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Secretários da Economia pedem demissão
Secretários da Economia Paulo Uebel e Salim Mattar (foto) pediram demissão nesta terça-feira (11)| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Os secretários especiais do Ministério da Economia Salim Mattar (Desestatização e Privatização) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital) pediram demissão dos cargos nesta terça-feira (11). A informação foi confirmada pelo ministro Paulo Guedes durante entrevista coletiva após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Segundo Guedes, Salim deixa o governo por insatisfação com o ritmo das privatizações no governo. "O que ele me disse é que é muito difícil privatizar, que o establishment não deixa a privatização, que é tudo muito difícil, tudo muito emperrado", disse o ministro.

Já Uebel pediu demissão por discordar da estratégia do governo federal de adiar a discussão da reforma administrativa, que faz uma reformulação do RH do Estado, para 2021. Guedes disse que o "timing" da reforma, engavetada pelo presidente Jair Bolsonaro por mexer com o funcionalismo público, é "político". "A reforma administrativa está parada. Então, ele [Uebel] reclama que a reforma administrativa parou. A transformação do Estado tem várias dimensões", afirmou Guedes.

"Hoje houve uma debandada", disse o ministro da Economia. Com as saídas deles, já são dez o número de membros diretos da equipe econômica que saíram desde que Guedes tomou posse — cinco deles nos últimos 30 dias.

Em julho, Mansueto Almeida já havia deixado o Tesouro Nacional; em seguida foi a vez de Caio Megale deixar a diretoria de programas da Secretaria Especial da Fazenda; e mais recentemente Rubem Novaes anunciou que deixará a presidência do Banco do Brasil. Os três alegaram razões pessoais para deixar o governo.

Segundo o ministro Guedes, apesar das demissões, o governo vai "avançar com as reformas". "Nossa reação à debandada que ocorreu hoje vai ser avançar com as reformas", afirmou.

Relembre outra baixas na equipe de Paulo Guedes

Caio Megale

Nome mais recente a pedir demissão do Ministério da Economia, o diretor de Programas da Secretaria Especial de Fazenda, Caio Megale, deixará a equipe do ministro Paulo Guedes no início de agosto. Pesou na decisão o desejo de voltar para São Paulo para ficar próximo da família e de retornar à iniciativa privada.

Megale foi secretário de Fazenda na capital paulista no início da gestão de Bruno Covas (PSDB) e economista do Banco Itaú por seis anos. Estava no Ministério da Economia desde 2019, onde ocupou três posições: secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação; assessor especial do ministro Paulo Guedes; e diretor de Programas da área de Fazenda. Ele também esteve cotado para assumir o Tesouro Nacional e a secretaria especial de Produtividade, Emprego e Competitividade.

Rubem Novaes

Dois dias antes da saída de Megale, foi Rubem Novaes quem anunciou o pedido de demissão do cargo de presidente do Banco do Brasil (BB). A decisão estava tomada desde maio e foi ratificada na última sexta-feira (24), em comunicado ao mercado. Novaes deixará o BB em agosto, em data ainda a ser definida.

Ele também deixou o banco por razões pessoais e por não se adaptar “à cultura de compadrio em Brasília”, segundo relatou à rede de TV CNN. Oficialmente, ele informou ao mercado que deixou o posto porque entende que a companhia precisa de renovação para "enfrentar os momentos futuros de muitas inovações no sistema bancário".

Novaes tem 74 anos e é amigo de longa data de Paulo Guedes. Os dois estudaram na Universidade de Chicago, berço do liberalismo econômico. O economista estava na presidência do BB desde janeiro de 2019 e desejava privatizar o banco, sonho que foi barrado pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele deve seguir colaborando com a equipe econômica como assessor do ministro no Rio de Janeiro.

Mansueto Almeida

No dia 15 de julho, Mansueto Almeida deixou o cargo de secretário do Tesouro. Foi o primeiro grande pedido de demissão da equipe econômica montada pelo ministro Paulo Guedes.

