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O governo dos EUA tinha pedido direito de retaliação de US$ 10,5 bilhões contra a UE por “efeitos adversos”
O governo dos EUA tinha pedido direito de retaliação de US$ 10,5 bilhões contra a UE por “efeitos adversos”| Foto: Bigstock

A Organização Mundial do Comércio deu ao presidente norte-americano Donald Trump aprovação para impor tarifas anuais de até US$ 7,5 bilhões a exportações europeias como retaliação por ajuda ilegal da União Europeia à Airbus. O valor é o maior já definido pela OMC - quase o dobro do recorde anterior, de US$ 4,04 bilhões, estabelecido em 2002 e imposto pela UE aos Estados Unidos por subsídios irregulares a gigantes como a Microsoft.

A decisão desta quarta-feira (02) é um marco na disputa mais longa da OMC e testará ainda mais as relações entre países, que se deterioraram sob a abordagem "America First" de Trump. É também um exemplo de decisão favorável ao presidente norte-americano por parte de uma organização da qual ele ameaçou se retirar.

Os EUA já estão em guerra comercial com a China e qualquer aumento mais amplo de tarifas com a Europa pode ameaçar uma frágil economia global. Na terça-feira (01), a OMC reduziu a sua previsão de crescimento comercial para este ano ao nível mais fraco em uma década, alertando contra um "ciclo destrutivo de recriminação".

A decisão que autoriza as sanções é um dos obstáculos finais antes que os EUA possam anunciar quais produtos da União Europeia serão alvejados com tarifas. Os afetados devem ser selecionados a partir de uma lista inicial que inclui: aviões e peças da Airbus; vinhos e bebidas produzidos pelas francesas LVMH, Remy Cointreau e Pernod Ricard e pela britânica Diageo; e artigos de couro fabricados pelas também francesas Christian Dior e Hermes International.

As novas tarifas podem entrar em vigor após a OMC aprovar o relatório, o que deverá ocorrer em uma reunião em Genebra ainda neste mês.

Mais retaliações

No mês passado, fontes próximas às deliberações afirmaram que o governo Trump considera utilizar uma arma comercial particularmente prejudicial conhecida como retaliação "carrossel", que permitiria aos EUA trocar regularmente os bens atingidos pela sanção. A medida pode aumentar as incertezas comerciais e gerar dificuldades para empresas europeias.

De acordo com a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmstrom, a UE irá retaliar qualquer tarifa vinculada ao caso Airbus no início de 2020, quando a OMC decidir sobre disputa semelhante, encabeçada pelo bloco contra subsídios dos EUA à Boeing.

"A imposição mútua de contramedidas, no entanto, apenas infligiria danos a empresas e cidadãos de ambos os lados do Atlântico e prejudicaria o comércio global e o setor de aviação em um momento delicado", disse Malmstrom, acrescentando que o bloco está pronto para trabalhar com os EUA em uma "solução justa e equilibrada para nossas respectivas indústrias de aeronaves".

A Airbus alertou em comunicado que tarifas impostas às suas aeronaves e componentes seriam um golpe para a indústria aeroespacial dos Estados Unidos, com cerca de 40% de suas compras provenientes de fornecedores norte-americanos.

A empresa também pediu ao governo Trump que leve em conta a próxima decisão da OMC sobre a Boeing, dizendo que essas tarifas recíprocas poderiam exceder o valor das sanções dos EUA. O CEO Guillaume Faury repetiu os apelos por um acordo negociado para resolver a disputa.

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