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Região Metropolitana de Curitiba respondeu por 62% do total de vagas fechadas no Paraná, no ano passado | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Região Metropolitana de Curitiba respondeu por 62% do total de vagas fechadas no Paraná, no ano passado| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A queda da atividade econômica e o clima de incerteza política atingiram em cheio a geração de empregos com carteira assinada em 2015. No ano passado, o país fechou pouco mais de 1,5 milhão de vagas, o pior resultado da série histórica iniciada em 1992. No Paraná, o número é o pior dos últimos 12 anos, com o corte de mais de 75 mil postos de trabalho. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

INFOGRÁFICO: acompanhe o saldo de emprego no país e no Paraná desde 2003

O estado paranaense é o sexto que mais demitiu em todo o país em 2015, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Foram 75.548 postos de trabalho encerrados no ano no Paraná, sendo a grande maioria (45.115) em dezembro. “Em condições normais, dezembro é um período de contratação, principalmente no comércio, o que não aconteceu”, avalia o diretor do centro de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima.

RMC

A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) registrou decréscimo de 47.050 empregos formais em 2015, o que representa 62,3% do total de vagas perdidas no Paraná. Somente na capital, foram encerrados 31.972 postos de trabalho. A explicação para esses números está na forte concentração dos setores de comércio, indústria e serviços na RMC. “Essa crise impactou principalmente no meio urbano, em setores como a indústria, o comércio e o serviços”, avalia Daniel Nojima, diretor do Ipardes.

Ele acrescenta que os dados do Paraná refletem o aprofundamento da crise nacional. “O segundo semestre de 2015 foi marcado por uma profunda crise político-econômica que afetou o consumo, diminuiu os investimentos e o acesso ao crédito”, completa.

Apesar do fechamento de 75 mil vagas, o estado conseguiu segurar o saldo deficitário por um trimestre, enquanto o Brasil começou 2015 já com o número de demissões superando as admissões. O país registrou saldo negativo de 81.774 em janeiro, enquanto o Paraná teve saldo deficitário somente em abril (-2.002).

Setores

A forte atividade agroindustrial contribuiu para que o número de vagas fechadas não fosse ainda maior. A agropecuária foi o único setor que conseguiu acabar o ano com um saldo positivo na geração de empregos no país. A atividade gerou 9.821 vagas com carteira assinada no Brasil e 3.067 no Paraná. No estado, a administração pública também conseguiu terminar 2015 com mais admissões: 93.

Enquanto a agropecuária contratou, a indústria de transformação foi a maior responsável pela deterioração do mercado de trabalho. No ano passado, foram fechadas 608.878 vagas no Brasil – somente em dezembro foram encerrados 31,7% dos postos de trabalho do segmento. No estado, o número de demissões superou em 46.812 as admissões, com o mês de dezembro concentrando 37,9% dos cortes do setor.

Construção civil

A construção civil poderá perder mais empregos em 2016 do que os cortes registrados no ano passado, afirmou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins. De acordo com o executivo, as obras públicas que estão em andamento, incluindo o segmento mais popular do Minha Casa Minha Vida e os projetos do PAC, devem acabar antes do final de 2016. “Não tem obra começando, só acabando. E terminou a obra, dispensa o trabalhador”, afirmou.

Comércio e serviços

Os setores de comércio e de serviços podem demitir 2 milhões de empregados neste ano, na avaliação do analista da RC Consultores Everton Carneiro. A previsão se baseia em um corte porcentual de vagas nesses segmentos na mesma magnitude ao feito na indústria da transformação. O analista pontua que ambos os setores passaram a ter saldos negativos somente em julho do ano passado. “O processo de demissões no comércio e no serviços começou tarde e pode durar muito tempo”, diz.

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