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O problema da economia local não é exclusivamente conjuntural. A turbulência internacional serviu ape­nas para desnudar al­­gu­mas restrições es­­truturais, re­produzidas no frágil en­caixe do Paraná no am­­biente de negócios ex­terno e interno.

O recuo de -0,2% do PIB brasileiro em 2009 comprova a pronunciada recessão, ocorrida no 1º semestre do ano passado, resultado da penetração da crise internacional no front doméstico, que atingiu os ramos mais ligados ao comércio externo pela diminuição da demanda, dos preços e do crédito. Mesmo descartando a hipótese da "marola", cumpre reconhecer a recuperação verificada no 2º semestre, consequência da melhoria, ainda que tímida, do comércio internacional e, sobretudo, da recomposição da procura interna, puxada por salários e crédito.

No âmbito regional, estimativas preliminares, realizadas pelo Banco Central (BC), revelam que o panorama recessivo teria sido mais acentuado na economia paranaense, traduzido no declínio de -0,7% do PIB. Apesar dos esforços das instâncias locais, a crise contaminou o estado e abalou os alicerces da base produtiva, já suficientemente prejudicados pela contração de 23% na produção de grãos, por causa da estiagem prolongada.

As maiores baixas aconteceram na produção de veículos automotores, produtos de metal, máquinas e equipamentos, aparelhos e materiais elétricos, madeira e mobiliário. As receitas com exportações do estado diminuíram 26,3% em 2009 (contra 23,8% no Brasil).

O mais grave, porém, é que o problema da economia local não é exclusivamente conjuntural. A turbulência internacional serviu apenas para desnudar algumas restrições estruturais, reproduzidas no frágil encaixe do Paraná no ambiente de negócios externo e interno, mesmo com as apreciáveis oportunidades maximizadas no transcorrer da última década e meia. Tanto é assim que a participação do estado na geração do PIB e das exportações brasileiras recuou de 6,4% e 9,8%, respectivamente, em 2003, para 6,1% e 7,7% em 2008 (7,3% em 2009).

Na mesma linha, dados de outras pesquisas estruturais do IBGE permitem inferir a ocorrência de diminuição dos ganhos de produtividade da indústria paranaense. Só a título de ilustração, o PIB fabril do estado cresceu apenas 3% a.a. entre 2003 e 2007 contra 4% do total do aparelho manufatureiro brasileiro.

Na verdade, a remoção das barreiras ao desenvolvimento do estado requer esforços institucionais voltados à restauração do aparato infraestrutural e dos pilares de presença e influência política paranaense junto à esfera federal, na defesa legítima de programas e projetos essenciais – como a luta contra o passeio do ICMS da energia elétrica e a exígua participação no rateio dos recursos do Orçamento da União – e na busca de reconstrução dos ingredientes básicos de uma retaguarda de fomento, campos férteis em um país desprovido de políticas de avanço econômico há mais de três décadas.

Gilmar Mendes Lourenço é Economista e Coordenador do Curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário.

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