Assim como Megale e Novaes, Mansueto pediu para sair por razões pessoais. Ele alegou que a ideia era ficar somente seis meses no governo Bolsonaro, mas acabou estendendo sua permanência por um ano e meio. Mansueto também se disse cansado do serviço público e ressaltou o desejo de ir para a iniciativa privada, após o período obrigatório de quarentena.

Um dos principais economistas defensores do ajuste fiscal e do teto de gastos, Mansueto foi secretário do Tesouro no governo Temer; secretário de Acompanhamento Econômico do então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles; e assessor econômico do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Ele também é funcionário de carreira do IPEA.

Marcos Troyjo

Marcos Troyjo foi outro nome importante a deixar a equipe de Guedes, mas por um bom motivo. Ele foi indicado pelo governo brasileiro e depois chancelado por unanimidade pelo Conselho de Governadores para a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês). O banco é conhecido como "Banco do BRICS".

O mandato de Troyjo começou em julho. O principal objetivo do NDB é apoiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, públicos ou privados, nos BRICS e em outras economias emergentes.

Antes de ir para o NDB, Troyjo era secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. Ele foi um dos responsáveis por fechar o acordo entre Mercosul e União Europeia, depois de mais de 20 anos de tratativas. Troyjo é diplomata. Em seu lugar no Ministério da Economia ficou o economista Roberto Fendt.

Alexandre Manoel

Em março deste ano, Alexandre Manoel deixou, por decisão própria, o cargo de Secretário de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) da Secretaria Especial de Fazenda do Ministério da Economia. A Secap é a responsável por avaliar políticas públicas e tributárias do governo federal.

Manoel estava no cargo desde 2018. Dois anos antes, trabalhou com Mansueto Almeida no Tesouro Nacional. Ele resolveu deixar o governo também por razões pessoais. É economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Rogério Marinho

Em fevereiro, foi a vez de Rogério Marinho sair da equipe de Guedes. Ele foi promovido de secretário especial de Previdência e Trabalho para ministro do Desenvolvimento Regional, pasta que toca políticas públicas de saneamento, habitação e mobilidade, e é responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e pela Defesa Civil. A promoção foi uma decisão do presidente Jair Bolsonaro em comum acordo com Guedes.

Marinho se destacou na equipe econômica ao liderar a reforma da Previdência do governo Bolsonaro, aprovada em outubro do ano passado. Constantemente, seu nome era ventilado para ocupar alguma posição de ministro. Antes, Marinho foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte por três mandatos. Ele foi o relator da reforma trabalhista do governo Temer.

Marcos Cintra

Foi o primeiro secretário especial da Receita Federal do governo Bolsonaro. Ele foi demitido pelo presidente após defender a criação de um imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da antiga CPMF. A demissão aconteceu em setembro de 2019.

Cintra foi trazido por Guedes para a equipe econômica para liderar a reforma tributária. Em seu lugar, assumiu José Barroso Tostes Neto, que antes era especialista líder em Gestão Fiscal e Municipal do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Guedes também chamou a tributarista Vanessa Canado para liderar, ao lado de Tostes, as discussões sobre a reforma tributária.

Joaquim Levy

Foi o primeiro grande nome da equipe econômica a deixar o governo Bolsonaro. Ele era presidente do BNDES e teve de pedir demissão após ser "fritado" publicamente pelo presidente.

Levy foi alvo de críticas de Bolsonaro por ter nomeado o advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento. Pinto foi assessor do BNDES durante o governo Lula, do PT, de 2005 a 2007 – o que irritou Bolsonaro.

Além da nomeação de Pinto, Bolsonaro estava irritado com a demora para abrir a chamada “caixa-preta” do BNDES, uma promessa de campanha do presidente para trazer luz a supostos empréstimos ilegais ou imorais feitos durante os governos petistas.

Antes de assumir o BNDES, Levy foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff. Gustavo Montezano assumiu a presidência do banco de desenvolvimento.

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