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PIB baixo
O PIB da agropecuária cresceu 1,3% em 2019, segundo o IBGE. Serviços também cresceram 1,3% e a indústria, 0,5%.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Após dois anos consecutivos crescendo 1,3%, a economia brasileira avançou um pouco menos em 2019, primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,1% no ano passado, informou na manhã desta quarta-feira (4) o IBGE. Ao todo, o país produziu R$ 7,257 trilhões em riquezas.

O PIB per capita, que compara a geração de riquezas à população do país, cresceu menos: apenas 0,3% em relação a 2018. Se o PIB nacional de 2019 fosse dividido igualmente entre todos os habitantes do país, cada um ficaria com R$ 34.533.

Na divisão por setores, agropecuária e serviços cresceram, ambos, 1,3% em relação a 2018. A indústria avançou 0,5%.

Investimento avançou no ano. Mas há problemas

Sob a ótica da demanda, uma boa notícia veio dos investimentos produtivos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que cresceu 2,2%.

Uma alta do investimento é positiva porque costuma levar a crescimentos maiores da economia mais adiante. Entram na conta da FBCF gastos com máquinas e equipamentos e com a construção civil.

A alta do investimento privado foi destacada pelo Ministério da Economia em seus comentários sobre o resultado do PIB. "A composição do PIB indica uma melhora substancial, com aumento consistente do crescimento do PIB privado e do investimento privado, de forma que a economia passa a mostrar dinamismo independente do setor público", afirmou o ministério.

O problema é que, apesar do crescimento no acumulado do ano, o dado mais recente foi ruim: no quarto trimestre, a FBCF encolheu 3,3% em relação ao terceiro. Além disso, o crescimento acumulado no ano (2,2%) foi mais fraco que o registrado em 2018 (3,9%). Isto é, houve uma perda de ritmo.

Quanto aos demais componentes do PIB, o consumo das famílias aumentou 1,8%, ao passo que as despesas do governo diminuíram 0,4% no ano.

Resultados trimestrais

No quarto trimestre de 2019, o PIB cresceu 0,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, resultado que ficou em linha com a mediana das estimativas dos analistas, que previam alta entre 0,3% e 0,8%.

Na comparação com o quarto trimestre de 2018, o PIB apresentou alta de 1,7% no quarto trimestre de 2019, vindo dentro das estimativas, que variavam de uma alta de 1,1% a 2,1%, com mediana de alta de 1,6%.

A reação do governo

Em nota sobre o PIB de 2019, o governo disse que a economia brasileira passa a "mostrar dinamismo independente do setor público".

Segundo o Ministério da Economia, eventos do primeiro trimestre do ano passado – a tragédia de Brumadinho, a crise na Argentina e intempéries climáticas – prejudicaram a recuperação do crescimento.

Mas em seguida, diz a nota, houve uma aceleração da economia no segundo semestre, com aumento consistente do crescimento do PIB privado e do investimento privado. Diz, ainda, que foi o melhor segundo semestre desde 2013.

O ministério destaca, também, um aquecimento nos indicadores de trabalho e de crédito no setor privado. Por fim, a pasta termina a nota dizendo que agenda de reformas "consolidando o lado fiscal e combatendo a má alocação de recursos mostra ser a estratégia adequada, e sua continuidade é fundamental para a consolidação da retomada da economia".

O que esperar de 2020

As estimativas – do governo e do setor privado – apontam para um avanço mais forte do PIB neste ano. O Executivo prevê expansão de 2,4%, enquanto bancos e consultorias projetam crescimento de 2,17%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central.

No entanto, as projeções privadas têm piorado. Há quatro semanas, as instituições consultadas pelo BC esperavam alta de 2,3%. Alguns indicadores recentes, mais fracos que o esperado, estão entre as razões para essa revisão. Mas o que mais têm afetado as previsões é mesmo a disseminação do coronavírus pelo mundo.

O próprio Ministério da Economia afirmou nesta quarta que o surto tornou o cenário para o crescimento mais desafiador, mas que a falta de informação sobre magnitude e duração do surto dificulta um cálculo preciso dos impactos.

Por outro lado, a pasta disse que alguns fatores contribuirão para um crescimento maior, entre eles uma melhoria na alocação de recursos na economia, a consolidação do ajuste fiscal e o crescimento do investimento privado, puxado pela queda dos juros.

O ministério afirmou, ainda, que o prosseguimento da agenda de reformas também pode contribuir para um resultado melhor do PIB em 2020, e que os dados de mercado apontam para uma retomada robusta do emprego.

Ao comentar os resultados do PIB, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que "o setor privado sozinho não vai resolver os problemas". "Então acho que a grande mensagem do PIB que saiu hoje é exatamente que a participação do Estado também será sempre importante para que o Brasil possa crescer e se desenvolver", disse.

"A gente não consegue organizar um país apenas fazendo as reformas, cortando, cortando, cortando. Isso tudo é fundamental, a reforma administrativa, previdenciária, o novo sistema tributário", acrescentou o presidente da Câmara.

Colaborou Jéssica Sant'Ana, correspondente em Brasília

Veja a evolução histórica do PIB:

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