A companhia aérea uruguaia Pluna foi liquidada e não decolará a partir desta sexta-feira (6), mas seus passageiros ainda estão no ar, com informações escassas. Quem tem voo programado para o dia e procura os balcões da Infraero em aeroportos por todo o Brasil é orientado a telefonar para a central de atendimento da Pluna - cujo número - (11) 3711-9158 - não atendeu em diversas tentativas feitas pela reportagem do GLOBO durante a manhã.
Tampouco a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou qual procedimento será seguido para evitar prejuízos aos passageiros. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), uma passageira que viajaria às 8h45m à Montevidéu conseguiu ser realocada em um avião da LAN após reclamar ao Juizado Especial do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio. A queixa não gerou processo porque a Pluna conseguiu a realocação rapidamente, segundo o TJ-RJ.
De acordo com a Infraero, os seis voos da rota da Pluna entre Montevidéu e o Rio (três chegadas e três partidas) programados para esta sexta foram cancelados. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, em, São Paulo, os nove voos de hoje também foram cancelados.
O GLOBO entrou em contato, por e-mail e telefone, com o escritório da Pluna no Brasil pena manhã mas ainda não obteve resposta.
O governo uruguaio decidiu na quinta-feira liquidar a companhia aérea Pluna, que anunciou a suspensão de todos os seus voos por conta dos sérios problemas financeiros que a empresa enfrenta. De acordo com comunicado da companhia, os voos serão suspensos nesta sexta-feira ao meio-dia, no horário de Brasília. A Pluna tem uma frota de 13 aviões Bombardier CRJ900 Nextgen que conecta Montevidéu a cidades de Argentina, Brasil e Chile
"A situação econômico-financeira da empresa torna impossível garantir uma operação adequada", indicou a companhia por meio de um comunicado, no qual esclareceu que a suspensão dos voos é de "indefinidamente."
O Estado uruguaio é o único administrador da Pluna desde meados de junho, quando o fundo de investimento que detinha 75% da companhia abandonou sua participação após se negar a capitalizá-la. Uma agência estatal controlava a fatia de 25% restante.
"A empresa era insolvente e sua situação atual está muito comprometida. Não se pode financiar a operação, não há liquidez, e nesta situação (a companhia aérea) não pode continuar voando", disse à Reuters a fonte do Poder Executivo sob condição de anonimato.
Está previsto que o Conselho de Ministros elabore na segunda-feira um projeto de lei que contemple um chamado aos interessados para criar uma nova companhia aérea com participação estatal, uma proposta que conta com o aval do presidente do Uruguai, José Mujica. O governo uruguaio buscou um sócio para injetar fundos na problemática companhia aérea, mas seus esforços fracassaram. A petroleira estatal Ancap ameaçou várias vezes cortar o abastecimento de combustível à empresa por falta de pagamento.
O plano do governo uruguaio era tentar fechar um acordo com a empresa canadense JazzAir, que segundo a imprensa uruguaia já teria desistido da negociação, ou com o empresário Juan Carlos López Mena, dono da pequena companhia aérea Buquebus (BQB), mas que detém o controle. Se isso não for possível, o governo pretende recuperar parte do dinheiro investido na empresa vendendo seus ativos, como os aviões.
Questionado pelo semanário Búsqueda sobre qual seria o destino da companhia aérea, o presidente uruguaio José Mujica se limitou a dizer: "O presidente não é partidário de continuar perdendo dinheiro."
A Pluna registrou prejuízo de mais de US$ 100 milhões entre 2007 e 2012 por conta da queda de demanda de passagens, consequência da desaceleração das economias da região, o alto preço de combustível e problemas de tráfego aéreo.
"Não temos como continuar voando ... Não há norma que permita ao governo colocar dinheiro dentro da empresa. A única maneira era com a capitalização do privado e o Estado colocando a sua parte", disse a fonte do governo.
A Pluna ainda não definiu como irá ressarcir os passageiros afetados pela suspensão dos voos. O sindicato dos funcionários da companhia fez uma paralisação na quarta-feira e quinta-feira em defesa dos empregos, o que obrigou o cancelamento de 60 voos.
Governo envia projeto para BNDES voltar a emprestar a outros países; oposição vê “escárnio”
Mais que o triplo dos EUA: Brasil “pune” consumo com pesada carga de impostos
Com duas das cidades que mais crescem no país, Litoral Norte de SC vive “boom” econômico
Governo tenta forçar sindicalização de trabalhadores por aplicativo