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Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Brasília - DF, 20/02/2020) Lançamento do Crédito Imobiliário com Taxa Fixa.
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: governo ainda projeta crescimento de 2,1% para 2020.| Foto: Marcos Corrêa/PR

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2019, de apenas 1,1%, já frustrou as expectativas do governo em 2019. E a tendência é de que, em 2020, a economia brasileira ainda não "decole", como espera o ministro Paulo Guedes. O Executivo sabe disso: a disseminação do novo coronavírus fez o governo baixar a expectativa de crescimento do PIB brasileiro de 2,4% para 2,1%. E mesmo essa revisão não parece ter sido suficiente para refletir os efeitos da doença sobre o país.

O setor privado já prevê ainda menos. Em pouco mais de um mês, a projeção mediana dos economistas consultados pelo boletim Focus, do Banco Central, caiu da casa de 2,3% para 1,68%. Algumas casas preveem resultados ainda piores. O banco JPMorgan, que projetava alta de 1,6%, agora prevê retração de 1% no PIB, com "profunda recessão" no primeiro semestre. E a estimativa do Goldman Sachs passou de 1,5% positivo para 0,9% negativo.

A Instituição Fiscal Independente (IFI) ainda não refez suas projeções para o PIB – a nova estimativa deve sair apenas em maio. Mas, no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) nº 38, divulgado nesta semana, já aponta que "ficaria difícil" o PIB crescer acima de 2% em 2020 – e projeta como a economia deve se comportar nos próximos trimestres para registrar algum crescimento neste ano.

Segundo o documento, para que o PIB brasileiro alcançasse a projeção inicial da instituição, de 2,2%, seriam necessários aumentos trimestrais de 0,55%, em média. O desempenho é semelhante ao registrado no segundo e quarto trimestres de 2019.

O relatório aponta, ainda, que, para que atinja a expectativa do governo (de 2,1%), a economia precisa se expandir "em ritmo acelerado nos trimestres seguintes ao da disseminação" do novo coronavírus, de modo a compensar os efeitos negativos da pandemia.

Mas, de acordo com a instituição, esse cenário é improvável. "Tendo em vista os choques de demanda e oferta introduzidos pelo coronavírus nas economias dos países, fica difícil esperar avanços trimestrais do PIB brasileiro em 2020 na magnitude apresentada, ao menos no primeiro semestre", diz o relatório.

Possíveis cenários para o PIB em 2020, segundo a IFI

Diante das turbulências econômicas provocadas pelo novo coronavírus, a IFI elaborou quatro novos cenários de desempenho para o PIB brasileiro. O relatório da instituição, no entanto, salienta a imprevisibilidade do contexto, por conta da disseminação da Covid-19.

"A dificuldade de se estimar nos modelos macroeconômicos os efeitos de uma crise como a do coronavírus, sem contar os efeitos da queda abrupta do preço do petróleo, poderia levar a revisões muito expressivas nas projeções de crescimento, ignorando a possibilidade de recuperação no segundo semestre", diz o texto.

Nos cenários projetados pela Instituição, há possibilidade de crescimento inferior a 1%, com possível retração da economia no primeiro e segundo trimestres. A IFI, porém, não projetou um contexto em que o país apresente retração da economia em 2020, com PIB negativo.

Cenários1º T2ºT3ºT4ºT2020
Trajetória 1 (cenário base)0,6%0,6%0,6%0,6%2,2%
Trajetória 20%0,3%0,6%0,6%1,5%
Trajetória 30%0%0,6%0,6%1,2%
Trajetória 4-0,2%0%0,4%0,6%0,9%
Trajetória 5-0,2%-0,1%0%0,3%0,6%

Como o novo coronavírus vai afetar a economia brasileira

O relatório da IFI aponta ao menos quatro efeitos negativos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, relacionados à provável frustração da expectativa de crescimento para este ano.

São eles: redução das exportações e queda no preço das commodities; restrição da importação de bens intermediários; fuga de capitais e volatilidade de ativos financeiros; e queda na arrecadação de royalties e participações do petróleo.

Apesar disso, a pandemia deve ter duas consequências positivas, uma relacionada à outra. Com a redução da demanda, a tendência é de baixa na inflação. Esse cenário abriu espaço para o Banco Central reduzir um pouco mais a taxa básica de juros (Selic), além do que era esperado até pouquíssimo tempo atrás.

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