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Torre da Oi em Curitiba.
Torre da Oi em Curitiba.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Em recuperação judicial desde 2016, a companhia brasileira Oi viu seus papeis dispararem na Bolsa de Valores de São Paulo. As ações preferenciais da empresa (sem direito a voto) mais que dobraram de preço em apenas uma semana.

O movimento de alta começou no dia 23 e se intensificou nesta semana. Na terça (28), por exemplo, os papéis subiram 44%; na quarta (29), 23%. Na quinta (30), as cotações devolveram uma pequena fração dos ganhos e caíram cerca de 6%, mas ainda assim a alta acumulada desde o início da disparada é de 104%.

A explicação para a valorização está na disputa pela compra dos ativos de telefonia móvel da companhia. A Oi pede pelo menos R$ 15 bilhões pelos ativos. A concorrência pela compra, porém, deve elevar o valor recebido pela companhia.

O consórcio formado pelas três maiores empresas do setor no Brasil (Vivo, Claro e TIM) já ofereceu R$ 16,5 bilhões. Mas a Highline do Brasil – empresa controlada pela gestora norte-americana Digital Colony – deve fazer uma contraproposta, com valor maior, segundo apurou o jornal O Globo.

A Highline ainda tem uma vantagem em relação às concorrentes. A companhia fechou um acordo com a Oi e tem direito de exclusividade nas negociações até o dia 3 de agosto. Nesse prazo, a empresa pode oferecer uma oferta mais vantajosa do que a apresentada em conjunto por Vivo, Claro e TIM.

Fundada em 2012, a Highline tem foco na infraestrutura de telecomunicações, como torres de telefonia móvel e os chamados rooftops (equipamentos para ampliar a cobertura da rede). Se adquirir as operações da Oi, a empresa poderá “negociar” a carteira de clientes da companhia com as demais empresas de telefonia, já que não atua diretamente na prestação de serviços. A ideia, incluiria, ainda, o aluguel das frequências móveis da Oi para as empresas do setor.

Venda dos ativos da Oi pode ser barrada no Cade

Mesmo que apresentem oferta mais vantajosa, Vivo, Claro e TIM podem acabar perdendo a disputa. Isso porque a operação pode enfrentar resistência no Conselho de Defesa Econômica (Cade), caso o órgão entenda que haverá mais concentração de mercado mesmo com a divisão dos ativos entre as três empresas.

De outro lado, a Highline pode enfrentar dificuldades porque o tipo de operação proposto pela empresa seria inédito no país. Assim, seria preciso discutir como o modelo de “venda” dos clientes e aluguel das frequências seria colocado em prática, do ponto de vista legal.

Independentemente de qual for a melhor proposta, a Oi só poderá fechar o negócio depois de uma assembleia geral com os credores, que deve ocorrer neste segundo semestre. A discussão é necessária porque a companhia ainda está em recuperação judicial, e a venda dos ativos altera o plano de recuperação já aprovado pelos credores.

O que mais a Oi deve vender

Além da operação de telefonia móvel, a Oi também deve se desfazer de outros ativos. No caso da rede de fibra óptica, o plano é criar uma nova empresa com a infraestrutura, chamada InfraCo. Depois, a empresa deve se desfazer de algo entre 25% e 51% das ações, o que deve gerar uma arrecadação de até R$ 13 bilhões.

Também estão à venda as torres de radiofrequência da companhia, que devem ser compradas pela própria Highline. A companhia com controle norte-americano já ofereceu R$ 1,076 bilhão pelos ativos.

Por fim, a Oi deve vender seus cinco data centers, localizados em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e Brasília (dois estão na capital federal). O valor inicial previsto é de R$ 325 milhões.

Nos dois últimos casos, a previsão é de que a venda se concretize em outubro.

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