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O Paraná está ficando para trás nas trocas comerciais com a China. O quadro negativo pode ser comprovado pela balança comercial do estado, extremamente deficitária em relação a esse país. Os produtos chineses têm invadido as prateleiras de todo o Brasil, mas as exportações brasileiras também cresceram nos últimos anos e por isso a balança está mais equilibrada. No caso do Paraná, o valor das exportações para a China caiu quase 14% entre janeiro e julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2005, embora o desempenho geral das vendas externas do estado seja positivo, com alta de 20,1%.

Entidades e governo têm trabalhado para reverter esse quadro porque a queda é preocupante. Ela ocorre em relação a um período em que a economia do Paraná estava aquecida. Entre janeiro e julho de 2005, o estado vendeu US$ 468,2 milhões para a China, de um total de US$ 5,6 bilhões exportados. Em 2007, os chineses compraram apenas US$ 403 milhões dos paranaenses. As exportações do estado somaram US$ 6,8 bilhões no período.

A China deixou de comprar produtos do complexo soja com maior valor agregado, como farelo e óleo, e passou a privilegiar o grão, o que deixou o estado em desvantagem.

No caminho inverso, a situação é muito positiva para a China. O Paraná importou US$ 375,2 milhões em 2007, quadruplicando o valor registrado há dois anos, de US$ 93,8 milhões. No geral, as importações do Paraná aumentaram 70,4% no período, passando de US$ 2,7 bilhões para US$ 4,6 bilhões. Em relação ao mercado brasileiro, as importações provenientes da China cresceram 127% em relação a 2005. Mas as exportações também aumentaram bastante: 73,8%.

"O Brasil está atrasado em relação à China. O mundo conheceu o país asiático há 30 anos", diz o analista do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Germano Vieira. Há quatro anos ele é o responsável pela organização da missão empresarial com destino à tradicional Feira de Cantão, promovida há cerca de 100 anos na China. "Montamos feiras, organizamos missões mas, infelizmente, tanto do ponto de vista privado como público, o país ainda não descobriu o potencial que a China tem." Segundo ele, o governo estadual está retomando a parceria com a província-irmã Zhejiang, elo criado há 20 anos.

Para o professor da área de negócios internacionais da Unifae, Joaquim de Almeida Brasileiro, o Paraná fica prejudicado nas trocas comerciais com a China pois a industrialização local é muito recente. "O estado não é ainda totalmente industrializado. Precisamos de uma política industrial clara, um marco regulatório. Precisamos de um núcleo pensante, dentro do governo, que planeje como tornar o estado um pólo de desenvolvimento industrial."

O que impede a melhora nas trocas comerciais com os chineses é a falta de visão dos brasileiros, de acordo com o diretor-executivo da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC) em Curitiba, José Carlos Bom de Oliveira. "Não existe a barreira China. Existe a barreira Brasil, que é o único país que não está verdadeiramente globalizado, por causa dos impostos excessivos e burocracia", analisa. Oliveira diz que há muito interesse dos chineses em investir no Brasil, e não apenas em vender produtos já acabados.

"A Chrysler veio aqui, entrou em concordata, faliu, fechou a fábrica e deixou um monte de desempregado. Com os chineses é diferente. Se eles trouxerem uma fábrica para cá, eles se comprometem a deixar a direção com brasileiros e a repassar a tecnologia. Se ocorrem dificuldades financeiras, mesmo assim eles deixam a empresa funcionando e mantêm os empregos."

Mudanças

Há 15 dias, a Assembléia Legislativa instalou a Frente Parlamentar Paraná-China. De acordo com o presidente do grupo, deputado Mohamed Ali Hamze (PMDB), mais conhecido como Mamede, a intenção é facilitar o investimento chinês em território paranaense. "Queremos trazer uma indústria de motocicletas. Vamos participar da Feira de Cantão, conhecer as empresas do setor e tentar negociar a vinda de uma delas para o interior do Paraná", conta.

Com o apoio governamental, os negócios com a China ficam facilitados, na opinião do diretor da CCBIC. "O Paraná começou a se fortalecer na relação com a China, a dar mais atenção para esse país. Com isso os paranaenses vão retomar a dianteira, conseguindo empresas de lá para se instalarem aqui", afirma Oliveira.

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