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Ser feliz no trabalho não só é algo possível como também um processo necessário, segundo apontam os resultados do estudo do professor Sigmar Malvezzi, da Fundação Dom Cabral (FDC), sobre o assunto. Essa é uma relação que vem sendo estudada no mundo há muito tempo, pelo menos três milênios, segundo o professor, mas que ganha mais força nos últimos anos com o surgimento de índices para medir a felicidade de trabalhadores ou habitantes de uma cidade.

A necessidade de ser feliz no trabalho parte dos pressupostos de que ela é a principal busca do ser humano e que a empresa é um microcosmo da sociedade, portanto, são duas coisas que não podem — e nem devem — ser separadas. De acordo com Malvezzi, “ser feliz é muito mais amplo, é uma questão existencial, mas é justamente por isso que está significativamente relacionada ao trabalho.”

Segundo o professor, nessa relação não é possível dizer se é “a felicidade que causa o bom trabalho ou um bom trabalho é o que traz felicidade”, mas sim que as duas coisas ocorrem ao mesmo tempo, “elas se interinfluenciam e, por isso, não podem ser separadas”. De acordo com Malvezzi, o que se sabe é que trabalho tem papel fundamental nessa dinâmica, já que é um dos principais meios de integração de pessoas, caminho essencial para ser feliz.

“Há ainda o fato de que o trabalho satisfaz três grandes necessidades humanas: sobrevivência, realização e cooperação”, explica o professor. Segundo ele, satisfazer essas necessidades reforça esse importante papel de integração.

Trabalhador feliz produz mais?

De acordo com as pesquisas realizadas por Malvezzi, não há dúvidas de que as duas coisas estão diretamente relacionadas. “Segundo a psicologia, a produtividade é uma união entre habilidade, padrão de qualidade e motivação. Por isso é importante ser feliz com o que faz, se você está motivado produz mais”, resume o professor.

É pensando nessa motivação e no aumento da produtividade que as empresas têm se preocupado cada vez mais com a felicidade no ambiente de trabalho. Como explica Malvezzi, o papel delas é exercido pelos setores de gestão de pessoas. “São eles quem podem contribuir muito com isso, pois podem ajudar quem está infeliz a dar um sentido para aquela atividade que está exercendo, pois quando a sua atividade tem sentido você se sente mais motivado”, garante.

Na prática esse movimento pode ser visto no Sicoob Metropolitano, em Maringá, que desde 2014 implantou o índice de Felicidade Interna do Corporativismo (FIC). A intenção da pesquisa é tornar o trabalho um ambiente cada vez mais feliz e contribuir não só para aumentar a produtividade, mas também para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores.

De acordo com a cooperativa, os resultados do FIC são excelentes, já que a partir dele que práticas que eram consideradas ruins foram e deixavam trabalhadores infelizes foram modificadas. Por exemplo, foram criados clubes de corrida, bicicleta e futsal, além de coral e outras ações que impactam na saúde e bem estar das pessoas, setores que antes se encontravam em baixa no FIC.

Apesar de ações como essa estarem se tornando cada vez mais comuns, Malvezzi alerta que felicidade é algo muito subjetivo, portanto, quase impossível ser traduzido em números. “O que eu aconselho é tentar ver com o funcionário se ele é mais feliz hoje do que era três anos atrás e se, passado outros três anos, ele acredita que será mais feliz do que é hoje. Essa é uma boa fórmula de avaliar — e não medir — a felicidade no momento”, detalha o professor.

Dinheiro traz felicidade?

Essa também é uma preocupação apontada por quem estuda as relações entre o trabalho e o quanto se é feliz. Segundo a pesquisa do professor da FDC, o salário recebido não é um elemento essencial para a felicidade, mas sim algo que facilita outros fatores importantes.

De acordo com Malvezzi, boa parte dos trabalhadores apontaram “moradia” e “acesso a bens materiais, sociais e culturais” como elementos externos essenciais para a felicidade e, portanto, um bom salário está diretamente relacionado a isso.

Nas mesma linha, outras pesquisas sobre psicologia comportamental apontam uma relação ainda mais direta entre dinheiro e felicidade, mas dizem que não é o valor do salário que importa e sim o que é feito com ele.

Há ainda pesquisas como a do Nobel de Economia Daniel Kahneman e Angus Deaton que demonstram que apesar de positiva essa relação tem um limite. Segundo os estudiosos, a partir de certo ponto, um salário maior não garante mais felicidade. Como relatado na pesquisa, esse valor ideal gira em torno de US$ 70 mil e US$ 80 mil ao ano, depois disso, o dinheiro pouco interfere.

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