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O brasileiro tem desenvolvido a cultura do empreendedorismo e inverteu a proporção da motivação que o leva a abrir um novo negócio. No início dos anos 2000, na primeira edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a maioria empreendia por necessidade. Dados da GEM 2014 mostram que 70,5% são empreendedores por oportunidade.

A taxa de empreendedorismo geral no país chega a 34%, a 11.ª no ranking mundial. O Brasil é o terceiro país em número absoluto de empreendedores, com 45 milhões, atrás da China (247 mi) e da Índia (73 mi). No entanto, o nível de inovação nos negócios brasileiros ainda é baixo.

Realizada em 73 países com empreendedores de 18 a 64 anos e especialistas no setor, a GEM é aplicada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e o Sebrae Nacional. Aqui foram ouvidas 10 mil pessoas e 108 consultores. Os resultados do empreendedorismo nacional ajudam a traçar políticas públicas de incentivo aos negócios e contribuem para aumentar o suporte ao empreendedor ao identificar o perfil e gargalos da atividade no país.

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O levantamento de 2014 revela uma leve redução no ritmo do nascimento de novos negócios. No ano passado, 17,2% dos empreendedores foram classificados como iniciais (com negócios em atividade há até 3,5 anos). Em 2013, a taxa foi de 17,3%.

“A queda é coerente com o cenário socioeconômico brasileiro. O empreendedor resiste mais em começar uma atividade, apesar de esse ser o terceiro maior desejo do brasileiro, atrás apenas da compra da casa própria e de viajar pelo país”, observa a coordenadora técnica da GEM 2014, Simara Greco, do IBQP.

Nas análises qualitativas dos índices brasileiros, o baixo número de empreendimentos nascentes – identificados como iniciativas de abertura de negócios nos últimos 12 meses ou operações ativas há até três meses – joga para baixo a classificação global do Brasil, em um reflexo do ambiente para a atividade.

Negócios no sul

O melhor índice da GEM 2014 sobre a Região Sul é a motivação do empreendedor – 82% empreendem por oportunidade, a maior de todas as áreas pesquisadas. O crescimento de empreendedores novos (ativos há até 3,5 anos) teve forte influência na taxa de empreendedores iniciais, pulando de 10,5% para 14,2% em 2014. O índice dos nascentes, ainda que abaixo da média nacional (3,2% contra 3,7%), está estabilizado desde 2012.

Outros dois pontos de atenção são o potencial de inovação e o impacto que os negócios têm na economia. Em geral, os próprios empreendedores avaliam seus produtos e serviços como pouco inovadores para a sociedade. A baixa geração de empregos e o faturamento anual pequeno também são indicadores ruins. Entre os estabelecidos, formados por donos de empresa com mais de 3,5 anos de operação, 73% não têm empregados e pouco mais da metade prevê que vai continuar com esse quadro nos próximos cinco anos.

O diagnóstico do GEM também traz as considerações dos especialistas, que avaliam as condições do ambiente empreendedor do país. Políticas públicas de incentivo e a educação empreendedora estão entre as principais recomendações. “O estímulo ao empreendedorismo deve estar presente na educação formal e também na capacitação. Não que todos devam ser empreendedores, mas reconhecer a importância da iniciativa é fundamental para fomentá-la”, diz Simara.

Na área de incentivos formais e programas, os especialistas indicam a necessidade de evoluir nos critérios de acesso ao crédito subsidiado e reduzir a carga tributária, especialmente para micro e pequenos empreendedores. “Informação aqui também é essencial, porque há uma grande distância entre o que existe disponível no mercado, ainda muito restrito, e o nível de conhecimento do empreendedor sobre o assunto”, avalia a coordenadora.

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