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Petrobrás não realiza repasses das altas consecutivas do preço da gasolina e do diesel ao consumidor desde maio de 2008 | Vanderlei Almeida / Arquivo AFP Photo
Petrobrás não realiza repasses das altas consecutivas do preço da gasolina e do diesel ao consumidor desde maio de 2008| Foto: Vanderlei Almeida / Arquivo AFP Photo

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, admitiu nesta sexta-feira (20) que a companhia está repondo perdas ocorridas nos anos anteriores, quando não repassou altas consecutivas do petróleo para os preços internos da gasolina e do diesel. Ele lembrou que os preços dos dois combustíveis ficaram estáveis desde setembro de 2005 até maio de 2008, apesar de o barril de petróleo ter subido neste período. Mesmo depois do reajuste de 10% em média nos valores do diesel e da gasolina em maio do ano passado, quando o petróleo chegou a US$ 147,00, lembrou, também não houve repasse.

"Por vez nós perdemos, por vezes nós ganhamos. Quando a Petrobras mantém os preços mais baixos é conveniente e ninguém reclama. Mas se a situação é inversa começa a chiadeira", comentou, lembrando que no ano passado a alta da gasolina sequer chegou ao consumidor, porque houve uma compensação no valor recolhido pela Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Ele afirmou que tão logo seja concluída esta reposição de perdas no caixa, os ajustes necessários serão repassados tanto para a gasolina quanto para o diesel.

Costa não quis revelar o valor destas perdas nem o prazo necessário para repô-las. "Pode ser que seja no mês que vem, mais para a frente. Não sei dizer. Espero que não seja muito no longo prazo e acho que não vai ser", disse. Ele ainda completou informando que em fevereiro, quando o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, afirmou que dentro de três ou quatro meses poderia haver um ajuste para baixo nos preços dos dois combustíveis, "o mercado era outro".

"De ontem para hoje o preço internacional do barril subiu 8%, ultrapassou os US$ 50,00, depois de ter ficado um tempo na casa dos US$ 40,00 e atingido a US$ 37,00 no final do ano passado. Já pensou se a Petrobras repassasse a todo instante esta volatilidade?", disse, comentando que a estatal vai manter sua política de evitar que esta oscilação chegue aos preços internos. "Parte da sociedade acha errado, outra parte entende. Mas o fato é que isso não vai mudar".

Costa também frisou que a decisão sobre os preços é "única e exclusivamente" feita pela empresa. Indagado se o governo teve qualquer indicação sobre a manutenção dos preços, ele negou. "É uma decisão da companhia, baseada nos seus próprios números", disse.

Preço ideal

O diretor de Abastecimento da Petrobras disse que o preço ideal do petróleo para remunerar os produtores é algo entre US$ 70,00 e US$ 80,00. "Gostaria que a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) estivesse me ouvindo agora em transmissão direta lá na Arábia Saudita e tomasse estas providências", brincou durante entrevista coletiva à imprensa, para comentar a questão de preços dos combustíveis no Brasil.

Ele destacou que esta faixa entre US$ 70,00 e US$ 80,00 seria ideal para remunerar novos investimentos no mundo todo e citou especialmente os do Canadá e no Ártico. "É fato que o consumo mundial, sem qualquer esforço, cresce em torno de 10% ao ano. Isso significa que temos que aumentar a produção em 8,5 bilhões de litros a cada ano. Se não houver novas fontes de produção, os preços vão aumentar lá na frente, e não vai ser por especulação, mas sim por falta de oferta no mercado", comentou.

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