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Movimento Empresa Livre: grupo mistura ideias de economia colaborativa e holocracia | Divulgação/
Movimento Empresa Livre: grupo mistura ideias de economia colaborativa e holocracia| Foto: Divulgação/

Na teoria, a proposta é simples: uma empresa 100% horizontal, sem chefes, sem acionistas. Um grupo de pessoas com diferentes habilidades que trabalham no mesmo projeto e recebem o mesmo salário. Esse é o ideal do movimento Empresa Livre, iniciado na metade de 2015 por Gustavo Tanaka. Na prática, o modelo é polêmico e gera dúvidas sobre sua organização e garantia de resultados, principalmente para quem está habituado ao padrão tradicional de negócios.

Antes de lançar a Empresa Livre, Tanaka já atuava no modelo tradicional há nove anos. Durante esse tempo, percebeu o que o formato padrão de negócios tinha de positivo e o que podia ser adaptado para algumas empresas. Na tentativa de colocar outro projeto no mercado, acabou desenvolvendo uma nova ideia de organização. Ao invés de investir num time, rodar o produto e então apresentar aos investidores, ele chamou um grupo de pessoas para trabalhar como donos do negócio, desde a concepção até a divisão de lucros.

Os convidados eram da área da programação, design, film making e administração. O empreendedor conta que as pessoas queriam, através do seu trabalho, apoiar a ideia de negócio e o movimento Empresa Livre. “Eu vi que esse modelo, que poderia ser utópico, tinha ressonância em muita gente. Juntamos pessoas que acreditavam na horizontalidade e disso surgiu um movimento que era muito maior que uma ideia de negócio.”

O grupo lançou três startups em São Paulo - 101Chefs, Academia da Natureza e Personal Brasil – para conectar especialistas a quem quisesse ter noções de gastronomia, nutrição, saúde física e natureza. Para administrar os três projetos, foi criada uma holding, a Baobba. Depois, mais uma iniciativa entrou para o grupo, o Quintal de Trocas - portal onde os pais trocam entre si os brinquedos que os filhos não usam mais por outros que eles queiram no momento.

Como funciona

Cada projeto tem um estilo de liderança orgânica e rotativa, que depende do perfil e do momento de cada empresa, explica Tanaka. “Se tem alguém com mais conhecimento sobre aquela área, é essa pessoa que vamos respeitar e seguir. No Quintal de Trocas, por exemplo, estamos trabalhando uma nova plataforma, então quem está liderando é o programador, porque a gente confia na decisão dele.” A divisão de lucros também não segue nenhuma hierarquia. Eles são distribuídos em valores iguais, entre todos os membros do projeto, a partir do resultado gerado.

Para que essa dinâmica funcione, é importante que a equipe esteja alinhada com o propósito do Movimento. Cada novo membro é aprovado pela equipe que já atua nos projetos. O acordo é de que todos trabalhem em colaboração, com a liberdade de escolher como vão se envolver com o projeto, mas com a responsabilidade de fazer a ideia sair do papel.

Tendência

A ideia do movimento Empresa Livre é fomentada por conceitos da economia colaborativa e holocracia, que sugerem um trabalho sem lideranças específicas, mas com círculos de pessoas que desempenham certos papéis na empresa. Nesse último exemplo as lideranças também são rotativas.

Para Paulo Cruz Filho, coordenador da pós-graduação em Empreendedorismo e Negócios Sociais da FAE, esse novo modelo é consequência das mesmas ideias que originaram as redes de negócio e os coworkings. “Isso foi surgindo com as startups, empresas menores e mais flexíveis, que não precisavam daquela burocracia toda. Essas organizações associativas trouxeram inovação para estruturas menores”, analisa.

Para o especialista, o desafio de quem busca novas ideias é organizá-las para descobrir como replicar o conhecimento adquirido em grupo, uma vez que alguém terá que assumir a responsabilidade pela metodologia. “A inovação tem que ser formalizada. Se o modelo é do grupo, ele tem que se estudar até onde ele pode ir, quem pode atingir e de que maneira vai ser replicado. Pode ser que outras empresas queiram usar dessa metodologia e isso pode gerar conflitos.”

Cruz Filho afirma que a os novos conceitos de gestão podem ser uma boa saída para empresas tradicionais que buscam alternativas na geração de lucro e impacto para a organização e a comunidade. O professor pondera, porém, que para algumas organizações, o movimento Empresa Livre pode ser difícil de ser aplicado, pois é muito volátil.

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