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Gestão de pessoas

Chefe jovem com subordinados mais velhos pode reduzir produtividade da empresa

Pesquisa mostra que desconforto provocado por chefias jovens com subordinados mais velhos pode ser um problema no ambiente de trabalho

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(Foto: Bigstock/)

A experiência de um funcionário mais velho que trabalha para um chefe jovem tem tanto apelo que Hollywood fez um filme sobre isso. Lembram do olhar incrédulo de Dennis Quaid sobre o jovem Topher Grace no filme de 2004 “Em boa companhia”, quando o executivo de meia idade descobre seu novo chefe em pé em seu escritório? “Quantos anos você tem?”, perguntava o personagem de Quaid, chocado.

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Mas acontece que esse sentimento desagradável não é o único problema. Um chefe jovem dirigindo subordinados mais velhos pode também afetar o desempenho da companhia. Um estudo acadêmico publicado recentemente no Journal of Organizational Psychology comparou dados de 8 mil funcionários em 61 empresas alemãs e descobriu que, em companhias com chefes mais jovens gerindo empregados mais velhos, os funcionários tiveram 12% mais emoções negativas no trabalho. Ao mesmo tempo, as empresas com mais dessas emoções negativas tiveram notas piores na avaliação de seus gerentes a respeito dos resultados da organização.

O estudo é um lembrete de que, apesar de todas as vantagens do sistema meritocrático não baseado na senioridade, ele tem suas desvantagens. Livrar-se das promoções baseadas na idade ajuda a evitar o surgimento de hierarquias estáticas, libera novos talentos e reforça a performance em vez da longevidade. Mas isso também gera uma dinâmica entre colegas que não é somente desconfortável para alguns, mas também pode ser prejudicial para a produtividade se não for bem gerida.

O sentimento estranho de ter um chefe que poderia ser um amigo do seu filho é um fenômeno que os psicólogos chamam de “estado de incongruência”. “Ele contradiz as normas comuns de carreira e status”, diz Florian Kunze, coautor do trabalho e professor da Universidade de Kostanz, na Alemanha. Esse estado libera sentimentos negativos, particularmente entre os trabalhadores mais velhos e “esses sentimentos podem também se espalhar por toda a companhia, para empregados que não são parte direta no relacionamento”, disse.

“Estagnação”

Atrapalha bastante o fato de que as pessoas trabalhando para um chefe jovem são lembradas dessas incongruências todos os dias – e pela pessoa responsável por sua sobrevivência. “Quando têm de encarar a supervisão de uma pessoa mais jovem, funcionários mais velhos são forçados a reconhecer sua falta de progresso”, explica Kunze. “Ao trabalhar todos os dias com um supervisor mais novo, os subordinados mais velhos são lembrados constantemente que falharam em manter o ritmo de crescimento.”

Se as pessoas eliminam esses sentimentos negativos e os mantêm para si mesmas, o resultado pode ser melhor. Essa é outra conclusão do estudo. O efeito sobre a performance da empresa foi neutralizado nos ambientes onde os empregados disseram que a cultura estimulava as pessoa a manterem as emoções sob controle.

É claro que um local de trabalho onde as pessoas sentem que precisam suprimir suas emoções não é uma grande solução de longo prazo – mas o retorno para um sistema de promoção por senioridade também não é. É por isso que Kunze e seus colegas sugerem que os gerentes invistam em treinamento, sejam mais sensíveis a esses relacionamentos desconfortáveis e lidem com os sentimentos dos funcionários a respeito dessas questões com mais frequência para agir a qualquer sinal de problema.

“Pesquisas recentes mostram que gerentes jovens são mais bem-sucedidos nessas situações se eles criam um distanciamento profissional com o subordinado mais velho, dando autonomia e metas claras”, diz Kunze.

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