrentes diretas, devem ganhar força no mercado, como a já existente Litecoin.

“O Bitcoin não é algo novo como ideia. A necessidade de ter um dinheiro digital surgiu junto com a criação do e-commerce. A internet comercial foi criada pensando em realizar transações virtuais. Mas só no fim de 2009, depois de várias tentativas, é que se conseguiu criar a primeira moeda virtual [o Bitcoin], criptografada, sem depender de intermediários financeiros”, afirma o CEO do Mercado Bitcoin, Rodrigo Batista.

O professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ebape) Alexandre Linhares diz que a moeda ganhou força por dois motivos. Primeiro, por ser uma necessidade do mundo digital, já que facilita as transações on-line e elimina a necessidade de intermediários financeiros. Segundo, por ser menos suscetível a intervenções governamentais.

“Não tem como ter hiperinflação no Bitcoin, porque o número de moedas é limitado. Se um banco quebra, nada acontece com sua moeda porque ela não depende de intermediários financeiros. E ela permite microtransações, o que facilita doações e compras menores”, explica Linhares.

Curiosidade

O Bitcoin ganhou notoriedade depois que o WikiLeaks passou a aceitá-lo como forma de pagamento.

Como funciona

O Bitcoin é uma moeda virtual, ou seja, só existe na internet. Ela foi lançada em 2009 por um programador ou um grupo de programadores com pseudônimo de Satoshi Nakamoto. Até hoje, ninguém conhece a identidade do criador ou do criadores. Eles - ou ele - programaram tudo e criam um software responsável pelo funcionamento da moeda. É esse software que gera as carteiras virtuais, as moedas e aceita e armazena as transações. O código da sua programação é totalmente aberto e nunca foi alterado para fins criminosos.

O curioso é que não existe uma instituição ou alguém cuidando do software. Qualquer pessoa com grandes conhecimentos de informática pode baixar o sistema em sua casa e virar um “minerador”, termo técnico utilizado. Os minerados atuam como guardiões para o bom funcionamento da moeda e estão espalhados por diversos lugares. Em troca, são compensados com Bitcoins.

Para ter um Bitcoin, se você não é um minerador, o primeiro passo é ter uma carteira virtual. Essa carteira é igual a conta de um banco: ela tem um número e este número é único e exclusivo seu. Com sua carteira em mãos, você pode comprar e vender Bitcoins (para isso, terá que ter real, dólar ou outra moeda para fazer a primeira compra. Todo o processo pode ser feito em plataformas de compra e venda de Bitcoins.

Moeda virtual é suscetível a oscilações e crimes

Apesar do seu crescimento, o Bitcoin é suscetível a oscilações e crimes. Até por isso, os especialistas afirmam que se trata de um investimento arriscado e que, apesar de não ser proibido no Brasil, não possui regulamentação ou garantias, como o Fundador Garantidor de Crédito (FGC).

“O Bitcoin é uma tecnologia experimental. Ele existe há quase oito anos, mas há chances de haver algum problema ou alteração em sua programação. Ele também é uma economia pequena, com valor de mercado de US$ 20,4 bilhões e, por isso, é mais suscetível a oscilações do mercado. Também não tem garantias por não ter uma regulação específica”, afirma Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin.

O professor da FGV/Ebape Alexandre Linhares também lembra que, no início, a moeda era muito usada para fins criminosos, como para compra e venda de drogas proibidas. Depois, foi usada para jogos de azar.

Mas, apesar dos alertas, elas afirmam que até hoje nunca foi registrado nenhum grande incidente com a moeda, justamente porque ela é alimentada pela própria rede e programada para ter vida própria.

A única coisa que o software não a protege é de oscilações. A cotação é mais suscetível a políticas externas e a ajustes regulatórios. Por exemplo, ao mesmo tempo em que o anúncio de uma medida protecionista de Donald Trump eleva o valor da moeda exponencialmente, uma decisão de uma agência reguladora para limitar ou dificultar a circulação faz o Bitcoin perder valor como nunca.

NOVO OURO?

Conheça as semelhanças e diferenças entre o Bitcoin e o ouro:

SEMELHANÇAS

  • São mineráveis
  • São limitados
  • Têm alto valor de mercado
  • Têm circulação global
  • Já foram usados por criminosos
  • São suscetíveis a bolhas, superinvestimento e oscilações de mercado

DIFERENÇAS

Ouro

  • É uma reserva que existe há séculos
  • É regulamentado
  • Existe fisicamente
  • É difícil rastrear depois de derretido

Bitcoin

  • Existe há menos de dez anos
  • Não é regulamentado no Brasil
  • Não existe fisicamente
  • É criptografado
  • É controlado por softwares
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