Para cumprir a determinação do governo de exaltar o sentimento nacionalista e a tendência estatizante, a Petrobras redirecionou suas campanhas publicitárias para mensagens de cunho ufanista e patriótico, deixando em segundo plano a exposição dos seus produtos. O pré-sal, cujo marco regulatório foi lançado segunda-feira passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virou o carro-chefe da grande campanha iniciada pela estatal.
A Petrobras recusa-se a dar detalhes sobre os valores pagos por sua publicidade - trata-se de uma questão de mercado, diz -, mas a Secretaria da Comunicação de Governo (Secom) informou que a verba global da estatal para este ano é de R$ 310 milhões, em contratos com quatro empresas: PPR Profissionais de Publicidade Reunidos Ltda, Master Publicidade, F/Nazca, Saatchi ? o outro, de R$ 60 milhões, acabará em 18 de março.
A ideia passada por quatro peças publicitárias que estão no ar é que, com o pré-sal, a Petrobras descobriu a riqueza do futuro para o povo da Nação que só despertou depois da posse de Lula. Isso tudo, num abismo de 7 mil metros, no Oceano Atlântico, num desafio tecnológico sem precedentes. Na propaganda, a Petrobras diz que é hoje uma das empresas mais admiradas do mundo e a única a já retirar petróleo do pré-sal.
Ao mesmo tempo em que busca provocar em cada cidadão o sentimento de orgulho por ter nascido num País que, segundo a publicidade, já é autossuficiente em petróleo - embora ainda importe óleo leve, o Brasil consome por dia 2 milhões de barris e produz 2,5 milhões, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia -, a propaganda tenta passar para a sociedade a impressão de que a empresa está sendo vítima de injustiças. Principalmente por parte do Senado, que abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades em contratos da estatal.
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