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Quando Raposão entrou na sala, os alunos já sabiam que aquela seria a última aula sobre os humanos, povo extinto havia muito tempo. Os estudantes tinham aprendido muito com o assunto, sendo agora capazes de relacionar os erros do passado com os acertos atuais. Em silêncio, concentraram suas atenções nas palavras do professor, que foram:

"Para finalizar nosso estudo, é preciso dizer que os humanos desenvolveram várias formas de se relacionar com o conhecimento. Como último exemplo desta minha exposição, vou abordar o que eles chamavam de ‘aprendizagem’ ou ‘ensino’. Essa forma de uso da informação era particularmente feroz. Nos primórdios da humanidade, tal processo de propagação de conteúdos era feito entre mestre e discípulo.

O discípulo, por meio de seus pais, pagava ao mestre (um profissional reputado), o qual devia ensinar determinado tema ou profissão ao aluno. Este, então, podia aprender a ser um bom ferreiro, sapateiro ou qualquer outra coisa. Nessa época era absolutamente natural remunerar o profissional capacitado pela transmissão de conhecimentos. O mestre, por sua vez, se comprometia a repassar, em sua própria oficina, os segredos do ofício por um preço, num tempo estabelecido ou até que o pupilo incorporasse o conteúdo.

Claro que isso se difundiu e se transformou, chegando a se tornar o que alguns magos da informação do período chamaram de ‘aprendizagem contínua’. A velocidade do conhecimento novo era tal, que uma grande parte dos humanos simplesmente ficava a vida toda estudando, sem nunca conseguir colocar em prática qualquer lição obtida. Algumas organizações chegaram a ter trainees em programas que duravam mais de dez anos.

Passou a ser comum aos humanos, que antes trabalhavam para seu sustento muito jovens (antes dos 18 anos), a dependência em relação a seus pais até os 40 ou 50 anos. O conhecimento então se tornou um mal em si; todos os homens ficaram dependentes dele. Os mais espertos desenvolviam novas teorias e novas formas de dizer coisas velhas, e os outros tinham que trabalhar para poder pagá-los.

Não haveria problema nisso não fosse a utilização do conhecimento como instrumento de dominação, de poder. A informação deve ser empregada principalmente para ajudar todos a ter maior bem-estar e conforto. É preciso desenvolver e proteger o interesse coletivo no lugar do individual. Só assim nós teremos uma civilização diferente e bem mais avançada que a dos humanos."

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O conhecimento tem imenso valor nas organizações e, por isso, deve ser respeitado e disseminado com responsabilidade. Com as raposas da história devemos aprender a valorizar esse bem e a transmitir toda informação com critério e sabedoria. Quanto maior o número de pessoas com conhecimento, maiores são as possibilidades de construir uma empresa sadia, promissora e eficaz. Portanto, seja um agente da informação, repassando-a para seus colegas e, especialmente, para seus subordinados.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.

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