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A parcela de investidores estrangeiros na dívida pública interna do Brasil nunca foi tão alta. Em julho, dado mais recente disponível, eles detinham o equivalente a 9,4% dos papéis (algo como R$ 150 bilhões). Há um ano, eram 7% e, em 2006, menos de 2%. Embora não haja estatísticas disponíveis, é possível afirmar com base em fontes do governo e de bancos, que grande parte do avanço recente se explica pelo apetite dos asiáticos.

Essa é uma das razões que ajudam a entender o processo de valorização do real em relação ao dólar nos últimos anos. Sexta-feira, a moeda americana fechou a R$ 1,718, o que representa uma queda de 1,43% no ano. O tema tornou-se uma das principais preocupações do governo por causa do efeito potencialmente negativo sobre as exportações.

Depois de enorme frustração com o Brasil na década de 80, em decorrência de calotes e da instabilidade da economia, chineses, coreanos e, principalmente, japoneses "redescobriram" o País.

O primeiro fator a atraí-los nos dias de hoje é a segurança com que o Brasil é visto no mercado financeiro. Em 2008 e 2009, o País conquistou o chamado grau de investimento das três principais agências de classificação de risco do mundo (S&P, Moody’s e Fitch). Trata-se de uma espécie de selo de qualidade, que indica que a probabilidade de um devedor não honrar seus compromissos é pequena.

O segundo é a rentabilidade, sobretudo dos ativos de renda fixa. Esses papéis seguem a taxa básica de juros brasileira (Selic), a maior do mundo tanto em termos nominais (10,75% ao ano) quanto reais (cerca de 6% ao ano, descontada a inflação).

O terceiro ponto diz respeito às boas perspectivas de crescimento do País nos próximos anos, em decorrência, entre outros fatores, da exploração do pré-sal e da realização das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Esse cenário beneficia as empresas voltadas para o mercado interno e, por tabela, suas ações na Bolsa.

Por fim, há uma variável que o País não controla: a remuneração dos investimentos nos países desenvolvidos está baixíssima desde o estouro da crise global, em 2008. Para tentar estimular suas economias, EUA, União Europeia e Japão têm mantido juros próximos de zero. Nesse contexto, bancos brasileiros se organizam para atender a demanda no continente.

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